PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

Vi no úmido chão de um curral
Uma simples cabocla dando a luz,
Uma estrela no céu fazendo jus
N’uma mágica cena de natal.
Um menino, um vaqueiro e um serviçal
De joelhos fazendo uma oração.
A parteira, por dom da profissão
Dando sangue e suor, conforme escrito ,
Dá um tapa na bunda… e escuta um grito
Mais um “Cristo “ que nasce no sertão.

Lima Júnior

No Natal da criança abandonada
Não tem ceia na mesa ou panetone
Nem um copo de suco ou de danone
Pra tirar-lhes da boca uma risada.
Sua cama constrói numa calçada
Seu lençol é a folha de um papel
Sem conforto na rua dorme ao leu
E a chibata da vida dando açoite
Vejo a farsa sorrindo a meia noite
Pendurada no gorro de Noel.

Hélio Crisanto

* * *

João Bosco dos Santos glosando o mote:

Papai Noel tá devendo
Meu presente de natal.

Ele ainda não chegou
Tá vindo devagarinho
Acho que errou o caminho
Ou outra vez não lembrou
O natal que se passou
Ele agiu muito mal,
Não deixou nem sinal
Do presente estupendo
Papai Noel tá devendo
Meu presente de Natal.

São trinta e quatro natais
Que ele não aparece
Acho que de mim esquece
Pois sou pequeno demais,
Só vejo pelos jornais
Ele um velhinho legal,
Mas esse belo ideal
Ficou longe estou dizendo
Papai Noel tá devendo
Meu presente de Natal.

Cadê Noel o presente
Do filho do agricultor,
Do homem que é lavrador,
Que tem um filho inocente.
Pra o filho do penitente
Você trouxe algo legal?
Não iluda o ser mortal
A criança fica sofrendo
Papai Noel tá devendo
Meu presente de Natal.

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