ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Esta semana saí do hospital em que estava internado havia sete dias por causa de infecção oportunista causada pelo Covid -19. Sete dias preso a uma cama, deitando de lado e a pneumonia fazendo o serviço dela. Venci a doença, mas perdi um irmão para a mesma Covid, pois como todo bom brasileiro depositou a confiança em políticos que preferiram estádios de futebol a hospitais, obras para lá de duvidosas a unidades de terapia intensiva, pagar dívidas outras com dinheiro que era para estruturar ações de combate à pandemia. Mas, isso é para o povão, e o povão, nesse frigir de ovos é um mero detalhe. O que me traz aqui, magoado, sim, mas ainda brasileiro, é outro assunto, é outra fala.

Este último mês foi surreal na política, na justiça, na processualística brasileira que, de uma forma, ou de outra, como eu vinha vaticinando, tudo aquilo que eu havia dito sobre manobras para livrar a cara do Lula da condenação e habilitá-lo ao jogo político, se confirmou com uma precisão de um relógio suíço. Em um faroeste enviesado, em que o cocô da mosca do cavalo bandido zomba do mocinho, e por analogia, da sociedade, ficar com cara apatetada parece ser uma condição natural do brasileiro.

Mesmo hospitalizado vinha acompanhando toda uma jogada retórica, pedante e balofa, não do senhor Lula da Silva, mas sim daqueles que orbitam e vivem ao redor dele, como um sistema de planetas mortos. Sem vida, sem seiva, sem resquício de vida independente, sem capacidade de autocrítica. E, aí entramos por terrenos pantanosos que se ligam ao caráter das pessoas, à sua formação ética e moral dentro de uma sociedade.

Na sociedade humana, todos nós estamos sujeitos a erros, a escolhas equivocadas, a imprecisões e falsas sensações de segurança. O erro, geralmente ele é cometido em função de três fatores: a imperícia, a imprudência e a negligência. Aristóteles já dizia que o limite entre a coragem e a imprudência é o moto que leva o homem a, ou se tornar um herói, ou levar tudo a perder. Nessa ética que Aristóteles debate, o acertar é algo difícil, porém necessário, e acertar implica em minimizar a imperícia, a imprudência e a negligência.

Observando como o espectro à esquerda no cenário nacional vem se estruturando – e não somente o PT, mas todos os partidos de espectro de esquerda – que estão se debatendo para se assenhorear do legado de Lula. Legado este, diga-se de passagem, que um pai de família, com um mínimo de decência e vergonha, nem tocaria, ou se aproximaria, com um lenço tapando a boca. Esses partidos, no entanto, vão na contramão dessa história. Não somente querem esse legado, como transformá-lo em entidade de resistência e luta em uma sociedade mesmerizada e apatetada pelo deboche do cocô do cavalo do bandido.

Pensar em como políticos da esquerda tem defendido Lula da Silva, diariamente, como empresas de jornalismos abrem espaço para um sujeito que é, notoriamente ladrão, comprovadamente ladrão, abrem espaço para alguém que, em uma sociedade minimamente decente, esse senhor teria se relegado ao esquecimento eterno, à negrura da infâmia e do desprezo, evidencia uma situação que se relacionam à formação ética e moral dessa gente. E, digo, de todos os partidos que hoje defendem Lula da Silva.

Conversando com uma amiga ela me fez o mesmo questionamento: mas, afinal, o que leva pessoas inteligentes, articuladas, cultas a torcerem a verdade, a criarem mentiras escandalosamente falsas para defender aquilo que é indefensável, defender aquilo que, sob qualquer aspecto não se sustenta dois segundos, se trouxermos a verdade e a honestidade de propósitos sobre as ações políticas?

A resposta, apesar de ser impactante, é simples e de fácil compreensão. Eles, os que defendem Lula da Silva – PT, PSDB, PCdoB, PCO, PSTU, Solidariedade, entre outros partidos de esquerda, não são ingênuos, não são inocentes, não são estúpidos. São Canalhas! Isso que eles são. Canalhas! Sabem a verdade, conhecem a verdade, mas investem canalhamente na mentira para tentar defender o indefensável!

5 pensou em “NÃO SÃO!

  1. Roque, feliz por seu retorno, triste por sua perda. A morte é uma separação indigesta e a gente vai se acostumando aos poucos com a ausência.

    Já há alguns tempo eu também falei sobre esse comportamento de alguns para livrar a cara de Lula. Se fosse num país sério ele estava preso e já tinham jogado a chave fora. Aqui, o STF agiu de modo agradecido e orquestrado por Gilmar.

    Respondendo sua pergunta eu não acho que seja só canalhice. É interesse também. Os políticos se apegam a Lula porque sozinhos não se elegem. Eles precisam existe essa simbiose. Eu já disse, inclusive no JBF, que Lula era o Quincas Berro d’água da política. Levado de palanque em palanque pra tomar uma pinga.

  2. Caro Roque,

    Ficamos muito feliz com sua recuperação.

    A ressalva que faço às suas sábias palavras é que, como diz meu sábio pai (94 anos),

    NÃO DIANTA CHAMÁ-LOS DE CANALHAS! ELES SE ORGULHAM DESSA CONDIÇÃO.

  3. Roque, repito Assuero,

    Feliz volta a esse lar bertiano, onde os amigos da confraria estão sempre de braços abertos a lhe desejar o melhor.

    Fraternais saudações.

  4. Salve, salve Roque, estamos feliz com seu (duplo) retorno.

    Perder um ente querido, é como perder um pedaço da gente. Só quem já perdeu alguém próximo sabe a dor e a confusão emocional que é lidar com essa ausência. É uma mistura de dores (saudade, impotência, frustração, tristeza, solidão), a superação vem na esteira da necessidade inerente de se reconstruir para procurar fortalecer os outros que também sofrem.

    Ao mesmo tempo que sentimos alegria por sermos premiados com o filme – Roque, o retorno -, também nos entristecemos pela sua dor e seu luto. Depositamos nossas condolências!!!

    No mais, com zero preguiça, você já chega “quebrando geral” pra cima dos torcedores do caos.

    Seja sempre bem-vindo, ao seio da comunidade fubânica.que tanto o admira.

    Roque, o lutador, tá de volta!

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