ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Estive quieto esses dias, apenas vendo os debates com “especialistas” em “PN” sobre a situação do Brasil, a escalada da intolerância e a baba verde, do ódio que muitos sentem pelo Presidente da República. Não sou muito fã do presidente, não por ele, mas pela frouxidão com que ele cede às birras e caprichos dos filhos, e que, hoje, são os maiores adversários do pai. Minha quietude, porém, reside em outro lugar: o conceito de moral utilitária que foi usada por Hélio Schwartsman, em um artigo asqueroso publicado em jornal, mas que antes foi usado por Leonardo Sakamoto em publicação on line.

De acordo com Sakamoto, 57 milhões de eleitores são apenas “esgoto”, pois ele disse que, com Bolsonaro, o esgoto já sentia orgulho de si – se alguém souber a sentença ipsis litteris, por favor, agregue a este texto. Já para Schwartsman, a morte do presidente traria benefícios para o país, incitando qualquer maluco a matar o presidente. A fala, em si, não me assusta, muito menos me surpreende. O que me incomoda é ver que essa gente, que prega esse tipo de doutrina, que vê a alteridade como sendo esgoto, sempre tem seu nome acoplado aos adjetivos “progressista” e “humanista”.

Ambos – Sakamoto e Schwartsman – e eles vão negar isso, partem de uma aberração filosófica chamada de “moral utilitária”. Essa moral parte do princípio de que, um mal menor é justificável se o resultado, ou a consequência dele resultar em um benefício para muitos, ou para todos. Por esse viés de pensamento, numa situação hipotética, se alguém pudesse voltar ao passado e assassinar Adolf Hitler e Benito Mussolini, enquanto eles eram crianças, ou adolescente, esse alguém não estaria cometendo um crime, mas sim um benefício, já que a morte de dois significa a salvação de 60 milhões de outras vidas.

Particularmente, eu abomino esse tipo de tara, pois isso, nem moral é. Explico. Da mesma forma que os adeptos dessa tara sacam o argumento do assassinato de monstros históricos, também utilizam a mesma para justificar genocídios, mortes por discordância ideológica, etc. Veja. Matar Hitler e Mussolini seria moralmente justificável, pois se evitaria a morte de milhões. E, matar milhões em prol de uma ideia, também seria justificável? O corolário dessa tara diz que sim, pois se ela advoga que o bem gerado seria infinitamente superior ao mal infringido, então, não haveria problemas nessas mortes. E, a partir dessa justificativa, absolve-se monstros homicidas como Stalin, Che Guevara, Mao Tse Tung, Pol Pot, Fidel Castro, Nicolae Ceaucescu, Eric Honecher, Marechal Tito e a gangue dos Kim na Coreia do Norte, entre outros facínoras.

A moral utilitária, ou qualquer outro nome que essa tara pode ter, parte de uma banalização e conformação com a morte…. do outro. Nunca de quem a propõe. Vai diretamente contra a moral cristã. Se esta diz que a maior prova de amor que alguém pode fazer é morrer no lugar do outro – Cristo morreu no lugar do ser humano – dando a sua vida para que o outro possa viver, essa tara ideológica inverte os sinais. A prova estaria em matar o outro. O sentido profundo de quem advoga essa tara é: deixe que o outro morra, conquanto eu possa me beneficiar dessa morte e permanecer vivo.

Aristóteles, na obra Ética a Nicômacos, estabelece conceitos sobre ética e moralidade no meio da sociedade, e, surpresa, esse conceitos são absolutos. Não há espaços para a relativização da moralidade em relação à alteridade e à sociedade. Aliás, esses conceitos de absoluto da ética e da moral podem ser vistos no Código de Hamurabi sumério, no Livro dos Mortos egípcio, na Lei Mosaica – só para lembrar, os mandamentos da lei mosaica são no total de 613, e não somente dez, ta! – nos evangelhos e nas cartas paulinas. Em todos esses escritos, a moralidade se funda como um fator absoluto, sem flexibilizações, ou mesmo exceções.

Quando Sakamoto e Schwartsman, no seu progressismo de fancaria e na torpeza de seus próprios caracteres advogam a moral utilitária, chamar parte da população brasileira de “esgoto”, ou “incitar alguém a assassinar” o presidente da República , ultrapassa-se até mesmo aquele famoso ditado latino: est modus in rebus, ou, há limites nas coisas. Tanto um, quanto o outro acabam por revelar a essência de seus “progressimos” e de suas tolerâncias em seus escritos. “Sou tolerante e progressista, desde que você concorde comigo e lute pelo meu progressismo”. O contrário dessa assertiva a história do século XX já nos mostrou com exemplos que sobejam, como a moral utilitária e o progressismo são eficazes em produzir cadáveres.

Sakamoto e Schwartsman no afã de atacar, de vituperar, de destilar ódio, fizeram uma contribuição enorme que deve ser aprendida por quem defende os valores tradicionais da sociedade. Demonstraram como seus progressismos e suas taras morais, que se esconde sobre o tema de “moral utilitária” podem resultar em mortes contadas aos milhões, apenas para buscar um “bem maior” que não existe na ideologia que eles defendem.

9 pensou em “MORAL UTILITÁRIA: DE SAKAMOTO A SCHWARTSMAN

  1. Perfeito, Roque grande. As vezes o que se busca é uma firma legal de justificar atrocidades. Durante a prisão de Lulu Berro D’água, Gleisi e Lindinho incitaram desobediência civil sob o pretexto da defesa da democracia e da justiça. Né nesse contexto que você aborda.

    • Meu caro Maurício, El-akhbar, ou O Grande, na língua de Al-Kharismi. Em apenas três linhas você sintetizou o que eu disse em várias. Como sempre, receber elogios de sua pessoa, já é o mês ganho.

  2. Lembrando que o cabo Henry Tandey, do Exército Britânico, na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), entrou para a história como por ser o homem que teve a chance de matar Adolf Hitler.
    Como se ver, o diabo deve ter impedido o tiro.
    Sobre as mortes, deve-se creditar ao STF, aos governadores e aos prefeitos, já que a suprema determinou que os estados e município são os responsáveis para a condução da pandemia, ou não foi isso?

    • Caro Romildo.
      O cabo não ter atirado em Hitler, no conflito 1914-1918, não foi por obra do tinhoso, mas sim pela elevada moral absoluta do cabo. À época, o cabo Adolf Hitler estava no campo de batalha, sem arma, sem munição e sem meios de defesa. Veja o pensamento do cabo: atirar no inimigo sem ele ter meios de defesa não é justificativa de guerra. É assassinato puro e simples. Essa é a moralidade absoluta judaico-cristã. Foi essa moralidade que criou e sustenta a civilização ocidental.
      O resto é só vento quente sem direção para onde ir.

  3. Sem preguiça alguma leio, fio a pavio, seu ótimo texto. O que faço? Aplausos e nada mais…
    Depois de ler, reler e rerreler, para ver se nada me escapou, deixo a Berto um forte abraço e um muito obrigado por reunir, em um único espaço essa gente genial do JBF.
    Feito tal feito, Sancho foi conversar com quem tem asas… «Les voy a confesar que por ahí se me acercó un pajarito, otra vez se me acercó y me dijo (…) que el comandante Berto estaba feliz y lleno de amor de la lealtad de su pueblo fubânico y muy orgullosito de nosotros».

    Abraço forte do superfã, o Sancho

  4. Ilustre Roque,

    texto de rara excelência. Um verdadeiro tratado humanitário digno de toda admiração.

    Porém, ainda assim eu matava todos esses febrentos responsáveis por todas essas matanças do séc. XX.

    Se isso é anti-ético ou imoral para os padrões cristãos, se isso é ser um “moralista utilitário”, desde que fosse para aniquilar felas das putas do calibre de Mao, Pol Pot, Stalin, Hitler ou Mussolini, eu carregaria essa mácula na alma com todo o prazer.

  5. Excelente texto, Roque.

    Moral zero da dupla. Mas, muitos outros, iguais, assinariam chancelariam embaixo e bem sabemos disso.

    Também se coaduna com o dito popular de “Quem muito julga, muito esconde. Quem muito condena, quer tirar de foco seus erros e apontar o dedo para os erros dos outros. A quantidade de pedras que você tem na mão, é proporcional ao tamanho da máscara que você usa”.

    O “Decálogo de Lênin”, falsamente atribuída ao soviético, embora apócrifo, cai como uma luva nos discursos da esquerda e no comportamento de toda mídia lixo, principalmente a parte que decanta “Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”

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