XICO COM X, BIZERRA COM I

A cada dia vou ficando menos novo (adoro desse eufemismo: a gente disfarça a ideia de estar ficando mais velho) e aprendendo o que vale e o que não vale a pena. Antes, brigava por qualquer bobagem, não levava desaforo para casa. Uma ‘fechada’ no trânsito era suficiente para expulsar meu bom humor e jogar ao léu impropérios desnecessários. Hoje, quase todo desaforo eu engulo, faço de conta que não ouço ou vejo, me faço de besta, me benzo, molho o bucho por dentro com uma cerva bem gelada e sigo a vida. Para que complicar se a vida já é tão complicada? Ato consciente que se reforça quando espio no espelho e vejo meus cabelos brancos, devido à brincadeira de mau gosto do senhor Tempo com as tintas dos anos e os pincéis da vida. Até poucos anos eu dizia tudo o que me vinha na boca. De uns tempos para cá, quem se senta ao meu lado jamais ouve um desaforo meu. Ao contrário: calo, faço o sinal da cruz em silêncio, e assim benzido, vou em frente, alegre e sorridente, respeitando o tempo e sua pressa. E para não perder o costume, enxáguo o bucho, já molhado por dentro, com outra cerva, mais gelada que a primeira. Que a vida é curta e só vale a pena o que é bom. Vivo e aprendo com os sábios. Desaprendo tudo que não vale a pena.

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4 pensou em “MOLHANDO O BUCHO POR DENTRO

  1. “Desaprendo tudo que não vale a pena”. Já eu: Trato com carinho e procuro me desvencilhar o máximo que posso quando pressinto daquilo que pode me causar mau estar.

    Dizia o sábio meu pai: “Quando lhe provocarem, nunca faça feito algum idiota: reagir!” A toda ação, vem uma reação, se você não pensar na vida, na sua beleza, nos filhos, netos, irmãos.

    “A gente é pra brilhar e não pra morrer de tédio” – diz o mestre de Santo Amaro da Purificação.

    Linda reflexão, Mestre Xico! O bom da vida é ler essas coisas geniais que o mestre escreve!

  2. Se bem que tem umas que é preciso muita força de vontade para ‘engolir seco’. Mas melhor mesmo é engolir molhando o bucho por dentro. rsrsrsrs Abraço, Cícero.

    • Concordo com o Mestre que existem certas coisas absurdas que não dá para engolir, mas eu aprendi ser mais sereno do que o próprio absurdo!

      A vida nos ensina diariamente a ser sereno, sem engolir sapo!

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