ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

“O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.”

“O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.”

“Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.”

“O menino, voltando do colégio, perguntou à mãe:

– Mamãe, por que é que pagam ordenado à professora, se somos nós que fazemos os deveres?”

“Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.”

“O trabalho nobilita o homem, mas depois que o homem se sente nobre, não quer mais trabalhar.”

“Quando o queijo e a goiabada se encontram na mesa do pobre, devemos suspeitar dos três: do queijo, da goiabada e do pobre.”

“O meu amor e eu nascemos um para o outro, agora só falta quem nos apresente.”

“Quem não tem calos é um desgraçado que desconhece o prazer de tirar os sapatos ao chegar em casa.”

“A guerra é uma coisa tão absurda e incompreensível que, quando se registra um combate de amplas proporções, até as baixas são altas.”

“Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar nossas dívidas com o tempo.”

“O mais lastimável erro que pode cometer um médido recém-formado é o de curar um milionário na segunda visita.”

“A vida pública é, na verdade, a continuação da privada.”

“Um bom jornalista é o sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.”

“A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.”

“As crianças atingem aos 7 anos a idade da razão. Depois disso, começam a praticar todo tipo de loucura, até o juízo final.”

“Há heróis de dois tipos: os que a pátria chora porque morreram e os que a pátria chora porque não morreram.”

“Orçamento é uma conta que se faz para saber como aplicar o dinheiro que já se gastou.”

“Se você tem dívida, não se preocupe, porque as preocupações não pagam as dívidas. Nesse caso, o melhor é deixar que o credor se preocupe por você.”

“Os homens são sempre sinceros. O que acontece, porém, é que ás vezes trocam de sinceridade.”

* * *

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly e pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé (1895 – 1971), era gaúcho da cidade do Rio Grande. Ele foi jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso, e já era conhecido quando veio para o Rio de Janeiro fazer parte do jornal “O Globo”, e depois de “A Manhã”, de Mário Rodrigues (pai de Nélson Rodrigues), um temido e desabusado panfletário. Logo depois lançou um jornal autônomo, com o nome de “A Manha”, que viria a se tornar o maior e mais popular jornal de humor da história do Brasil.

7 pensou em “MÁXIMAS E MÍNIMAS DO BARÃO DE ITARARÉ

  1. Fazia muito tempo que não lia uma citação do pioneiro do humorismo político brasileiro: Barão de Itararé (1895 – 1971). Aparício Torelly foi autor de crônicas, contos e máximas que ironizaram a política e os costumes dos anos da República Velha, de Getúlio Vargas e do início do governo de Juscelino Kubitschek, a maioria publicada no jornal “A Manha”, fundado por ele em 1926, e ainda em outros veículos da época. A figura do Barão de Itararé foi criada pelo jornalista em meio aos acontecimentos da Revolução de 1930. Aparício Torelly era o próprio Barão de Itararé em seu cotidiano, fazendo da sua vida um ato de paródia e ironia da realidade, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele propositadamente fazia com que se confundissem a pessoa e o personagem, história e ficção. O artigo presta uma homenagem a esse inteligente jornalista tão pouco citado na atualidade, embora suas máximas e mínimas estão dentro do contexto da nossa política contemporânea.

    • Messias,

      Grato por seu caprichado comentário com observações importantes sobre a habilidade verbal do Barão de Itararé. Ele era um mestre em dizer tudo com graça e ironia. Admite-se que muitas das frases que criou e divulgou entraram para o folclore político nacional e para nossa tradição verbal, sendo até atribuídas a outras pessoas, ou mesmo aproveitadas por oportunistas.
      Aproveito esse espaço democrático do Jornal da Besta Fubana para compartilhar três máximas desse nosso gênio do humor político brasilleiro:

      1) “Quem empresta, adeus”

      2) “Nunca desista de seu sonho. Se ele acabou numa padaria, procure em outra.”

      3) Esse mundo é redondo, mas está ficando chato”

      Saudações fraternas,

      Aristeu

  2. Considerado um dos mais importantes nomes da imprensa nacional de humor, o jornalista gaúcho Aparício Torelly (1895-1971) ganhou notoriedade escrevendo sob o pseudônimo de Barão de Itararé. O cartunista Jaguar, um dos criadores do célebre semanário “O Pasquim”, jornal que foi bastante influenciado pelo Barão de Itararé, descrevendo-o com a seguinte frase: “Seu estilo escrachado e moleque, marcado pela crítica política, transformou-o em um ídolo popular de sua época, um verdadeiro gênio do humor”. O Barão de Itararé (1895-1971) merece ter a obra revisitada por ser inegável seu protoganismo no humorismo político brasileiro.

  3. Vitorino,

    Muito obrigado por seu ótimo comentário. Gostei demais da conta da descrição do cartunista Jaguar sobre o Barão de Itararé (1895-1971). Não faltam nomes de prestígio da inteligência nacional que reconheceram no jornalista gaúcho Aparício Torelly (1895-1971) uma das maiores expressões do humor no Brasil. “O que foi feito antes terá sido preparatório do advento de Torelly, e o que se seguiu busca a altura que ele atingiu”, afirmou o filólogo e dicionarista Antônio Houaiss (1915-99) em seu prefácio para o livro As Duas Vidas de Aparício Torelly, o Barão de Itararé.
    Compartilho três máximas e mínimas desse magnifico jornalista e humorista gaúcho com o prezado amigo:

    1) “O uísque é uma cachaça metida a besta.”

    2) “Devo tanto que, se eu chamar alguém de ‘meu bem’, o banco toma!”

    3) “Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.”

    Saudações fraternas,

    Aristeu

  4. Parabéns, Aristeu, pela excelente postagem, “MÁXIMAS E MÍNIMAS DO BARÃO DE ITARARÉ”.
    Esse famoso jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro, marcou época e suas máximas e mínimas são famosas.

    Destaco:

    “O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.”

    “O meu amor e eu nascemos um para o outro, agora só falta quem nos apresente.”

    Parabéns, também, pelo seu aniversário natalício! Muitos anos de vida, saúde e Paz!

    Violante Pimentel

  5. Violante,

    Grato por seu notável comentário com observações importantes sobre Apparício Torelly , o Barão de Itararé (1895 – 1971) que é considerado um dos criadores do jornalismo alternativo no país e um dos pais do humorismo brasileiro. Crítico dos que estavam no poder, foi preso várias vezes mas nunca perdeu o seu humor. Até em seu próprio pseudônimo ele fez graça: afinal, Itararé é o nome da batalha que não houve entre a oligarquia e as forças vitoriosas na revolução de 1930.

    Quanto ao meu aniversário, acho que houve um engano; entretanto fico feliz em receber seus cumprimentos (aniversario em 12 de abril). Acredito que depois de uma certa idade, a alegria em acordar já constitui um aniversário, principalmente, nesses tempos de pandemia.
    Retribuo a gentileza do seu excelente texto compartilhando três frases do inteligente e bem-humorado Barão de Itararé (1895 – 1971):

    1) “(A dança) é uma arte que consiste em tirar depressa o pé antes que o outro ponha o seu em cima”

    2) “Há mudos tão inteligentes que nem querem aprender a falar”

    3) “Os bancos das praças estão sempre ocupados por desocupados”

    Desejo uma semana plena de paz, saúde e alegria

    Aristeu

  6. Obrigada, Aristeu, por compartilhar comigo estas três excelentes frases, do Barão de Itararé. Gostei imensamente.
    Quanto ao seu aniversário, li no grupo do whatsapp. rsrs

    Muita saúde e Paz!

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