CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

A fixação da mídia em Bolsonaro não pode servir de pretexto para jogar no ralo do esquecimento os escândalos do PT

Só não enxerga o clima tenso e mal cheiroso que envolve a política brasileira quem não quer. Salta aos olhos o desespero do establishment que – apesar do seu extraordinário poderio financeiro, da sua descomunal máquina de destroçar reputações e da ação nefanda da canalha que comanda a política brasileira na busca tresloucada do impeachment do presidente Bolsonaro -, não consegue avançar na guerra que trava contra um único adversário. Um mero ex-capitão do Exército tem impingido seguidos reveses ao mecanismo.

Diante dessa realidade, é natural que as atenções estejam todas voltadas para essa reedição histórica de Davi e Golias. Por isso eu resolvi mudar o foco dos meus comentários e me dedicar à tarefa de não deixar que as falcatruas do PT enquanto governou o Brasil caiam no esquecimento, rememorando os acontecimentos mais impactantes daquele lapso temporal que ainda assombra a maioria dos brasileiros. Lembremos, então, entre tantos outros episódios lamentáveis, do malfadado convênio com a OPAS, que resultou na importação de milhares de médicos cubanos.

Ao longo dos mais de treze anos que esteve no poder, o PT nos proporcionou a oportunidade ímpar de testemunharmos a introdução de sua propalada democracia redentorista, tese defendida desde a sua fundação e que acelerou seu desembarque na presidência da República. Com o objetivo alcançado, durante todo o tempo que esteve no comando da Nação quis nos impor a democracia dele, parida no solo árido da egolatria e consubstanciada no desmesurado apego ao poder.

Determinado a se consolidar como latifundiário supremo da política nacional, seu governo exercitou um perverso e seletivo modelo de defesa dos direitos humanos, indignando-se apenas quando os direitos ultrajados dos humanos ocorriam em hostes inimigas. Quando os excessos aconteciam nos seus quintais ou nos de seus aliados, dentro ou fora do Brasil, dava às costas aos direitos e não conseguia definir como humanas as pessoas que padeciam sob a violência de governos autoritários e ferozes.

Buscando a qualquer custo uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, jamais demonstrou o menor vestígio de pudor ao bajular ditaduras cruéis e andar de braços dados com governos corruptos e autoritários. Perfeitamente à vontade, visitou os porões da inconsequência ao tramar a suspensão do Paraguai dos quadros do Mercosul para substituí-lo pela Venezuela, parceira de desmandos e desvarios. Na visão vesga de um seu ex-ministro das Relações Exteriores, a Venezuela era só um tipo diferente de democracia. Incontinente, a sociedade o fez saber que para os brasileiros de bem, qualquer tipo de democracia diferente é a versão mais ordinária de ditaduras iguais, exercido apenas por democratas de fachada e aplaudido somente por lacaios disponíveis.

Coerente com o seu ideário, sempre defendeu com veemência a pureza democrática de Fidel Castro, um dos mais truculentos ditadores da história recente da América Latina e mostrou-se confortável, também, ao patrocinar uma das páginas mais desprezíveis da política internacional brasileira qualificando o ativista Orlando Zapata Tamayo, que morreu em decorrência da greve de fome em protesto à tirania da família Castro, como um bandido comum. Mostrou a dimensão de sua cumplicidade ao calar-se sobre a investida descaradamente absolutista de Cristina Kirchner contra a imprensa e o Judiciário argentinos.

Definitivamente, a prudência manda que jamais subestimemos a capacidade de acanalhar-se do PT. Determinado em consolidar sua viagem rumo ao centro do absolutismo irrevogável, mergulhou de vez nas águas revoltas da irresponsabilidade. Premido pelos resultados das pesquisas eleitorais que já não mais se mostravam amigas como antes, se deu conta da excepcional incompetência de seus gestores em oferecer um serviço de saúde digno aos brasileiros. Maquiavélico, fez o que sabe fazer de melhor: terceirizou seu fracasso escolhendo os médicos brasileiros como os vilões da vez responsabilizando-os pela retumbante ruína de sua política de saúde pública representada na espera angustiante dos pacientes por exames laboratoriais que degrada, no calvário das filas nos hospitais que avilta e na perda de dezenas de milhares de leitos do SUS, em oito anos, que revolta.

A indigência moral se concretizou no lamentável convênio compactuado com o governo cubano, e acomunado com a OPAS, agilizando a importação de uma multidão de médicos para, entre outras atribuições, especulou-se, prestar atendimento às populações mais vulneráveis. É bom esclarecer que nunca tive nada contra a vinda desses profissionais. Seria até mesmo um fato corriqueiro se eles viessem motivados por decisão pessoal e soberana, se submetessem às leis do país que escolheram para fixar residência e, depois de aqui instalados, gozassem da prerrogativa da igualdade e da plenitude das liberdades individuais, ambas garantidas pela Constituição. No entanto, a legitimidade se definhou ao guardar na sua concepção o apelo eleitoreiro, trazer no seu viés a desconfiança da doutrinação ideológica e tratar seres humanos como mercadoria de propriedade do estado. Ali estancava-se a razoabilidade e manifestava-se a mais inescrupulosa forma de degradação.

Eu estaria agredindo o princípio da honestidade se não considerasse a hipótese de que esses profissionais da saúde se apresentaram voluntariamente para a missão em terras brasileiras. No entanto, a presunção do fulgor ideológico se desmantela no sequestro de suas famílias que permaneceram reféns do governo cubano como moeda de troca de sua lealdade e a garantia de que a devoção a Fidel Castro não virasse fumaça no primeiro voo para Miami. Desgraçadamente, a ditadura castrista usa essa mão de obra como fonte de divisas. Sua commodity mais valorizada é gente. Seus produtos de importação mais bem cotados no mercado internacional são pessoas. Sem o menor trauma de consciência as oferece a quem estiver disposto a comprá-las. O PT estava. E foi às compras.

Apoiar o retorno do PT ao poder é flertar com o retrocesso democrático, tornar irresponsavelmente plausível o reencontro com o caos. Os governos petistas, desde o municipal até o federal, passando pelo estadual, é óbvio, são provas cabais de que raro é o bem feito que persevere nas administrações do PT. Pouco é o que não se corrompa no contato com o petismo. Torna-se difícil até mesmo recorrer à máxima da excepcionalidade.

No democracia perseguida com obstinação pelo partido comandado com mão de ferro por Lula da Silva, a exceção é o código de regras que respeitam e o pilar de sustentação do estado que aspiram. A devoção à hegemonia é de sua natureza e está gravado em alto-relevo no seu DNA. Só acreditam na sua castidade democrática os crédulos vocacionados, os políticos cumpliciados e os oportunistas atocaiados. Ninguém além deles.

4 pensou em “MAURO PEREIRA – ITAPEVA-SP

  1. O lularápio e a dilma anta sapiens enviaram bilhões para a OPAS (bolso do Fidel Castro) além de obras vultuosas naquele país.
    É nenhuma justiça de qq corte questionou este fulminante saque ao erário brasileiro.
    Significa que nosso judiciário é todo pró pt os ladrões do país.
    Estão coniventes ontem e hoje. Sempre estiveram juntos nos delitos ao país.

  2. Um texto PERFEITO, com um fecho para adoradores de lula babarem de ódio: “Só acreditam na sua castidade democrática os crédulos vocacionados, os políticos cumpliciados e os oportunistas atocaiados. Ninguém além deles”.

    É por essas e outras que Sancho, ao retornar à casa para o descanso pós-coco, vasculha de fio a pavio este JBF onde escrevem uns cabras que sabem o que dizem…

    E lá vão nossos comentaristas, colunistas, escritores ENSINANDO jornalismo aos que arriscam dar uma olhadinha neste espaço de todos nós. Eis o JBF, a “droga” que vicia ao primeiro contato.

    Vida lona a todos os “reis do texto” que surgem diariamente por estas bandas bertianas…

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