Toda pena de amor, por mais que doa,
no próprio amor encontra recompensa.
As lágrimas que causa a indiferença,
seca-as depressa uma palavra boa.
A mão que fere, o ferro que agrilhoa,
obstáculos não são que Amor não vença.
Amor transforma em luz a treva densa;
por um sorriso Amor tudo perdoa.
Ai de quem muito amar, não sendo amado,
e, depois de sofrer tanta amargura,
pela mão que o feriu não for curado…
Noutra parte há de, em vão, buscar ventura:
– fica-lhe o coração despedaçado,
que o mal de Amor só nesse Amor tem cura.
Anna Amelia de Queiroz Carneiro de Mendonça, Rio de Janeiro, (1896-1971)