CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

Caro Luiz Berto,

Cheguei a São Paulo em 1970, vindo de São José dos Campos, interior de São Paulo.

Com todo matuto que chega no desconhecido, desci e fiquei perto da rodoviária; ficava mais fácil fugir, se nada desse certo.

Morava perto do Largo do Arouche, a rodoviária antiga era no centro da cidade, onde hoje é o principal foco da chamada “Cracolândia”.

Quem conhece São Paulo sabe as localizações.

Me aventurei pela cidade e, caminhando encontrei a Avenida Paulista da época, onde no Conjunto Nacional assisti por 3 vezes Woodstock, em um cinema onde agora funciona ou funcionava uma loja da Livraria Cultura (tantas fecharam, que não sei as que ainda existem).

Foi o filme que marcou muito minha vida!

Eram 3 horas de filmagens, com muita música e algumas poucas falas; creio que o Peninha teria inveja.

Tinha sido transferido – como membro da Aeronáutica – para a Capital, onde vim prestar serviço na área de comércio exterior, que seria minha profissão por 40 anos.

Andei de madrugada pelo Vale do Anhangabaú, pois estudava na Fundação Alvares Penteado, Avenida da Liberdade onde à época se abriam os buracos do primeiro metrô.

Nunca tive qualquer problema de segurança, embora poucos “trombadinhas” e alguns “trombadões” existissem, afinal crimes nunca deixaram de acontecer.

Tempos antigos, lembranças remotas.

Vejo, com tristeza o que ocorre com a cidade.

O chamando centro antigo, com sua arquitetura belíssima se deteriora pelo abandono, invasões ou derrubadas por esquisitices momentâneas; foi tomada pelos viciados e parece set dos zumbeis do “Walking dead”.

Tive a felicidade de conhecer outras cidades do mundo, onde se preserva, não se destrói, como aqui acontece.

O que fazer?

Assisti há pouco uma entrevista com o atual prefeito que jura de pé junto que tudo está bem e, o cidadão pode ficar confiante que conforme dados estatísticos – é assim que as autoridades respondem aos questionamentos – sua chance de não sofrer agressões, ser roubado ou morto é de ….% e, hoje existem apenas uns poucos viciados na zona cinzenta da cidade.

Infeliz é você que cai na estítica dos crimes, azar seu.

Candidato à reeleição, absurdo seria admitir o caos instalada na cidade.

E, assim vamos, afinal falo por São Paulo, mas parece que o país todo tem problemas senão maiores, bem parecidos.

Na bolha de Brasília, tudo vai bem, pelo menos para suas excelências…

Abraço

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