CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

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Tão criativo quanto o passarinho João de Barro, é o agricultor Marcos Medeiros, meu vizinho, do lugarejo Cariatá – distrito de Itabaiana PB.

Construiu uma casinha de taipa de forma inusitada.

Eis o resultado: um sobrado com um cômodo no primeiro andar, com direito a varanda em balanço, e parapeito feito de espelhos de cama.

Situado no centro do terreiro, o sobrado funciona como uma espécie de base de apoio para outros espaços: cozinha e serviço de um lado, forno de lenha e terraço na frente; improvisados em latadas, e sombreados por pés de ceriguelas botando.

O portão de entrada, saído de uma sucata, permite passagem franca e risonha, mas, o visitante tem que se baixar a um metro do chão, livrando-se da árvore torta do pé da cerca.

Arte e magia de engenheiro e arquiteto, doutor de pés no chão.

Paisagem de Interior viva.

Salve!, o roceiro Marcos de Cariatá e família.

8 pensou em “JESSIER QUIRINO – ITABAIANA-PB

  1. Arretado Jessier. Minha dúvida é a seguinte: tem escada caracol internamente? A mão protetora de Deus continua invisível…..

    • Maurício, eu acho que a escada é pelo lado de fora mesmo. Por dentro se abrir um buraco para escada caracol ou marinheiro, não sobra espaço para mais nada.

      Não houve espaço nem para porta ou janela em cima.

      É certo que onde foi feita esta casa não deve chover nada.

    • Me desculpe Maurício, mas não vejo poesia alguma no casebre retratado. Vejo miséria e uma vontade de ter uma condição melhor.

      Faltam água, e. elétrica, esgoto, comida; enfim, condições dignas de vida.

      Para mim é a paisagem da miséria, da pobreza, uma vergonha para qualquer brasileiro.

      O roceiro Marcos de Cariatá e sua família é a imagem do Brasil que não deveria mais existir.

  2. João, você não deve ser sertanejo. Você não deve ter sentido nunca o cheiro do sertão, de chuva quando molha a terra, de pássaros cantando. A miséria e existe, como existe em todo mundo. Olho pra africanos esqueléticos que estão assim porque a ajuda financeira foi parar no bolso de um presidente, de um governador, de um político qualquer, assim como estes canalhas implantaram e desenvolveram a indústria da seca que faz e fez a vida de tantos Marcos de Cariatá ser vivida nesse castelo de João de Barro. Você levou ao pé da letra minhas palavras. Os comentários foram feitos em tom de brincadeira. Ninguém está aplaudindo a severa sina de Marcos.

    • Não, Maurício, apesar de ser criado no interior e conviver com a roça, definitivamente não sou sertanejo.

      Já senti muito cheiro da terra, da chuva depois de uma estiagem e vi roça verdejando com a plantação do verão.

      Aqui a terra é quase roxa e depois da chuva, quando se sai descalço nela o pé fica vermelho durante dias, mesmo lavando com bucha.

      Não, não culpo o Marcos pela sua situação, longe disso. Vejo nele uma criatividade ao sair do lugar comum em seu casebre.

      Talvez inspirado pelo João de Barro, quando constrói um ninho sobre outro existente, Marcos fez sua cobertura, o que deve ter sentido é orgulho de sua ousadia.

      Me desculpe se não entendi sua ironia ao perguntar sobre a escada. Eu não estava em condições de entender ironias ao ver a foto.

  3. No sertão já vi piores . Mas apesar de tudo não deixa de ser belo. Cabe o ditado “a beleza está nos olhos de quem a vê”. A foto não exalta a miséria , mas enaltece o espírito criativo do autor. O crea do responsável , por favor. Cá em Mauá ,uma edificação aparentemente sólida desabou a pouco tempo. https://youtu.be/GNh7ki5uE6Y

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