CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

DELÍRIOS DE PRIMAVERA

É no transcorrer do saudável calendário primaveril, o verdor da mocidade, que os humanos mais se acometem da falta de senso. Nessa quadra florescente, transbordante de entusiasmo, é tempo de rebeldia, de arar delírios, de passos errados, de desvarios, de rédea dura, de polemizar, de loucuras impetuosas.

Essas circunstâncias, urge dizer, afligem os recatados costumes familiais, afrontam as convenções da etiqueta. Mas no breve período juvenil, em que as inquietações se extremam, não há tempo suficiente para desatinos duradouros.

Mal se expande o histórico de desregramentos surge a chefe da disciplina, a madureza. Traz em si o fármaco que faz baixar a febre das mentes fantasiosas e rebeldes; faz valer os mandamentos do seu infalível receituário.

É quando as utopias e levitações perdem força em prol do restabelecimento do equilíbrio e da serenidade. Com a febre dissipada, as palavras do mundo passam, então, a ser escutadas. Mancebos e mancebas são, finalmente, libertos dos delírios de primavera.

As condutas que se houveram mal aviadas agora são apenas lembranças ocultas nas brumas do passado. Quem era litígio para a família agora consegue se avir com ela. Nada escapa à correição do velho bedel, o tempo, “senhor de tudo”!

14 pensou em “JACOB FORTES – BRASÍLIA-DF

  1. Prezado Jacob,

    O meu caso deve ser incurável, pois “a chefe da disciplina, a madureza”, que segundo você, traz em si o fármaco que faz baixar a febre das mentes fantasiosas e rebeldes, parece que no meu caso não funcionou muito não.

  2. Muito legal conhecer esse depoimento. Os delírios que a madureza não foi capaz de corrigir fazem parte do grupo das exceções.

  3. Jacob diz:

    “Nada escapa à correição do velho bedel, o tempo, “senhor de tudo”!”

    Eu faria uma correção “Quase nada escapa….”

    É que eu conheço o Goiano. rsrsrs

    • Sim, João Francisco, tens razão, sou exceção, saí fora, há muito tempo, do idealismo direitista; tenho sido uma metamorfose ambulante; nada estático, nada conservador, prefiro ser.
      Há os que não mudam. Não é o meu caso.

      • Goiano, não vem me enganar que v. já foi de direita e se converteu à esquerda. Prefiro acreditar que é o Papai Noel disfarçado.

        Isso é algo inusitado, jamais conheci um jovem que era de direita e depois de velho foi para a esquerda.

        Metamorfose? Em uma mudança da esquerda para a extrema esquerda (ou o contrário) não há metamorfose.

        A direita não é idealista, ela é realista. Para a direita só pode haver mudança em bases sólidas, em cima do que já deu certo, aproveitando experiências do passado.

        Foi assim que se fez o progresso do Ocidente.

        • Foi assim que se fez o progresso do Ocidente não, seu doido, muito pelo contrário, mas vou dar o benefício da dúvida para tu explicares isso.
          Vais ter de mostrar como, sendo conservador, conservando, cuja palavra tem como sinônimos
          acomodado, retrógrado, bolorento, antiquado, atrazado, bolorento, quadrado, reacionário, tradicionalista…
          e como antônimos
          aberto, avançado, vanguardeiro, renovador, revolucionário, progressista, moderno e o escambau
          essa paradeira fez o progresso nosso.

          • Goiano, foi na “enciclopédia” do Google para pegar a definição de conservador?

            A Wikipedia está um pouquinho melhor:

            “O conservadorismo ou conservantismo é uma filosofia social que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura e da civilização.”

            Mas, deixando estas definições esquerdistas (alguma dúvida de que o Google é de esquerda?) pueris de lado vamos à realidade:

            Roger Scruton (filósofo conservador contemporâneo): “Ser conservador é preferir o familiar ao desconhecido, o experimentado ao não experimentado, o fato ao mistério, o real ao possível, o limitado ao ilimitado, o próximo ao distante, o suficiente ao superabundante, o conveniente ao perfeito, um presente alegre a uma felicidade utópica”.

            Tem muito mais, eu diria também que o conservador não é politicamente correto (ou eu não estaria aqui no JBF) e valoriza mais do que tudo a liberdade de pensamento, dando a todos a possibilidade de ter suas próprias convicções, mesmo aquelas em que ele, conservador, discorda totalmente.

            Meu maior exemplo de conservador no Brasil, Heráclito Fontoura Sobral Pinto, para mim o maior brasileiro que já existiu. Não por acaso este vem a ser avô do jornalista Guilherme Fiuza, provando que o que é bom vem de berço.

            Ah, atrasado é com “s” e não com “z”, até o esquerdista Google corrige isso.

            • João Francisco, eu esperava que me desses notícias de fatos que demonstrassem como, quando e onde a ideologia conservadora impulsionou o nosso progresso, mas vou me dar por satisfeito porque trazes a figura de Sobral Pinto à baila, não sem antes agradecer pela revisão do Português (Berto ainda não teve dinheiro para contratar um revisor, que, aliás, os jornais em geral dispensaram, de tal modo que não lês um, atualmente, que não venha repleto dos erros mais básicos da nossa vilipendiada língdua…).
              Ao contrário dos fanáticos, como o são os bolsonaristas fervorosos, Sobral Pinto não se deixava aprisionar por suas convicções polítias, a tal ponto que, tendo apoiado a o golpe militar de 1964, mudou de ideia, quando constatou a postura antidemocrática do novo regime.
              Os bolsonaristas conservadores conservam seu fanatismo na figura de Jair Messias Bolsonaro mesmo quando amplamente reveladas suas atitudes antidemocráticas, seu ódio à imprensa e, por tabela, à liberdade de imprensa, suas ideias fascistas, seu apoio a barbáries como a tortura, seu temperamento belicoso e machista, seu pensamento tortuoso na condução de políticas nacionais ambientais e contra a epidemia que nos assola e tantas outras barbaridades.
              Aproveito para dá-lo, a Heráclito Fontoura Sobral Pinto, como exemplo de advogado e de advocacia: mesmo sendo católico fervoroso anticomunista, defendeu com vigor os direitos humanos, que Jairs Messias Bolsonaro e seus seguidores desprezam, e foi advogado de Luiz Carlos Prestes! Sobre ele, há muito o que falar – em sentido muito contrário às maluquices do nosso atual governante, cujas as quais ele certamente condenaria se aqui estivesse, embora pudesse aceitar ser seu defensormperante algum tribunal em que fosse réu, contrariando as convicções de Adônis e de outras perssonalidades fubânicas quanto à profissão e à missão da advocacia e dos advogados.

              • Goiano, fico feliz que comungamos os mesmos sentimentos em relação ao Dr. Sobral Pinto.

                você disse muita coisa sobre ele, porém não reconheceu que ele era um conservador de direita.

                Mas tudo bem, aí seria demais.

                Quanto à opinião que ele teria sobre o atual governo, é difícil dizer, porque teríamos que adivinhar; mas acho que seu neto Guilherme Fiuza não o envergonharia.

                Já disse aqui ao nosso querido Berto e repito:

                – Um fruto não cai longe das árvores que o geraram. (no caso, mãe e avô).

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