CUIDADO COM A CLAUSTROFOBIA
Um amigo, e vizinho, natural de São João Evangelista, MG, evidentemente cumprindo pena de reclusão conventual, fez-me saber do seu inabalável propósito de requerer ao Governo um par de tornozeleiras eletrônicas. A providencia, esclareceu, permitiria cumprir a clausura no recesso da sua fazenda, lá no seu chão natalício, evitando assim que incorra em deserção, venha figurar no rol foragidos.
É que esse amigo veio ao mundo acometido de claustrofobia incurável, razão pela qual reprova a detenção de qualquer vivente, ainda que provisória e em domicílio.
Quando rapaz, sua mãe, para vê-lo doutor, o colocou num educandário na cidade de Belo Horizonte, sob o regime de internato. Porém, já que era claustrofóbico, e encorajado pelo incentivo de uma viola, optou por pernoitar fora do educandário durante todo o ano letivo, circunstancia que lhe rendeu a fama de gazeteiro.
O diploma de doutor que tem hoje deveu-se a ação de uma açoiteira que a senhora sua mãe usava na fazenda para tocar a montaria. Não fosse isso seu diploma hoje seria o de boêmio.
Cuidado, ambientes fechados não matam, mas podem deixar sequelas.