MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Um dos problemas do governo tem sido a alta de preços. A inflação beira os 8% ao ano e como estamos no início do quarto trimestre, pode ser que esta taxa seja maior, atingido algo acima de 10%. No “atacado” pode até ser digerido, mas no “varejo” os aumentos individuais dos produtos pensam bastante e dentre eles está o combustível. Tem sido complicado pagar mais de R$ 6,00 por um litro de gasolina, pagar R$ 4,89 por um litro de óleo diesel e R$ 5,19 por um litro de álcool. O interessante é que álcool não tem nenhuma relação com gasolina e por isso não se concebe essa prática por parte da Petrobras.

Recentemente, o governo autorizou a venda de etanol diretamente das usinas para os postos, fato que se ocorresse um litro seria vendido por algo da ordem de R$ 2,00 e considerando lucro e impostos, o preço para o consumidor deveria ficar entre R$ 2,50 e R$ 3,00. Embora exista um decreto autorizando, nenhum posto fez qualquer compra direta. Eu resolvi perguntar nos postos que abasteço e nas estradas por onde ando e o curioso é que recebi a mesma resposta: “O posto tem um contrato com a Petrobras”. Vejam bem: postos diferentes em lugares diferentes, inclusive em rodovias, ter a mesma resposta? Ah!, meu caro, não tenta me fazer de burro não, que eu não suporto!

Por trás dessa sutil resposta deve ter uma forte presença do sindicato, por exemplo, ou de interesses maiores, interesses daquele time do “quanto pior melhor”. Enquanto o preço do combustível perambular na casa dos R$ 6,00 haverá críticas contundentes contra o governo, embora todas essas pessoas que criticam o preço do combustível nesse patamar, simplesmente se calam diante não vigência do decreto de compra direta do álcool das usinas. Para o posto, parece conveniente. Importa se o preço for R$ 5,19 porque a margem de lucro é calculada sobre um valor maior, então, a manutenção dos lucros justifica, tranquilamente fazer vistas grossas.

Em adição vem a questão dos impostos. O ICMS sobre combustível varia entre 25% e 34%. Aqui em Pernambuco é 29%. Pegue um posto que vende, por exemplo, 80 mil litros por mês. A receita desse posto seria R$ 80.000 litros/mês x 5,19/litros= R$ 415.200,00/mês e R$ 120.408,00 representa ICMS. Pegue esse valor é multiplique pelo número de posto em Pernambuco e aí você terá ideia do que estou falando sobre ICMS.

Para se ter uma ideia da dimensão da dimensão de tudo isso, Pernambuco vendeu em 2019 347.993.943 litros de álcool em 2019 (peço desculpas por não ter um dado atual, mas procurei baixar o anuário estatístico de 2020 da ANP, no entanto, não consegui. A página não está disponível. Final de semana parece que os dados públicos entram em recesso. Deveriam contratar Chupicleide que não tem choro nem vela, não sabe o que é feriado, final de semana, etc.). Numa conta simples: 162 postos pesquisados em Pernambuco, o preço médio do etanol hidratado é R$ 5,35 (o valor máximo de R$ 5,75 foi encontrado em Araripina e Arcoverde. O mínimo, R$ 5,30 em Serra Talhada). Agora, pegue 29% de ICMS sobre R$ 5,75, ou seja, R$ 1,67. Multiplique isso pela quantidade de litros vendidos e, com dados de 2019, você vai encontrar R$ 580.279.899,95 só com a venda de etanol.

Tem uma coisa interessante com ICMS. O vendedor não paga, recolhe. Quem paga somos nós. Ontem dando aula sobre sustentabilidade econômica e financeira de uma atividade econômica, falei sobre o ICMS aqui em Pernambuco que é 17%. Então, perguntei: se um vendedor compra um produto por R$ 100,00 e vai acrescentar o ICMS, qual o preço que deveria praticar? A resposta é imediata: R$ 117,00. Acrescenta R$ 17,00 ao custo contábil. Daí, pedi que eles calculassem os 17% sobre esse preço de venda e eles encontraram R$ 19,89. Logo, se o vendedor praticasse esse preço, ao recolher o ICMS ele perderia dinheiro, (117-19,89=97,11). Daí, o preço de venda seria R$ 120,48.

Volto a dizer: o mais estranho em tudo isso é o silêncio da esquerda. Ninguém se prontifica a pensar no consumidor. Na verdade eles estão fazendo uso político disso, jogando a culpa no governo quando cada estado tem uma responsabilidade muito grande. O governador do Rio Grande do Sul reduziu o ICMS sobre combustível em 5 pontos percentuais. Foi criticado pelos demais oposicionistas. É para deixar a situação no pior quadro possível e a população que se dane.

18 pensou em “INSENSATEZ

  1. Diz o caro Maurício: “o mais estranho em tudo isso é o silêncio da esquerda”.

    Eu não estranho nada. A esquerda gosta de impostos. Especialmente daquele que sai do bolso da classe média pensante (o imposto dos combustíveis).

    Lulla, quando estava no poder dizia que ainda pagávamos poucos impostos.

    Só os conservadores liberais querem reduzir a carga de impostos. Sabe qual seria o resultado? Aumento de riqueza na classe média empreendedora e pensante e consequentemente para todos da cadeia produtiva do país.

      • Caro Maurício, para aumentar a riqueza precisa ter mérito, talento, competência, risco e trabalho, aí fica difícil para a esquerda, pois estas palavras não fazem parte do dicionário do socialista.

  2. 1º – Parabéns pela Excelente Publicação!
    2º – O Senhor levantou dados que não devem ser mostrados, digamos… a luz da razão.
    3º – O sistema, o establishment, ou seja lá a denominação que queiram dar, está fortemente entranhado na persecução de um objetivo escuso maior… “É para deixar a situação no pior quadro possível e a população que se dane.”
    – Lembro de um episódio quando trocava idéias com um amigo estudante de direito, sobre o custo de vida etc e tal, imposto disso e daquilo.
    Até que ele pediu que repetisse várias vezes a palavra imposto… onde finalizou dizendo, eu meio sem entender: “IMPOSTO!!!” Imposto é um ato de imposição do estado sobre o contribuinte. Ponto Final!

  3. A diferença DAQUILO QUE NÃO é bom… com , COM “L” OU COM “U”

    MAUrício,

    Não posso ver preço de combustível que já me coça o bolso, a carteira e começa a temporada de pesadelos com o frete…

    Quanta MALdade… Escancaras o método daquele time do “quanto pior melhor”… Ah! insensato coração. Porque me fizeste sofrer. Porque de amor para entender. É preciso amar, porque…IMPOSTO, IMPOR… PHODDER COM O CONTRIBUINTE é quase amor…

    Falando em IMPOSTO, faço aqui minha declaração de renda: IMPOSTO de renda, EU TE ODEIO!!!

    Ah, o Assuero só é MAU no nome, pois o cabra é ótimo.

    Valeu, MauRÍCIO!!!!

  4. Parodiando um grande amigo nosso : Pois é ……………………
    O sujeito vai abastecer . Paga o que está na bomba . Aí ele lembra do que Assuero está escrevendo : ” o governo ……………………………….. diretamente das usinas para os postos”.
    Quantos postos estão fazendo isto ? . A resposta está mais adiante : um contrato com a distribuidora. E nada mais se faz , a não ser cobrar do consumidor . E quanto maior o preço , maior o lucro ( o que é ótimo para donos de postos ). Só não entendo porque apesar do lucro colocam solventes e água .
    Economia de mercado ,como disse certa vez nosso ministro da economia ( aqui do jornal ) . Ainda estou engasgado com o que ele escreveu, foi simplista demais porque sei que não é simplório. Então vamos ser simplistas também .
    Vamos ver o preço do combustível na concorrência . Você compra um carro em Pernambuco e vai abastecer no Rio Grande do Sul.
    Talvez uma tomada em casa ou outro meio físico-químico qualquer reduza estes postos a revendedores de coco das fazendas litorâneas do Sancho.
    E sabemos que não é só nos combustíveis , é em tudo pois a economia está muito atrelada aos recursos fósseis do subsolo . Será bom um aperfeiçoamento na transformação da energia eólica e solar para gerações futuras, já que Graças a Deus , não fomos abençoados como a Islândia ( é que seria um problema a mais ) .

    • Dr Honoris Coco, show de bola. A irresponsabilidade das gestões estaduais não permitem, em tese, que se fale em redução de ICMS. Agora, se não tivesse compromissos laterais sobrava dinheiro

  5. Lembrando que o pagamento do ICMS, para que não haja sonegação, é efetuado pelo regime de substituição tributária, ou seja, no início da cadeia, onde as refinarias ou usinas de álcool “substituem” os pagadores de impostos e fazem o recolhimento antecipado aos estados. Não há como perder, pois os estados é quem ditam as alíquotas. É igual passagem de ônibus: você paga antes de receber o serviço, seja ele de que qualidade for, se for batizado com solventes ou com excesso de água.

  6. Pois é Maurício…. “a economia a gente vê depois” diziam os luminares da pandemia…. Acontece que o “depois” chegou… e a conta é salgada, para qualquer lugar que a gente olhe…

    • Roque, eu vejo a ironia de alguns colegas sobre a e economia. Hoje a zona foi com a fala de Guedes. Estamos gerando emprego, mas o pessoal não quer saber.

      • Mas quem disse, meu caro Assuero, que esses canalhas querem que o país dê certo? Se eles conseguirem jogar o Brasil no abismo da fome, da depressão, do desemprego, dos saques generalizados, da guerra civil mesmo, eles – PT, PCO, PDT, Podemos, PCdoB, Cidadania, Rede, MDB, DEM, Psol, et caterva -, farão. Se for para tirar Bolsonaro, eles o farão. Essa gente está dando uma banana para o povo. Só espero que em 2022 o povão veja o que está acontecendo e extinga, pelo voto esses cânceres da vida política nacional. Uma quimioterapia do voto é mais do que necessária, se o país quiser sobreviver como nação.

  7. Os constantes e abusivos aumentos dos combustíveis, fazem a festa dos “lobistas” financeiros e provoca orgasmos múltiplos na turma do quanto pior, melhor.
    Temos acionistas e “acionistas” . Uns lucram com as cotações e rendimentos com a alta dos preços. Outros procuram lucrar em cima do desgaste e prejuízo politico eleitoral de Bolsonaro. Este é o sujo jogo.
    ..
    .

  8. Meu líder, a Petrobras se sustenta com o jogo financeiro. Precisa de grana pra investir e o mercado é o melhor ambiente pra fazer isso. Se vender álcool direto, o preço da gasolina vai cair porque ninguém é maluco, com carro flex, de comprar gasolina.

  9. Assuero, peço permissão para pelo menos pensar diferente de alguns. Não dá para ir buscar legumes numa vazante, sem que seja obrigado a transportar tudo no mesmo surrão. Não dá para transportar cada coisa (legume) numa vasilha diferente. Tem que ser tudo “encangalhado”. Tenho visto em alguns filmes produzidos nos EUA que, quando os pais trabalham fora de casa e precisam levar os filhos para a escola, todos viajam num único carro (no caso dos filhos, quando o school bus não apanha na porta) e cada um é deixado no seu destino. Neste Brasil que tantos reclamam exercendo seus direitos, mas não saem do país, cada pessoa possui um carro – na maioria das vezes sequer oferece uma carona ao vizinho com quem fala diariamente. Não é diferente com as “otoridades governamentais”. Há lugares que prefeitos(as), ministros, etc. vão para o trabalho usando transporte público. No Brasil, é um carro para cada dia da semana. Jamais eu discordaria que, o maior problema é o valor acrescido por conta do excesso de impostos. Isso vai a quase 80% do preço passado ao consumidor. Claro que é. Mas, que também tem gente que não pode possuir um bicicleta, e troca de carro a cada ano, isso também tem. DETALHE: esses governantes que tanto aumentam impostos, quem os coloca onde estão são os eleitores (na grande maioria, esclarecidos). Fuuuiiii!

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