A PALAVRA DO EDITOR

Incomoda ver a política gastar bilhões nas campanhas eleitorais, na comilança de mordomias, no recebimento de exagerados benefícios pelas autoridades e no fim das contas não sobrar um níquel sequer, nem a boa vontade dos candidatos e atuais parlamentares para suprir a carência e a precariedade, especialmente na saúde pública.

Insatisfeito com os descasos e a obrigação de chegar de madrugada para tentar a sorte na fila dos hospitais e nos postos de saúde púbicos, quando não dorme ao relento no chão ou em cima de papelão para receber uma fichinha de atendimento, o cidadão carente reclama, com razão, contra a dificuldade para marcar consultas, fazer exames ou agendar cirurgias eletivas.

Faz dó, dar pena ver o que acontece nos hospitais da rede pública. O tempo passa e nada de novo no front. No hospital Pelópidas Silveira, no Curado, Recife, teve ocasião que uma paciente foi obrigada a aguardar sete meses para conseguir vaga.

Enquanto isso, o ex-ministro da Saúde, da época, Ricardo Barros, comentou sobre o excesso de hospitais no Brasil. Segundo o ex-ministro, 1.500 hospitais seriam suficientes para cuidar da saúde pública do Brasil. Sem atropelos. Segundo o ex-ministro, é a má gestão que atrapalha a estrutura hospitalar.

Até as unidades básicas de pronto atendimento servem de moeda de troca para a política explorar a seu bel prazer o descalabro. Explorar a técnica da ineficiência. Quanto maior a fila, melhor é a chance de conseguir votos para a reeleição.

Na visão dos gestores da saúde brasileira, lamentável é observar um paciente ocupar um leito sem, no entanto, usar o tomógrafo, a ressonância magnética e o centro cirúrgico disponíveis num hospital público, que ficam parados, sem uso. Incompreensível é observar pacientes deitados em macas improvisadas nos corredores hospitalares, reclamando a falta de atendimento.

Insuportável, é ver a longa demora nos equipamentos médicos parados, com defeitos, à espera de consertos, impedidos pela burocracia que teima em engavetar as solicitações de reparo, sob a alegação de que o diretor do órgão depende de ordem superior, que por sua vez precisa enquadrar o serviço dentro das necessidades. A triste situação da saúde pública é perfeitamente desconhecida pelas autoridades do país. Mas, comumente criticada, e com razão, pela população desassistida que vive de olho nas desgovernanças.

Este é o velho e tradicional problema brasileiro. Razão porque a sociedade dispara críticas contundentes contra o péssimo atendimento e a precária qualidade no serviço oferecido à população. Realmente, é doloroso para a sociedade conviver com a notícia de óbitos de pacientes ocorrida durante a longa espera nas filas de espera. Comprovação firmada pelo cidadão que atesta, sob todos os aspectos, estar a saúde pública do país precarizada por conta da superlotação e do descaso de gestão.

Condição rejeitada pelos médicos que se defendem alegando a baixa remuneração, a falta de equipamentos, bem como as condições de insalubridade para a perfeita execução dos serviços.

Tudo bem que o Sistema Único de Saúde, quando bem executado apresenta bons resultados. Justamente porque o SUS foi criado com esta finalidade. Resolver as dificuldades, reparar os erros. Eliminar as deficiências na saúde oferecida ao povo.

Não é mole deixar 75% da população brasileira depender de uma saúde pública, administrativamente deficiente e indefinida. Culpa da lerda fiscalização que não enxerga a falta de médicos, enfermeiros e pessoal técnico. Apesar do país investir mais de R$ 103 bilhões por ano no setor e saber que apenas 25% da sociedade, por ter dinheiro, dispõe de excelentes serviços na rede particular.

Aliás, os pacientes da saúde privada investem R$ 90,5 bilhões anuais para ter direito a melhores regalias. Segundo o Conselho Federal de Medicina, o contingente médico brasileiro, depois da abertura de novas faculdades de medicina, na década de 70, registra mais de 450 mil doutores em atuação no país para atender a população que se dana a envelhecer depressa. Outro ponto básico que preocupa é a concentração de médicos em centros evoluídos, desprezando as cidades do interior, sempre carente de tudo.

A condição ignora o preceito recomendado pela Organização Mundial de Saúde, órgão integrante da ONU, que afirma ser imprescindível a presença de um médico para cada mil habitantes da localidade. Sob este aspecto, está constatado que o Brasil, atualmente, dispõe de poucos médicos para cada mil habitantes. Sinal de que alguma coisa tá errada na área de saúde.

As eleições passaram. Alguns dos eleitos ou reeleitos, vereadores e prefeitos, têm pendências judiciais e a Justiça o que diz? Dos eleitos, uns são marinheiros de primeira viagem na vida pública, outros incompetentes, alguns só querem mesmo é mamar nas tetas do Poder Público, diz a experiência da população, e poucos vão se dedicar realmente a trabalhar a favor do povo e das cidades.

Dos derrotados, a maioria só falou besteiras na campanha, os que pensavam serem deuses, tomaram na jaca e pela lição das urnas é melhor esses falsos líderes calar a boca para sempre. A fim de não atrapalhar mais em outras coisas.

O grupo que será diplomado pelos tribunais eleitorais vai encontrar um cenário contaminado de problemas. Pandemia, queda da atividade econômica, crescimento do desemprego, baixa na arrecadação de impostos, empobrecimento financeiro pessoal crescente, endividamento excessivo, educação parada, a saúde na UTI e fim do auxílio emergencial.

Então, como administrar o caos gerado neste ano de vacas magras? Uma coisa é certa, o desejo do cidadão é ver trabalho para melhorar a mobilidade, o transporte coletivo, péssimo, a urbanização inaceitável, as pragas nos bairros, a inexistente moradia, a triste realidade dos moradores de rua e a insegurança nas cidades.

Votar o eleitor votou. Agora, ser contemplado nos seus desejos públicos é que são elas. O Congresso só se preocupou em fazer política. Engavetou projetos considerados superimportantes para a estrutura do momento. Agora, é esperar o desempenho de vereadores e prefeitos. Mais isso, só o tempo dirá.

Então, diante de tantos vexames na vida do brasileiro, vale uma reflexão. Toda eleição deixa um recado para os derrotados. Falar abobrinhas aborrece a sociedade, que responde no voto.

Portanto, quem conseguiu se eleger, cuidado com as jogadas mal traçadas. O povo não é mais besta para apanhar e ficar calado. Sem se pronunciar no momento certo. Enfim, valeu, brasileiro de fibra!

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