JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

Em 1930, ao estudar a Hawley-Smoot Tarif Bill, Arthur Laffer (professor da Universidade de Chicago, Califórnia) desenvolveu conceito que acabou conhecido por seu próprio nome – Curva de Laffer. O de existir um limite para a expansão do poder de tributar do Estado. A partir do qual haveria evasão, com sonegação e outras práticas (inclusive lícitas). E, em vez de aumentar, a arrecadação cairia. Para ele, esse limite seria 70% do PIB. Mais tarde, em 1984, Cristina e David Sobel (professores da Universidade de Berkeley, Califórnia), provaram que esse limite seria de apenas 33%. Volto ao tema porque no Brasil, hoje, estamos já perto de 40%. Não dá para crescer mais. E ainda há quem sugira um Imposto sobre Grandes Fortunas. Em verdade há já 4 projetos em curso, no Congresso, para regulamentar esse imposto que acabou previsto do grande acordão geral da Constituição de 1988 (art. 153, VII). Do PT, do PSDB, do PODEMOS, do CIDADANIA. Sem contar declarações diárias de candidatos. Às eleições gerais de 2022 e, mesmo, às de Prefeito. Já neste ano de 2020.

Poucos tiveram coragem de adotar esse tributo. Só 10, entre os 193 países da ONU. Dois paraísos fiscais, em que tributados são sobretudo estrangeiros: Luxemburgo, 7,18 e Suíça, 4,77. Os demais, com números irrisórios: Noruega, 1,46%; Espanha, 0,53; Bélgica, 0,47; Hungria, 0,27; México, 0,20; França, 017, Canadá, 0,06; Alemanha, 0,03% da carga tributária. E sempre com problemas sérios de implantação. México, nos 8 dias seguintes à lei, teve 58 Decretos de Exclusão. Reduzindo a base da tributação, que caiu quase a zero. Na França, o Impôt de Solidarité sur la Fortune apenas custeia o Revenue Minimum d’Insertion. Uma espécie de Bolsa Família, diferente da nossa por exigir que todos os beneficiários prestem serviços públicos. Na Espanha, vale apenas em 2 das 5 Regiões Fiscais do país. Sem que se explique porque, vigentes nessas 2, não foi copiado pelas demais. No fundo, único mérito do imposto é funcionar como controle. Com aprimoramento das regras de fiscalização. Sem grandes ambições de arrecadação.

Agora, com essa crise do Coronavírus, a expansão dos gastos públicos vai aumentar, dramaticamente, nosso déficit. Que já quase dobrou, nos últimos 20 anos. Por conta do casamento cruel entre corrupção e falta de uma política econômica responsável. E novamente se fala, como solução, no tal Imposto. Quando melhor seria discutir isso no curso da Reforma Tributária, em curso no Congresso. Ironia, nesse discurso, é que boa parte dos proponentes estiveram no poder, a partir de 2002. E nada fizeram, antes. Não apresentaram projeto nenhum. Vendendo agora, a ideia, como solução para todos os nossos problemas. Não é assim que funciona. Em palavras do amigo Michel Rocard, com autoridade de ter sido Primeiro Ministro da França, “A economia não se muda por decreto”. Em resumo, caro leitor, não leve essa gente a sério. Não vale a pena. Que a proposta é só retórica eleitoral barata.

6 pensou em “IMPOSTO DESAFORTUNADO

  1. “Imposto sobre fortunas” é um nome que agrada os incautos.

    Quando se diz que fulano tem, sei lá, 50 bilhões de dólares de fortuna; pensa-se logo, é muito dinheiro, nem se o cara quisesse ele gastaria tudo em três gerações.

    Só que não é assim, 95% disso normalmente é de participação acionária de empresas, que geram empregos e riquezas. Empresas estas que em grande parte o bilionário ajudou a fundar. Os outros 5% são imóveis, carros, aviões e outras coisas que geram empregos e impostos para serem comprados.

    Na França, quando criaram este imposto, o ator Gérard Depardieu, um esquerdista militante, transferiu-se de mala de cuia para a Rússia, onde naturalizou-se. Mutos outros fizeram como ele. O dinheiro, os empregos, os impostos foram juntos.

    Aqui no BR os irmãos Batista, da JBS tentam transferir tudo para Luxemburgo ou Holanda, devido aos benefícios fiscais. Só tem um problema, o BNDES é sócio de grande parte dos negócios.

  2. O rico pode fazer 3 coisas com o dinheiro: consumir, investir ou doar.
    Se consumir estará garantindo empregos e renda para os produtores, comerciantes e…
    Se investir estará estimulando o crescimento econômico e gerando emprego;
    Se doar estará ajudando os necessitados e entidades filantrópicas.
    O Rico não deixa o dinheiro debaixo do colchão e nem dentro de gaveta, e se o perturbarem por sua riqueza muda de país.

  3. Los expertos alertan de que este es un tributo peligroso, que introduce muchas distorsiones, puede tener efectos perversos (fuga de trabajadores cualificados, empresarios, etc…) y grava bienes que ya han pagado impuestos con anterioridad, cuando fueron generados en forma de renta. Todos sabemos que el famoso impuesto a la riqueza solo aumentará la pobreza. Si un país perseguí a los que invierten, hipoteca su futuro.

  4. Tenho um prazer enorme em ensinar as minhas turmas a curva de Laffer. Trata-se de um parábola com concavidade voltada para baixo, sendo um das raízes a origem cartesiana. Eu convidei um aluno pra verificamos a curava de Laffer no Brasil.

  5. Muita ciência para um pobre mortal ignorante como eu. A única curva que conheço é a do SESC, que divide Piedade de Candeias. Mas depois da leitura do artigo de Dr. Zé Paulo me convenci que se trata de mera retórica falar de mudança da economia por decreto. Políticos, não os levo a sério para não aumentar meu grau de ignorância plena. E para não me aborrecer além do devido. Curva do Laffer, com sua concavidade voltada para baixo, é pra quem gosta de pesquisar a origem cartesiana dessas teorias. Não é o meu caso. Prefiro analisar se o sol está bom pra Praia, na curva do SESC.

Deixe um comentário para Maurício Assuero Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *