Confesso a minha alegria na quinta-feira passada, quando disse umas palavrinhas online para um grupo seleto, comandado pelo Maurício Assuero, sobre termos utilizados nas diversas camadas sociais de Pernambuco.
Com base em pesquisas de vários notórios, exponho abaixo algumas expressões, dispostas como são pronunciadas.
Uma amostra legítima de uma cultura pra lá de muita valia, apresentada em ordem alfabética e sequencial, para não ocupar espaço deste site que muito orgulha todas as mentes independentes.
Abestalhado – bobo / Abilolado – abestalhado / Acochado – apertado / Afolosado – frouxo / Agoniado – inquieto, nervoso / Amulegar – pegar / Aperreado – preocupado / Arengar – discutir, brigar / Arrastapé – forró / Arretado (1) – muito bom, excelente, maravilhoso / Arretado (2) – irritado, com raiva de algo ou alguém / Arribar – ir embora / Arrodear – dar a volta / Arroxa – aperta / Atabacado – bobo / Avexado – apressado / Avoar no mato – jogar fora / Azuretado – confuso, no mundo da lua
Bicado – bêbado / Biliro – grampo de cabelo / Bizu – dica / Borocochô – triste / Buchuda – grávida / Bulir – mexer em algo, seduzir / Buliçoso – aquele que gosta de mexer em tudo
Caba – homem / Cabra safado – pessoa ruim, tratante / Cabueta – delator, dedo duro / Cabuloso – pessoa chata / Cambitos – pernas finas / Cangalha – pessoa com as pernas arqueadas / Carecer – precisar de algo / Catabil – solavanco provocado por buraco / Chamegar – namorar / Chapoletada – tapa forte / Com a mulesta dos cachorro – empolgado / Comer brocha – passar por apuros / Cotôco – resto, pedaço
Dar pinote – pular / De jeito maneira – de modo algum / Desembestado – apressado /
Eita – exclamação / Emburacar – entrar sem licença / Encabulado – com vergonha / Enrolar – mentir / Estar com a bexiga lixa – estar com o diabo no couro / Estar com a bobônica – igual a estar com bexiga lixa / Estrupiado – machucado
Fechecler – zíper / Folote – folgado / Fi duma égua – xingação de filho da mãe / Ficar tocaiando – vigiar / Frisos – enfeites cromados de um carro / Frouxo – medroso / Fuleiro – de má qualidade (objeto), sem vergonha (pessoa) / Fuxico – fofoca
Gaia – chifre / Gaitada – gargalhada / Galalau – pessoa alta / Garapa – água com açúcar / Gazear – faltar à escola / Gréia – zoação
Iapôis – concordância, é mesmo / Imendar – consertar / Inhaca – catinga, mau cheiro / Interar – completar / Invocado – com raiva
Leseira – abestalhamento, idiotice / Leso – bobo / Liso – pessoa sem dinheiro
Malamanhado – desarrumado / Malassombro – assombração / Maloqueiro – menino de rua, pivete / Maneiro – leve, sem peso / Mangar – rir de alguém / Matuto – caipira, pessoa do interior / Metido a cavalo do cão – pessoa metida a valente / Moringa – vaso de barro para armazenar água / Munganga – careta
Nó cego – problema de difícil solução, pessoa difícil / Nos cafundós do Judas – lugar distante, longe
Oxe, oxente – interjeição de espanto
Pantim – ficar com frescura, criar caso / Peba – coisa ruim, de má qualidade / Pegar o beco – ir embora / Peguento – suado / Peitica – insistência / Pereba – ferimento na pele / Pindaíba – situação difícil, sem dinheiro / Pipoco – estouro / Pitó – elástico de cabelo / Pitoco – botão de som / Pirangueiro – pão duro
Que nem – igual a, tal qual / Queijudo – pessoa fresca / Quenga – mulher sem vergonha ou de programa
Rala-buxo – festa onde se pode dançar / Raparigueiro – mulherengo / Remela – secreção de olho / Rolo – confusão
Sarará – formiga pequena avermelhada / Se abrir – gargalhar, confessar algo / Se lascar todinho – se dar mal / Segurar vela – acompanhar casal de namorados / Sem um tostão furado – sem dinheiro / Sentar a mão – bater em alguém / Solto na bagaceira – estar solteiro / Suvaqueira – mau cheiro nas axilas
Tabacudo – bobo / Tamburete de zona – pessoa baixa / Tampa – pessoa que faz algo muito bem feito / Tirar o cabaço – desvirginar / Torar aço – ter medo intenso / Toró – chuva forte / Traquino – levado, afoito, treloso / Tribufu – pessoa feia
Vara pau – pessoa alta e magra / Vôte, Vixe – interjeição de espanto
Xexêro – pessoa que não paga, devedor / Xôxo – pessoa pequena e magra
Zambeta – pessoa de pernas tortas / Zarolho – vesgo / Zona (1) – local de baixo meretrício / Zona (2) – bagunça, confusão / Zuada – barulho forte.
Pernambucar é amar Pernambuco, falando um pernambuquês arretado de ótimo!!
Na quinta feira passada a exposição sobre o “pernambuquês” foi uma extraordinária palestra. Professor Fernando botou pra quebrar. Aqui um retrato do que foi falado.
Peguei um “bigu” (carona) nessa palestra e dei boas “gaitadas” (risadas), enquanto durou o encontro virtual de fubânicos. Os convescotes fubânicos das quintas-feiras são imperdíveis.
Hélio, a gente fica feliz com seu “bigu”.. apareça mais vezes. Toda quinta 19h30 enquanto durar a paciência do google meet. Escolha um assunto e deite falação. (falação, felação não). O mesmo vale para você Juruna. Traga o velho gravador e conte um causo. O professor Fernando deu um show de bola. Muito bom.
Também peguei um bigu e curti bastante a animada exposição sobre o pernambuquês.
Valeu, professor Fernando!
Obrigado a todos pelas opiniões. Meu coração ficou bulido, usando o pernambuquês que muito amo.
I num é!!! O seu coração ficou bulido, porque o senhor é um homem buliçoso!!!kkkkkkkkkkkkk!!! É assim que se escreve??kkkkkkkkkkk!!!
Meu querido Professor Fernando, parabéns pela sua brilhante e douta exposição de quinta passada!!! E obrigado por compartilhar aqui conosco em seu texto!!! Magistral!!!
Meu caro, sexta fui à cidade de Arapiraca, na volta, passando por Palmeira dos Índios, dei um catabi com o carro que quase que se disunera tudo, visse!!!kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!
Caríssimo Mauríno Junior:
Espero que o seu ganso não tenha ficando mucufa para as próximas desopilações do seu carregador.
hahahahahahahahahahahaha!!! O senhor, Professor, possui toda forma de arrumação intracromossomial específica, para falar e escrever dessa forma!!!
Agora, cá entre “nóis”: Seria pussive fazê um alemão entender, que ele nunca comeu um preá na Serra do Mocó?”
A apresentação do Fernando Antônio Gonçalves no Cabaré do Berto, transmitido pela TV Fubana, bateu todos os recordes de acesso: 25 pessoas tiveram acesso, fora os que só passaram por uma ligeira perturbação dos sentidos ao tomarem conhecimento do linguajar característico pernambuquês com suas expressões insóilitas e incompreensíveis para quem não for pelo menos nordestino. Ficamos sabendo, por exemplo, que cabra da peste não é um cabrito fêmeo acometido de Covid 19.
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