PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

De noute aos brilhos dos sidéreos lumes –
Quando o mistério –, das soidões no meio –,
Num beijo vindo da floresta o seio
Peja, sublime, de estivais perfumes!…

Quando, das serras nos altivos cumes
Debruça a Lua –, num calado anseio –,
A fronte loura –, meu amor, eu creio
Nas crenças santas que no olhar resumes…

Creio nos beijos do teu lábio rubro…
– Creio dos mortos no viver sem fim! –
As sombras d’alma numa prece encubro!…

Creio na febre de teu seio – e alfim
Por entre cismas o meu Deus descubro…
E muitas vezes creio até… em mim!…

Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha, Cantagalo-RJ (1866-1909)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *