De noute aos brilhos dos sidéreos lumes –
Quando o mistério –, das soidões no meio –,
Num beijo vindo da floresta o seio
Peja, sublime, de estivais perfumes!…
Quando, das serras nos altivos cumes
Debruça a Lua –, num calado anseio –,
A fronte loura –, meu amor, eu creio
Nas crenças santas que no olhar resumes…
Creio nos beijos do teu lábio rubro…
– Creio dos mortos no viver sem fim! –
As sombras d’alma numa prece encubro!…
Creio na febre de teu seio – e alfim
Por entre cismas o meu Deus descubro…
E muitas vezes creio até… em mim!…
Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha, Cantagalo-RJ (1866-1909)