MAGNOVALDO BEZERRA - EXCRESCÊNCIAS

Em Setembro de 2017 o furacão “Irma” atingiu o estado americano da Flórida, exatamente à época em que eu estava de mudança para esse estado.

Lembro-me de que havia filas de caminhonetes e vans se dirigindo para a Flórida carregados de mantimentos, água, cobertores, remédios, canoas, etc., para ajudar as pessoas que foram ou seriam atingidas pelos estragos causados pelo vento e pelas águas que inundavam a região. Entre os materiais e objetos que estavam sendo transportados incluiam-se geradores de emergência, já que uma das primeiras consequências de um furacão é a interrupção do fornecimento de energia elétrica. Um “site” na internet publicava os pedidos de empréstimos de geradores de emergência e explicavam os motivos: idosos isolados, pessoas simples que não tinha veículos para fugirem das águas, alimentos se estragando, gente doente que precisava ligar aparelhos médicos, e assim por diante. E, dentro da possibilidade dos que queriam ajudar, quase todos eram atendidos. Os geradores eram emprestados e, ao final da tormenta, os donos iriam lá buscá-los de volta.

Acontece que um grupelho de três cidadãos brasileiros resolveu aplicar um golpe: pediam emprestado tais geradores e – pasmem vocês – os alugavam para os necessitados. Isso mesmo, tomavam emprestado os geradores e os alugavam aos que deles precisavam.

O esquema foi descoberto em poucos dias. A Polícia prendeu os três e, após o devido tempo na cadeia, foram deportados.

Isso significa que todos os brasileiros são desonestos?

Seguramente não, mas aqueles três são.

Por outro lado, em 7 de maio de 2014 um casal achou em São Paulo uma bolsa com 20 mil reais em dinheiro (R$ 3.000 em moedas e R$ 17.000 em notas). O homem, Rejaniel Silva Santos, 36 anos, um maranhense, morava com sua companheira embaixo de um viaduto na Radial Leste. Chamaram a Polícia Militar e entregaram a bolsa. Os soldados localizaram o dono e devolveram o dinheiro.

Moradores de rua na Zona Leste de São Paulo sem dúvida estão em uma situação humana muitíssimo mais vulnerável que três homens que foram para os Estados Unidos.

Isso significa que todos os brasileiros são honestos?

Não necessariamente, mas aquele casal é, indubitavelmente.

Porque estou contando esses fatos?

Há, em nossa pátria, um grupo enorme de pessoas para as quais a honestidade e a honra não têm nenhum valor. Um facínora, chefe de uma quadrilha de cafajestes, merece e será Presidente da República e os ladrões que vão assumir o governo junto com ele serão dignos de toda a honra ao serem tratados por “Excelência”, de se deslocarem em carros blindados com batedores à frente, comerem do bom e do melhor, viajarem em jatinhos exclusivos, engordarem seus saldos bancários, tudo isso por conta da outra parte.

E quem é a outra parte?

Os trouxas, os idiotas, os palhaços, os trabalhadores, os idosos, os aposentados com salário mínimo – enfim, todos nós que não nos encaixamos no primeiro grupo – ou seja, todos nós que dormimos embaixo dos viadutos da honra e do valor humano na cidade grande.

Será que somos realmente a maioria? Será que teremos a coragem de devolver uma bolsa com 20 mil reais?

2 pensou em “HONESTIDADE

    • Meu caro João Francisco: bela lembrança. Por aí você pode ver quem é o vagabundo que pode governar de novo o Brasil pelos próximos anos. Aliás, se ele vingar, outros que lhe seguem o exemplo vão adotar a mesma filosofia indecente.
      Desejo-lhe um Feliz Natal com muita saúde, alegria, paz e prosperidade junto aos seus queridos.
      Abraços,
      Magnovaldo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *