VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

Por uma convenção delicada e poética, o segundo domingo de maio é consagrado às Mães. 

É por isso que hoje, dia 9 de maio de 2021, homenageio aqui todas as mães, na figura inesquecível de Dona Lia, minha saudosa e querida Mãe.

O “Dia das Mães” é um dia de alegria para uns, e de profunda saudade para outros. Mas, antes de tudo, é um dia de reflexão, agradecimento e louvor a Deus.

Trago no coração um cravo branco, que representa a saudade da minha Mãe, transformada em flor.

Aos olhos de minha alma, desfila, no dia das Mães, uma legião de abnegadas criaturas, dignas de respeito, admiração, e, às vezes, também de pena. São as Mães.

No meu pensamento, vão passando, uma por uma.

Homenageio as Mães, na verdadeira acepção da palavra:

Mães batalhadoras, que lutam desesperadamente pela felicidade dos filhos, e os defendem como verdadeiras leoas;

Mães, que ainda hoje tem gravado na retina, o primeiro sorriso que iluminou o rosto do seu filho, agora já adulto;

Mães que, neste momento, estão curvadas sobre o leito do filho enfermo, implorando a Deus que lhe salve a vida;

Mães jovens, quase meninas, vítimas do problema da prostituição infantil, que embalam no berço um ser pequenino, e sempre cantam com vontade de chorar;

Mães aflitas, que, chorando, esperam que seus filhos saiam da prisão, onde cumprem pena, por crimes que elas não acreditam que tenham cometido. A miséria os arrebatou de seus braços, jogou-os nas ruas, e os transformou em temidos marginais;

Mães que, prematuramente, perderam seus filhos, e tentam abafar a sua dor, com gemidos e lamentos. Sei que elas os veem em sonhos, e os acariciam num doce enlevo. Mas, quando despertam, tornam a mergulhar na dolorosa saudade;

Mães velhinhas, que passeiam, tropegamente, os seus últimos anos, ou seus últimos dias, pelos pátios silenciosos e tristes dos asilos. Os filhos as esqueceram e lhes deram uma morte antecipada.

Quando a mãe beija o filho, sua alma se ajoelha. Há no seu beijo a multiplicação da vida e o calor dos grandes ideais. Se o filho sofre, seu beijo tem o sabor de todas as consolações, pois a mãe absorve, integralmente, as suas dores.

Se o filho está feliz, seu beijo é de alegria; anima-o, nesse instante, com um turbilhão de esperanças. Somente seus lábios sabem dizer a verdade e proferir palavras que salvam e abençoam.

O coração dessas mães é um relicário precioso, onde está guardado o mais puro dos amores.

No dia das Mães, o olhar de todas elas se enche de luz e esperança. Há, em torno delas, um murmúrio constante, um sussurro de vozes amigas, que ecoam em seus corações.

E elas acreditam que seja a voz dos seus filhos, que, perto ou distante, repetem:

– A BENÇÃO, MINHA MÃE!

4 pensou em “HOMENAGEM ÀS MÃES

  1. Violante,

    Grato por uma crônica plena de harmonia poética. Os braços de uma mãe sempre se abrem quando o filho necessita de um abraço. O coração de mãe sabe compreender quando ele precisa de uma conversa amiga. Sua força e seu amor dirigem o filho pela vida e dão as asas que ele precisa para voar.
    Compartilho um poema de Cora Coralina (1889-1985) para homenagear o “Dia das Mães” com a prezada amiga:

    MÃE

    Renovadora e reveladora do mundo
    A humanidade se renova no teu ventre.
    Cria teus filhos,
    não os entregues à creche.
    Creche é fria, impessoal.
    Nunca será um lar
    para teu filho.
    Ele, pequenino, precisa de ti.
    Não o desligues da tua força maternal.

    Que pretendes, mulher?
    Independência, igualdade de condições…
    Empregos fora do lar?
    És superior àqueles
    que procuras imitar.
    Tens o dom divino
    de ser mãe
    Em ti está presente a humanidade.

    Mulher, não te deixes castrar.
    Serás um animal somente de prazer
    e às vezes nem mais isso.
    Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
    Tumultuada, fingindo ser o que não és.
    Roendo o teu osso negro da amargura.

    Saudações fraternas,

    Aristeu

  2. Obrigada pelo belíssimo comentário, prezado Aristeu!

    Adorei a crônica da grande poetisa Cora Coralina (1889-1985), que você compartilhou comigo. É o retrato fiel da modernidade, que permite que as mães substabeleçam suas obrigações sagradas às creches e babás.

    Um grande abraço e um dia muito feliz, para você e sua família!

  3. Tem um ditado judaico que diz: Deus não pode estar em todos os lugares e por isso fez as mães.

    Parabéns pra você, Violante e para todas as mães.

  4. Obrigada, prezado Marcos André! Fiquei emocionada com suas palavras. Esse ditado judaico é muito tocante.

    Grande abraço e um excelente domingo!

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