CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

No ensejo da morte da baiana Marta Rocha, a primeira Miss Brasil e provavelmente a mais bonita, eleita em 1954, vale a pena relembrar a marchinha “Duas Polegadas”, composta, no mesmo ano, por Pedro Caetano, Alcir Pires Vermelho e Carlos Renato.

Interpretada pela própria Marta (que possuía uma voz bastante aceitável), a música toca na causa de sua derrota, para a representante dos Estados Unidos, no Concurso de Miss Universo.

Na verdade, como se soube depois, essas alegadas e trombeteadas duas polegadas a mais em Marta Rocha (“e logo nos quadris”…) trataram-se de uma invencionice de um jornalista brasileiro e compartilhada por todos os seus colegas presentes no evento.

Como uma forma de amenizar a frustração da perda do título pela população tupiniquim, ao mesmo tempo que procurava nesta preservar um tanto do orgulho patriótico. Coisas nossas, muito nossas, como já disse Noel.

Observe-se que só a primeira parte da letra é cantada por Marta, enquanto a segunda parte fica a cargo de um coro masculino. O que faz estabelecer uma espécie de diálogo entre a mulher (que solta um desabafo) e um grupo de homens que procura consolá-la.

Nascida em 1936, Marta Rocha nos deixou no sábado último, a poucos meses de inteirar 84 anos.

Que a terra lhe seja leve.

7 pensou em “FRANCISCO SOBREIRA – NATAL-RN

  1. Meu caro xará Francisco, de Natal – RN, permita-me uma pequena correção na sua coluna.

    Marta Rocha com certeza foi a Miss Brasil mais famosa, porém não foi a primeira.

    Um brande abraço

  2. Corroborando o que disse no comentário anterior, do João Francisco, Marta não foi a “primeira miss Brasil”, Como bem diz o Alexandre Garcia, em vídeo divulgado hoje nesta “ge”, em 1932 o Brasil teve uma miss universo, é mole?

  3. Meu xará e Hélio. Confiei nas informações colhidas no Google, que não é cem por cento confiável. Obrigado pela correção. Vivendo e aprendendo. Abraços.

    P.S. Uma perguntinha ao João: você e o Joaquim Francisco são parentes?

  4. Ótimo tema, prezado Francisco Sobreira!.

    Alguns jornalistas dizem que essa história de “2 polegadas a mais” foi invenção. Na verdade, o resultado do MU, com a vitória da Miss estadunidense Mirian Stevenson, teria sido uma compensação a ser feita, pois, no ano anterior, a candidata dos Estados Unidos tinha sido injustiçada. Deve ter sido mesmo, pois Marta Rocha era a mais bonita de todas! Será sempre lembrada, como a mulher mais bonita do Brasil;

    Muita Saúde e Paz!

  5. Mestre Berto, com todo o respeito ao fubânico Francisco Sobreira, a primeira Miss Brasil foi a paulista moradora de Santos Zezé Leone, em 1923, em um evento chamado Concurso Nacional de Beleza. Em 1929, já com o nome Miss Brasil, foi eleita a carioca Olga Bergamini de Sá. Em 1930 foi a gaúcha Yolanda Pereira que, inclusive, venceu o concurso Miss Universo, concorrendo com candidatas de 23 países. Em 1932, a carioca Ieda Teles de Menezes venceu, curiosamente eleita entre a comunidade brasileira na França. Em 1939, outra carioca, Vânia Pinto. A Segunda Guerra Mundial interrompeu os eventos até 1949, quando foi eleita a goiana Jussara Marques. Só depois chegou a vez da mais famosa delas, Martha Rocha. E nomeia-se Martha Rocha como a primeira exatamente porque o evento no qual foi eleita também foi o marco da virada na organização e produção do Concurso Miss Brasil nos moldes em se tornou nacionalmente conhecido, pois passou a ter uma organização profissional e definida, com gestores responsáveis por sua produção, divulgação e continuidade. E, mais importante, era religiosamente transmitido pela TV Tupi, a maior rede da época, passando a ser uma atração anual importantíssima. Foi realizado no Rio de Janeiro até 1973, sempre com transmissão pela Rede Tupi de televisão, quando houve a transferência para Brasília, apenas para que a eleita fosse recebida pelo Presidente da República. Mas isso ocasionou a perda dos grandes patrocinadores e, em consequência, a qualidade da produção foi caindo e a popularidade do concurso minguando até chegar ao nível em que está hoje.
    Espero que essa pequena lição de cultura inútil traga aos mais velhos a lembrança de um evento que era aguardado ansiosamente e comentado por meses a fio pelo público brasileiro, principalmente o feminino.

  6. Realmente, Mestre, esqueci desse detalhe e de uma pessoa fundamental no “treinamento” das candidatas: a Sra. Maria Augusta Nielsen, Mestre da elegância e da etiqueta, fundadora da SOCILA – Sociedade Civil de Intercâmbio Literário e Artístico, em 1953, e treinou as candidatas de 1958 a 1976. Lembro que ela andava com uma bengala, não sei se por necessidade ou por charme. Dizia -se que sua bengala marcava o ritmo em que as moças deviam desfilar. Faleceu no Rio de Janeiro em 02 de novembro de 2009. A SOCILA era a escola de formação de modelos para as jovens da sociedade aprenderem a desfilar, se comportar adequadamente em público, a se maquiar e a se vestir. Teve filiais em quase todas as capitais do Brasil.
    Esclareço que não tenho qualquer vivência ou experiência nessa área e nunca cheguei nem perto de uma miss ou do mundo da moda. Lembro-me dessa senhora e de sua importância porque tive uma tia que era muita amiga dela e contava suas histórias de sucesso como professora de moda, elegância e comportamento. Era realmente uma figura respeitadíssima na sociedade carioca. Foi instrutora das duas filhas do Presidente Kubitschek, e essa proximidade com o poder lhe abriu as portas (e as carteiras) do que se chamava na época de “high society”.

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