Não é difícil notar um quê de tristeza, no semblante de uma grande parte do povo brasileiro, decepcionado com o desfecho que tomou a cena política do nosso País.
Desde os tempos coloniais, impera no Brasil o hábito da falsa dádiva. A bondade, exercida com o dinheiro público, dá a impressão de que a produção da riqueza não pertence ao povo brasileiro. O poder público é obrigado a fazer o bem à sociedade. O que não pode é distribuir migalhas ao povo, como se estivesse dando esmolas.
A riqueza do País pertence ao povo. Os ladrões de colarinho branco não podem abocanhar o dinheiro público, como ratos famintos abocanham o queijo.
É comum, nas bocas e mãos dos que manipulam as vantagens dos cargos, funções e mandatos, a benevolência cômoda, como meio de promoções pessoais, para que aparentem grandes governantes.
Se hoje precisam ser mais cuidadosos, com as faturas controladas por lei, ainda restam os detritos de uma civilização, nutrida pelo estado, com o uso e abuso de artifícios, que promovem o culto pessoal e transformam o que é dever constitucional em falsa bondade.
Quantas vezes, os homens públicos são benevolentes com o povo, como se estivessem fazendo favor ou dando-lhe esmola! Na realidade, não fazem mais do que sua obrigação. Afinal, na hora solene da investidura ou posse, nos cargos que a sociedade lhes concede por voto ou nomeação, os políticos prestam compromissos legais, prometendo o bem comum ao povo.
Há muito tempo, a aspiração política abandonou o espírito público e foi substituída pela vaidade e ganância. O exercício do mandato, que deveria ser um bem à sociedade, deixou de ser atributo de transparência e equilíbrio, O dever de bem servir ao povo passou a ser meta e não compromisso. É como se o governante não tivesse obrigação nenhuma com o povo, e pudesse usar os cofres públicos ao seu bel prazer, ignorando a obrigatoriedade legal da transparência e usando o poder como um instrumento de culto à personalidade.
A sociedade passou a ter líderes artificialmente nutridos nos seus egos, com faturas para os cofres públicos. A vaidade faz com que os políticos, ditos representantes do povo, projetem a imagem de si mesmos, nas horas mais importantes do sistema político. E tudo diante de uma sociedade que somente agora parece dar os primeiros sinais de uma impaciência, que chega às ruas na forma de desabafos ideológicos ou sinais de revolta.
É difícil calar a boca dos revoltados, vestidos de verde-amarelo. E a crise que queimava em fogo brando, agora ferve.
* * *
Mudando o rumo dessa prosa, e rememorando o recentemente falecido Edson Arantes do Nascimento, hoje chamado “Rei Pelé”, que tantas alegrias proporcionou ao Brasil, segue um fato verídico, ocorrido com ele, no auge de sua brilhante carreira de jogador de Futebol:
“EXPULSO O JUIZ QUE EXPULSOU PELÉ
No jogo entre o Santos F.C. e a seleção Olímpica da Colômbia, realizada em 17.7.68, em Bogotá, que foi repleto de incidentes, o árbitro Guillermo Velasquez expulsou Pelé no primeiro tempo. A torcida colombiana reagiu e exigiu a expulsão do juiz, o que foi feito depois de 15 minutos de interrupção, sendo ele substituído pelo bandeirinha Omar Delgado.
Em seguida, a massa presente ao estádio exigiu a volta de Pelé, medida que foi determinada pelo novo árbitro, ainda no primeiro tempo. Em retribuição, Pelé teve uma atuação de gala e o Santos venceu por 4 X 2..
(Em “FUTEBOL TEM CADA UMA” – Armando M. Graça – Editora GOL- 1968).
Violante,
A sua crônica trouxe uma sincronicidade com um cordel sobre cidadania que li esta semana. A cidadania é um conceito fundamental em qualquer sociedade democrática, pois garante a igualdade de direitos e oportunidades a todos os membros da sociedade, independentemente de sua origem, raça, gênero ou orientação sexual.
Tenho o prazer de compartilhar o referido cordel da professora-poeta alagoana Marlene Ramos com a prezada amiga:
CIDADANIA
Peço licença a todos
Que estão aqui presentes,
O que vou falar agora
Vai deixar todos contentes.
O assunto aqui tratado
É da cidadania, minha gente.
Cidadania é uma palavra,
Falada por muita gente,
Mas, que muitos não sabem
Seu sentido verdadeiramente.
Cidadania é o direito
De viver decentemente.
Cidadania é direito de ter
Ideia e poder expressá-la
Poder votar em alguém
Sem ninguém ameaçá-la
É ser negro ou homossexual
Sem ninguém discriminá-la
É praticar uma religião
Sem ser perseguido
É poder devolver um produto,
Estragado ou vencido
É poder desfrutar dos direitos
Que por nós foram conseguidos.
Ser cidadão é ter
Maior participação
É está ciente de tudo
Que acontece na Nação,
Se nós agirmos assim,
Seremos de fato cidadão.
É conservar intactos
Os bens públicos da cidade
É tratar bem as pessoas,
Não importando a idade.
Se agirmos desse modo
Seremos cidadãos de verdade.
Ter cidadania é ter
Saúde e boa educação,
Ter emprego e também,
Ter uma habitação,
Usufruir dos direitos
Que estão na constituição.
Um cidadão deve ter
Direito à segurança
Menor deve ter lazer
E ser tratado como criança,
Mas, para muito brincar…
Fica só na esperança.
Cidadania é a pessoa,
Ter liberdade de se expressar,
Mas que a fala não venha
Outra pessoa magoar
É ser respeitado pelos outros
E também os respeitar.
Mas não é bem assim,
A realidade é diferente.
Respeito quase não existe,
Leitura é insuficiente.
Enquanto isso não mudar,
Nunca poderemos falar:
Eu sou cidadão verdadeiramente.
Um final de semana com paz, saúde e harmonia
Aristeu
Obrigada pelo gratificante comentário, prezado Aristeu, e por compartilhar comigo este lindo Cordel da professora-poeta alagoana Marlene Ramos!
Gostei imensamente.
Realmente, entre o meu texto e esse Cordel, que focaliza a Cidadania, há uma sincronicidade, ou coincidência de pensamento.
Segundo a Psicologia, essas coincidências acontecem com a participação do inconsciente coletivo e. vem acompanhadas de um significado.
Para você também, desejo um final de semana com paz, saúde e harmonia!
Texto belíssimo, Violante Pimentel! Vivi, com carinho!
Você expressou a nossa angústia, a nossa insatisfação, a nossa impotência e o nosso temor ao um retrocesso político-econômico-social sem precedente nesse Brasil Velho sem porteira, como dizia Érico Veríssimo.
Muito obrigado por compartilhar com os seus sentimentos de impotência!
Retificando: “com os meus sentimentos.”
Obrigada pelo carinho do comentário, querido cronista Cícero Tavares!
Estamos no mesmo barco, Decepcionados e sem perspectiva de uma cena política melhor.
Meus votos de um 2023 pleno de Saúde e Paz, para você e sua família!
Grande abraço!
Muito obrigado, querida mulher de nome lindo, pela homenagem ao Rei Pelé, o homem que honrou o Brasil e lhe deu fama, sem lhe roubar um centavo nem lhe cobrar propina!
Pelé é uma Lenda!
O grande brasileiro Edson Arantes do Nascimento, Pelé, será eternamente reverenciado, pelas glórias proporcionadas ao Brasil , no cenário futebolístico! ,
VIVA PELÉ!
Grande abraço, querido cronista Cícero Tavares!