PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

Eu sempre fui um sujeito
Bem centrado no que faz
Por isso que fui capaz
De hoje viver satisfeito
Sei também tenho defeito
Afinal quem que não tem
Mas nunca pisei ninguém
Pra chegar onde cheguei
Onde pude respeitei
Trato todos muito bem.

Mas isso não faz de mim
Nenhum saco de pancada
Viver levando paulada
De traíra e gente ruim
Quem me tratar mal assim
Cedo ou tarde tem o troco
Sendo “santo do pau oco”
Todos sabem como é
Com os pés dou ponta pé
E com as mãos encho de soco.

Outro dia eu conversava
Sobre o tema eleição
Sem dar muita atenção
Pra quem por perto estava
Afinal só importava
Pra mim naquele momento
Era só o argumento
De quem estava comigo
De certo um grande amigo
De grande conhecimento.

Falamos sobre as campanhas
Passadas e atuais
Não só daqui outras mais
Além de nossa Montanhas
Pontuamos artimanhas
Arranjos articulados
Dos votantes e dos votados
Dos vencedores, dos pleitos
Governadores, prefeitos
Senadores, deputados.

Até eleição do tal
De conselho tutelar
Nós tratamos de tratar
Dando um valor igual
De um pleito qualquer normal
Com candidato e votante
Apoiado e apoiante
Disputa de voto a voto
Onde cinco entram na foto
E o perdedor bem distante.

Sempre com muita destreza
Da parte dele e da minha
Vez em quando uma latinha
De cerveja sobre a mesa
Afinal nossa fineza
Política prevalecia
Cada gole que descia
Descia suavemente
Aguçava a nossa mente
Tudo simples parecia.

Comentamos suas obras
Suas realizações
As várias ocasiões
Suas faltas, suas sobras
Todas as suas manobras
Para as contas baterem
E opositores não terem
Motivos pra reclamar
Eleitores os amar
Com bons olhos sempre os verem.

Mas a coisa esquentou
Quando alguém que estava ao lado
Ouvindo tudo, ligado
Do seu canto levantou
Perto da gente encostou
E foi dizendo assim:
“Saibam que os dois pra mim
De política tão por fora
Dois puxa sacos caipora
Politiqueiros chinfrim.

Vocês ficam ai falando
Umas coisas sem futuro
Um fica em cima do muro
E outro fica chamando
Já já um está pulando
Para o lado de lá
E o outro vem pra cá
Com essa cara lavada
Que não vale uma porrada
Mesmo assim tá aqui quem dá!”

Aí eu me levantei
E falei: ó meu irmão
Aqui não te cabe não
Na conversa não chamei
Queres confusão eu sei
Mas isso tu não vai ter
Se afasta e vai ver
Se deixa a gente em paz!
Te orienta rapaz!
Veja onde vai se meter!

E ele continuou
Com aquele papo chato
Cheio de espalhafato
Que a gente se irritou
Meu amigo se armou
E mandou-lhe um direto
Que o cabra bateu no teto
Caiu quase se apagando
Levantou cambaleando
E sentou num canto quieto.

Ainda quis esboçar
Uma certa reação
Meu amigo encheu a mão
Para o intimidar
E para não apanhar
De novo deu um frecheiro
Encontrando bem ligeiro
A saída da taberna
Com o rabinho entre as perna
Feito um cachorro fuleiro.

Eu não sou de violência
Não gosto de agressão
Mas aquele bobalhão
Tirou nossa paciência
E com toda competência
Recebeu um corretivo
Certo foi muito agressivo
Mas sei foi bem merecido
Espero ter aprendido
Pra isso que ficou vivo.

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