Em plena Pandemia do Covid-19, Manoel, um homem revoltado com a paranoia funerária e a roubalheira do dinheiro público, estava numa calçada, conversando com um amigo, lamentando a situação em que os brasileiros estão vivendo:
– Na Democracia, o governo, legitimamente eleito pelo povo, é quem governa. Mas, no Brasil, o exercício do poder do Presidente está sendo atravancado pelo mal encarado grupo dos onze.
A autoridade máxima do nosso País é achincalhada a toda hora, até mesmo por apresentador e entrevistador de TV (Globolixo). O Presidente levou uma facada e, até hoje, o crime não foi devidamente esclarecido, por manobras do grupo dos onze. Em que país nós estamos?!!!
O policial, que estava ao lado, se insurgiu contra o cidadão:
– “Teje” preso! O senhor é comunista!
O homem reagiu:
– Pelo contrário, sou contra o comunismo, regime de força, autoritário e desumano! É o comunismo que está atrapalhando o governo.
– “Teje” solto! Desculpa!
A conversa continuou:
– A imprensa não tem liberdade. A regra é: “Pode falar de quem quiser, contanto que não fale do grupo dos onze.”
Mas, vivemos na Democracia.
As prisões estão abarrotadas. Muitos presos não tem culpa formada; muitos nem sabem por que estão jogados no xadrez. Esses presos fazem parte da plebe ignorante. Suas famílias passam fome.
Mas o grupo dos onze é complacente com os presos que tem culpa formada, dentro do crime organizado.
O policial aumentou o tom de voz:
– “Teje” preso!
O cidadão respondeu:
– Tou falando do comunismo, Autoridade. É no comunismo que tudo isso acontece. Sou anticomunista.
– Pois, “teje” solto.
O cidadão continuou:
– Há jornalistas sendo punidos injustamente, enquanto o grupo dos onze continua desmoralizando o Presidente. A toda hora, ele é intimado a prestar esclarecimentos sobre os atos que pratica, mesmo em função do cargo para o qual foi legitimamente eleito.
– “Teje” preso! – disse mais uma vez o policial.
O cidadão insistiu:
– Autoridade, sou democrata e amo o meu País! Isso tudo o que eu disse foi com o comunismo. Credo em Cruz!
– “Teje” solto.
E continuou o cidadão:
– O pior de tudo é a fome, com o povo sem trabalho, dependendo de esmola do governo. Pra completar, tendo que usar máscara, além do confinamento em casa, sem direito à liberdade de ir e vir. O povo sofrendo, enquanto uma elite de privilegiados fica cada vez mais rica.
– “TEJE” PRESO! – gritou o tira. – Agora, é coincidência demais!!!
Kkkkkkkk. Bom. Parece João Grilo “tô rico, tô pobre, tô rico, tô pobre….”
Obrigada, Assuero! Parece mesmo, coisa de João Grilo.
Parabéns pelo texto, Violante!! Está ótimo. Conte também estórias nas quintas-feiras do Cabaré do Berto, gerenciado pelo Assuero!!!
Obrigada pelo gratificante comentário, Fernando Antônio!
Vou pensar na sua sugestão. .rsrs
Grande abraço!
Violante,
Parabéns pela crônica política escrita com bom humor. Confesso que a política está mais para drama do que para comédia. Acredito na necessidade de se alfabetizar a população a fim de possamos eleger políticos éticos. Aproveito a oportunidade para compartilhar os versos do Cordel de autoria de Cacá Lopes:
O ANALFABETO POLÍTICO EM CORDEL
Peço atenção aos senhores!
Sem medo de ser feliz,
Pra descrever em cordel
Fazer valer o que diz,
O analfabeto político
Um texto bastante crítico
Pra alertar meu País.
Ofereço as pessoas
Que não gostam de política,
Que não exercem o ofício
Dela não se identifica.
Fiz uma adaptação
Do texto de um alemão
É uma história verídica.
Em todo canto do mundo
Há aquele analfabeto,
O que fala que não gosta
De política, é direto.
Ele não ouve, não fala,
Não participa, se cala
Não é cidadão completo.
Ele não está nem aí
Pros problemas do País,
Não sabe, o custo de vida
Depende do infeliz,
O preço do aluguel
Transforma o doce em fel
Da filial ou matriz.
O preço do arroz, da carne
Sobe que nem um balão,
Remédio, leite e sapato
Eleva a inflação,
Tudo o que há pra comprar
Depende da ação à tomar
No dia da eleição.
Analfabeto político
É um tolo de primeira,
Se orgulha, estufa o peito
Pra dizer grande asneira,
Que à política, odeia!
Chega a fazer cara feia
Ao falar essa besteira.
Não sabe esse sujeito
Que da sua ignorância,
Nasce a fome, a violência
O medo, a intolerância,
O menor abandonado
O ladrão que segue armado
Cresce o ódio, a intolerância.
Quem não vota consciente
Tá dando o braço à torcer,
Dá carta branca ao corrupto
Miséria vive a crescer,
Difícil se conformar
Ver o mau político roubar
E ao povo corromper.
Há um ditado que diz
Que “quem se cala, consente”
Portanto! Seja esperto!
Dê seu voto consciente,
Conheça seu candidato
Seu passado, cada ato
Seja um cidadão descente.
Bertold Brecht previa
Ao escrever seu poema,
O pior analfabeto
É o que não muda o sistema,
Sai votando em qualquer um
Quem age assim é comum
Compra sua própria algema.
É muito fácil dizer:
Todo político é igual,
Farinha do mesmo saco
Que é ladrão, é desleal
Difícil é se informar
Pesquisar, fiscalizar
Eis aí o grande mal.
Tem gente que troca voto
Por cimento, dentadura,
Camiseta, cesta básica,
Favores na prefeitura
Quem compra votos, errou!
E quem vende, já cavou
A sua própria sepultura.
Seja participativo
Fuja da alienação,
Não se deixe enganar
Pra não piorar a Nação,
Se você votar errado
Nosso povo tá ferrado
Faça uma reflexão.
Tem até uns mandamentos
Pra melhorar a Nação,
Não deixe de votar é
O primeiro, em questão,
Pense no que estou falando
Não vote contrariando
A sua própria opinião.
Não vote pra contemplar
Alguém que não tem valor,
O seu voto é valioso
Não o troque por favor,
As manchetes estão aí
O Brasil tá cheio de
Corrupto e corruptor.
Não vote sem conhecer
O programa do candidato,
E também sua conduta
Caráter de fino trato,
Aquele que analisa
Não deixa nenhuma pesquisa
Mudar seu voto, de fato.
A política está na bíblia
Na família, na igreja.
Na indústria, no futebol
Tá no jornal e na veja.
Pra eleger um novo Papa
Tem eleição nem lá escapa
Ora, amém! Que assim seja.
A política tá na escola
Na rua, na construção.
Tá nas rodas de amigos,
Na cidade e no sertão,
Com ética e dignidade
Com política de verdade
Se constrói uma Nação.
Se você está pensando
Em seu voto anular,
Diz que vai votar em branco
Somente pra protestar,
Nem assim, tô afirmando!
Alguém vai sair ganhando
O melhor é participar.
Pra grande parte do povo
A política tanto faz,
Não se lembra em quem votou
Há quatro anos atrás,
O que se faz num segundo
Ajudar a mudar o mundo
Reflita! Você é capaz.
O País se mobiliza
É tempo de eleição,
Aí estão os candidatos
Apertando sua mão,
Analise suas propostas
Não devemos dá as costas
Pros problemas da Nação.
Não vote naqueles que
Fogem da democracia
Se envolvem em escândalos
Propinas do dia a dia,
Falta vontade política
A minoria pratica
O dom da cidadania.
Pense e diga não, “aos drogas”,
Aos bandidos da Nação,
Se não fosse a impunidade
Não haveria corrupção
Quem rouba pouco vai preso
Quem rouba muito sai ileso
É grande a esculhambação.
Fora o voto, tem uma arma
Que é forte, tem poder,
É a mobilização
Sua força faz tremer,
Quando o povo está unido
Ele não será vencido
Só basta a massa querer.
Mas o povo brasileiro
Há tempo se acomodou
Parece que pra mudança
Acomodado ficou
Revolução pelo voto
Não é um jogo da loto
É a chance que restou.
A política só é chata
Para quem não participa,
Para quem não tem um sonho
Não luta, não participa,
Pra quem não crer no futuro
Só fica em cima do muro
O corrupto mete a ripa.
Separe o joio do trigo
Não julgue que todos são,
Iguais em picaretagem
Roubalheira, podridão.
Amigo, não leve a mal!
Ser humano desigual
Há em qualquer profissão.
Espero que esses versos
De cordel, de poesia
Ajude ao eleitor
Votar com soberania
Que a cada eleição
A nossa população
Alcance a cidadania.
Desejo um final de semana pleno de paz, saúde e alegria
Aristeu
Obrigada pelo comentário gentil, prezado Aristeu!
Os políticos atuais, com honrosas exceções, são de nos “fazer chorar” de indignação, diante da malversação do dinheiro público.. Ainda bem que o timoneiro, até aqui, tem andado na linha.
Gostei imensamente do Cordel “O ANALFABETO POLÍTICO”, de Cacá Lopes, São versos inteligentes e verdadeiros.
Muita saúde e paz, e um bom final de semana!
Bela crônica, Violante.
Teje preso, teje solto… por mais fantasioso e absurdo que pareça, são atos constantes nas peças teatrais dos nosso tribunais, principalmente os superiores.
O pobre do Manoel é uma caricatura real que bem retrata o nosso povo. O STF há muito que virou um enorme e suntuoso balcão de negócios
Há os que nem precisem tanto de justiça, basta ter dinheiro.
Veja o caso num dos desdobramentos da lava jato: Em 03/08/2018 o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, mandou prender o banqueiro Eduardo Plass.(transação com dólares e joias com o ex governador Cabral, do Rio)
Em 07/08/2018, numa terça-feira, Bretas estipulou a fiança no valor de 90 milhões de reais.
Na quarta-feira, 08/08/2018, em menos de 24 horas, o valor foi pago e Plass ganhou a liberdade e encontra-se em algum lugar paradisíaco do planeta. Foi um baita teje preso, teje solto…
Forte abraço
Obrigada pelo comentário, prezado Marcos André!
O texto mostra o vexame que se passa na cabeça do cidadão comum, diante de um regime de força, que atravanca a democracia. A mídia mostra, a toda hora, o que o “grupo dos onze” vem fazendo para diminuir a força do governo legitimamente eleito..
Realmente,” o STF, há muito que virou um enorme e suntuoso balcão de negócios”
São vergonhosas as negociatas entre o judiciário e os presos ricos, ladrões de colarinho branco, como no caso do banqueiro Eduardo Plass. Com bandido rico, a conversa é curta….
Grande abraço e bom final de semana!