JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

Dando uma pequena volta pelo mundo da infância (a minha) vou focar hoje, umas traquinagens que me renderam boas sovas e muitos castigos com a cara voltada para o canto da parede.

Toda criança “levada” passou por isso. Quem não passou, com certeza virou vítima de “bullying”, o rótulo afrescalhado do americano.

Chulipa – era mais gostoso ainda, “dar uma chulipa”, passando saliva no dedo e melando da areia, e dando aquele catiripapo vertical na orelha de alguém.

Tirar o selo – geralmente, quem fazia isso, fazia a cada mês. Era comum o corte de cabelo “estilo busca-ré”, onde, metade do quengo era raspado com máquina graduada a zero. Ficava liso, igual bunda de recém-nascido. Dar uma leve pancada, significava “tirar o selo.”

Criança de castigo por desobediência

Pois, hoje, me vieram à lembrança, dois castigos que tomei na infância. O primeiro, até hoje considero “injusto”.

Sempre que ia “jogar barro fora”, tinha que procurar fazer a necessidade no mato. Não tínhamos local apropriado em casa para fazer a necessidade fisiológica. Papel higiênico, a gente só foi conhecer ao mudar para a capital.

Certa vez “precisei jogar o barro fora”. Senti que as galinhas e alguns porcos sentiam tanta fome, que seriam capazes de enfrentar qualquer guerra. A arma que dispúnhamos era uma vara de aproximadamente 3 metros, com a qual mantínhamos o animal distante, momentaneamente, da “obra”.

A solução era, literalmente, “cagar trepado”. Nisso, a “obra” acabou sujando uns porcos da Vovó. Castigo: levar os suínos para banhar no açude, distante da nossa casa por uns bons quilômetros. E aí, veio a calhar aquele ditado: quem com porcos se mete, farelo come.

O segundo castigo, foi mais que merecido. Meu Avô não gostava de castigar os netos – deixava para a Avó, esse “trabalho”.

Eis que cismei de “botar um musquitim” no meu Avô, enquanto ele dormia o sono dos justos, deitado no chão da varanda.

Criança de castigo na escola

“Musquitim”, na minha terra, era o reuso de um palito de fósforo. Enquanto a pessoa dormia, malandra e lentamente, a gente colocava o “musquitim” apagado na testa do dorminhoco, antes, colocando algum calçado na mão. Toca fogo e espera a reação. Quando o “musquitim” tá pegando fogo, o dorminhoco “dá um tapa” para matar o mosquito.

Foi assim. Quando meu Avô precisou matar o mosquito da nesta, deu com o chinelo no próprio rosto. Eita musquitim fela da puta!

Como criança naquele dia só tinha eu em casa, entrei foi nos tabefes. Depois, o castigo pior: tomar banho depois que apanhava.

8 pensou em “EITA “MUSQUITIM” FELA DA PUTA!

  1. Ramos, que musquitim fela da puta. O sentido da brincadeira não é igual pra todos. Você não tinha maldade, mas eu conheço um “Netinho” que botava baygon na comida do avô, por diversão. Ele já com alguma dificuldade de entendimento, não comeu porque perceberam. Esse Netinho terminou no presídio.

    • Maurício, era isso sim. Fiz e fazia por pura molecagem. Até por que eu tinha certeza que ele reagiria de uma forma fora do comum: me bateria. O que não era hábito dele. E foi o que aconteceu!

  2. Sr Zé Ramos, pensei que o moleque que botou baygon na comida do avô, como nos conta o professor Maurício, tivesse se encaminhado para o mundo político, que era o lugar ideal para um aprendiz de safado como ele, né não ???Um bom domingo.

    • Paulo, se tivesse sido, seria isso o de menos. Ali “nim Brasília” tem muita gente capaz de fazer pior que isso. Ora, se já teve até quem fosse capaz de pisar no pescoço da própria mãe, para fazer valer sua vontade! Foi o que vaticinou Leonel Brizola!

  3. sr. José, fiquei numa alegria e um riso danado aqui imaginando a cena de seu querido avô com a testa marcada.
    Não fiz isso com meu querido avô,mas se tivesse feito acho que até hoje eu estaria com as marcas da bengala dele em mim.
    Alegrou meu Domingo,obrigado.

    • Rogério, pois eu não fiquei com a marca do “cinturão” dele, pois reconheço que mereci. Também não fiquei, como a geração de hoje fica: traumatizado a ponto de procurar Psicanalista! Fiz minha traquinagem e fui punido. Merecidamente. Com certeza, ele, o Avô, ficou com a pancada na testa e no coração, por ter batido num neto querido.

  4. Também lembrei duma traquinagem: Meu pai viajava e só vinha em casa para fazer filho (fez sete) e trabalheira pra criar os endemoninhados era de minha mãe! Lembro que eu tinha que tomar injeção (que minha mãe mesmo aplicava) com aquelas seringas de vidro que, junto com a agulha, era fervida no fogão (tinha um estojo de metal próprio para ferver). Cagado de medo fugi e subi em uma árvore na casa do vizinho sabendo que minha mãe não conseguiria subir pois era gordinha! Não adiantou nada! Ela pediu para o filho do vizinho (que era adulto) me tirar da árvore, tomei a injeção acompanhada de uma bela surra pra aprender a não fugir! Saudades de minha boa mãe que, como diz o Berto, encantou-se há tempos!

    • Sergio, picada de agulha de tomar injeção, para ficar bom, não dói. O que dói mesmo, é tabefe da polícia para tentar corrigir malfeito. Eu também, quando criança, tinha medo de tomar injeção. Só olhando a agulha ser esterilizada, já começa a chorar. Agora, Benzetacyl dói pra porra mermão!

Deixe um comentário para José de Oliveira Ramos Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *