Arthur Saraiva Lins dos Santos, saudoso pai e grande galhofeiro
MULEQUE TUTU – Meu pai – Arthur Saraiva Lins dos Santos – tinha o espírito galhofeiro. Não perdia oportunidade para fazer uma “vítima”, adequando novo nome àquelas pessoas que tinham algo “diferente”, tanto no físico quanto no procedimento. Gostava de apelidar, contar piadas e declamar poesias engraçadas.
Na foto do meu velho – que por gentileza do Editor estamos publicando – veja-se uma referência às boas lembranças, nesta homenagem à sua imaculada memória.
APELIDOS NOMEADOS – Suas “nomeações” tinham a força do batismo. E quando o infeliz não gostava aí a nova identidade pegava mesmo. Nunca revelou, porém, que quando criança, tomara o apelido de “Moleque Tutu”, por ser o único moreno da família.
DOUTOR KAGALHOSTOF – Sempre que me via estudando compenetrado, galhofava: “Estude pra ser doutor!”. Dizia e completava: “E será tão famoso que terá seu nome ampliado para: Dr. “Kagalhostof de Bostoleflax”.
CAGALHÃO DE BOSTA – Mal sabia eu, aos oito anos, que a tradução do apelido era uma desgraceira: “Cagalhão de Bosta”.
CU DE PATO – Colega de trabalho, Caixa Pagador do Banco, muito gordo, era meio desarrumado. Trabalhando em pé, sempre estava enfiando os dedos nas partes glúteas, para ajeitar-se. Certa feita indagado sobre porquê se incomodava tanto em ajeitar o fiofó, já meio arretado, disse que tinha uma espécie de “Cu de Pato”. Ele mesmo acabou se apelidando para sempre.
AGULHA DE CROCHÉ – Selênio, magro, muito alto e ágil nas críticas, dizia que gostava de dar alfineitadas aqueles que se metiam em certas enrascadas. Era contumaz em ácidas críticas sobre tudo que ouvia comentar. Terminou conhecido como: Agulha de Croché”.
MEU LINDO – Personagem queridíssimo, certa feita ofereceu um chopp aos amigos, em seu terraço. Sua esposa, muito gentil, atendia a todos com a maior alegria. E referindo-se ao marido, a quem chamava, na intimidade, de “Meu Lindo”, assim se referiu várias vezes. O apelido pegou.
MARIDO DA GIRAFA – Quando a esposa de Anastácio chegou ao balcão foi apresentada a alguns colegas de trabalho, com certo orgulho. Italiana alta, vistosa, aquela estaca de mulher. Sendo muito mais alta do que ele, o pobre coitado, afinal, pegou o inofensivo apelido de “Marido da Girafa”.
INSPETOR SOLHEMETE – Inspetor de Banco já não é boa coisa e existiam, no meu tempo, uns terríveis. Assim era Marcílio Simonette. Sua fama era chegar e com dois meses de trabalho nas agências o Gerente “voava”. Evaldo Oliveira, muito ladino, resolveu batizá-lo como: “Inspetor Só Lhe Mete”.
ADOLFODIAS – Logo na posse, ganhou o apelido formado pelo próprio nome: Adolfo Moreira Dias, através do qual era assim referido e saudado. Achava graça.
ANTICONCEPCIONAL – Quando na década de 60 se instalou no BB o sistema de Caixa-executivo, era um exaustivo trabalho, pois fazia parte da atividade permanecer em pé. As esposas segredavam entre si que seus maridos estavam postergando “aquela obrigação conjugal” e o modelo passou a ser conhecido como: ”Anticoncepcional”, dado à exaustão deles. Os funcionários do setor chegavam em casa e não conseguiam “trepar” nem nas camas. Dormiam nos sofás mesmo.
BARATA DESCASCADA – Cidadão que havia sido acometido de vitiligo, aquela doença que deixa o corpo todo pintado de manchas brancas, tornou-se conhecido, na intimidade, como “Barata Descascada”.
MANEQUIM DE FUNERÁRIA – O colunista fubânico Mardonio Pessoa, nos lembra a alcunha de certo colega dos seus tempos na Mesbla, que andou desfilando de paletó e gravata. Dado ao biótipo físico – magro, alvo e pálido – não deu outra, naturalizou-se: “Manequim de Funerária”.
BODE RESPIRATÓRIO – Gregório era Porteiro e havia rigor com os horários. Depois do expediente, um “ilustre desconhecido” forçou a entrada dizendo que era autoridade. Foi impedido. Da rua, telefonou para o Gerente, que autorizou o ingresso. Momentos depois, recebeu cordial orientação, mas retrucou, dizendo que sempre era tratado como um “Bode Respiratório”. O apelido colou.
BOMBO FROUXO – Pela conformação abdominal, que o obrigava a andar meio desengonçado, recebeu a alcunha de “Bombo Frouxo”.
BOSTA DE URUBU – Um camarada que não parava nos setores, porque sempre amanhecia o dia mascando alho, a fim de tirar o mau hálito provocado pela “Pitucilina”. Ninguém queria estar por perto dele pra não sentir seu “bafo de onça.”
BARÃO DE CHOCOLATE – Mauro Mota publicou “Barão de Chocolate & Cia.”, trabalho mostrando a importância dos apelidos na vida das famílias, das empresas e das cidades, com base no Anuário Pernambucano, de Júlio Pires Ferreira, em 1903.
Belas recordações, caro Carlos Eduardo Santos.
Quantos apelidos engraçados, engraçadíssomos, não fazem parte do nosso vocabulário riquíssimo de fuleiragens. É por isso que o gênio da fuleiragem, Falcão, diz que a “Besteira é a Base da Sabedoria.”
Forte abraço, amigo! E obrigado pelos apelidos engraçados.
É leitor e pancada. Obrigado por enriquecer meu Ibope.