Tudo mundo sabia que a possível eleição de Lula representaria um período de revanche contra todos aqueles que lhe colocaram na cadeia. Todos nós devemos nos lembrar que durante o papo inicial de uma entrevista que lhe daria a correligionários, num determinado momento ele disse que “queria fuder o Moro”. No esteio desse caminho de ódio, Deltan Dallagnol foi cassado pelo TSE, com parecer favorável de Benedito Silva, aquele mesmo do tapinha na cara que disse “missão dada é missão cumprida”. Ressalve-se que Dallagnol não teve nenhum processo administrativo contra ele e teve uma determinação da TER-PR dizendo que o mesmo não tinha restrições.
O assunto dos últimos tempos é o caso de Sérgio Moro. Cotejado pelo PODEMOS de Álvaro Dias para ser candidato a presidente, Moro embarcou nessa proposta, mas acabou concorrendo ao cargo de senador, sendo eleito com milhões de votos e agora, o PT, certamente por interesse do presidente e o PL, certamente por não perdoar ele ter saído do governo Bolsonaro, entraram com esse pedido de cassação e isso só não foi avante porque faltava um juízo para compor o colegiado. O juiz foi nomeado pelo presidente e seu voto, lógico, foi favorável à cassação.
Quando o sistema judiciário de um país passa a ter dono, ou seja, passa a ser subordinado ao presidente da república, os direitos individuais, a equidade e justiça social deixam de ser meios para o equilíbrio democrático para se transformar numa caricatura grotesca do estado de direito. Na Venezuela, quem manda no judiciário é Maduro e lá todos agem para mantê-lo no cargo indefinidamente. Aqui, o filho de Lula que esta semana encheu de porrada sua esposa, ao que foi divulgado, disse que o pai dele manda na justiça. Qualquer pessoa de bom senso, imparcial, sabe que as peripécias judiciais para tirar Lula da cadeia são semelhantes àquelas que o presidente Maduro usa desde sempre.
Nesse sentido, o objetivo desse texto é apontar alguns erros cometidos por Moro para chegar nessa situação extrema. O primeiro deles foi deixar a vaidade interferir nas suas decisões enquanto juiz. Claro, que tudo que ele mostrou jamais vai deixar de ser uma comprovação de toda corrupção praticada por Lula e seus correlegionários. Foi vergonhoso ver e ouvir depoimentos de pessoas envolvidas, como Joesley Batista, Marcelo Odebrecht, Antônio Palocci, dentre outros. Moro acreditou, assim como Bolsonaro, que a luta contra o sistema seria vencida. Ledo engano. A operação Mãos Limpas que ele usou como referência também foi engolida pelo sistema na Itália.
Eu queria deixar claro que nunca entendi aquelas conversas com Deltan como algo pernicioso. Eu sempre disse que o que ouvi ali era uma conversa de pessoas dispostas a combater o crime, ao contrário das conversas dos investigados que tratava de praticar crimes. Mas, entendo que ter saído do cargo para ser ministro de Bolsonaro foi uma escolha equivocada. Moro era um juiz experiente, mas como político era um cego por natureza. Sua primeira tentativa foi lutar para que Fernando Bezerra Coelho, investigado por desvios de valores da ordem de R$ 5 milhões, não fosse designado como líder do governo no senado. Perdeu e passou a ver o quão seria difícil conviver com políticos que ele tinha condenado.
A hostilidade do ambiente político passou a desgastar Moro e, acredito, foi nesse ponto que ele percebeu que não adiantaria ser ministro porque pouco ele teria capacidade de resolver, mas com a possibilidade de ser presidente talvez fosse mais lógico o jogo político. Saiu do governo e com isso externou fragilidades que deveria ter permanecido de forma interna no governo ou no partido.
Agora, o que mais me chocou foi a procura dele por um ser asqueroso como Gilmar Mendes para ouvir algo como “a coisas mais certa que Bolsonaro fez foi lhe tirar de Curitiba!”. O caro poderia ter enfrentado o processo de cassação com altivez. Morrer de fome ele não vai porque sua esposa se elegeu como deputada federal e ele, particularmente, tem um currículo muito bom a ponto de atrair convites da iniciativa privada.
Infelizmente, Moro fraquejou e na tentativa de manter o cargo foi pedir auxílio na fonte da sua derrocada como juiz. Foi o STF contando com apoio de decisões de Gilmar Mendes que a Lava Jato foi devidamente enterrada. Não custa lembrar que Gilmar Mendes voltou favorável a prisão em segunda instância, em 2016, mas quando seu chefe foi preso, em novembro de 2019, Gilmar Mendes voltou contra a prisão em segunda instância. Não custa lembrar que como ministro do TSE, Gilmar Mendes deu provimento a cassação da chapa Dilma – Temer, mas com o impeachment de Dilma, ele correu para salvar Temer.
Foi este ser abjeto que Moro procurou abrigo. É triste constatar que Moro DesMOROnou. Não é um herói que morre por overdose, mas um que sucumbe ao poder do sistema.
Caro Maurício, para mim Moro desmoronou exatamente às 11 e meia do dia 22/04/2020 uma sexta-feira, quando fez um discurso na imprensa pedindo demissão do governo e acusou Bolsonaro de estar interferindo nas ações da PF, algo que se demonstrou ser mentiroso.
Na época, logo que isso aconteceu, fiz minhas críticas aqui neste espaço e fui uito contestado.
Depois disso foi só ladeira abaixo. Até os que o defenderam no começo se afastaram. Moro se perdeu.
O que acontece agora é reflexo dos acontecimentos do dia 22/4/20.
Eu não concordo com sua cassação, porém não gasto mais meu tempo com traidores.
JF, para mim a salvação dele foi ir para o governo, mas também foi a maior merda. Ele sabia que ia conviver com corrupção e a política vez por outra fecha a cara para isso em nome da tal governabilidade.
Moro, mesmo em sua fase de “herói” nunca foi conservador. Suas teses estavam mais para o globalismo Woke ESG.
Ao entrar em um governo de direita conservadora, Moro deveria deixar seu comportamento liberal globalista de lado; mas não, sua primeira medida foi nomear como sua conselheira a tal Ilona Szabó, mão do Soros no BR através da Open Society.
Daí para frente foi só merda. quando estourou a Vaza Jato, Bolsonaro o carregou no colo. Não tem justificativa a saída dele atirando contra quem lhe deu apoio em uma hora difícil.
Moro está pagando com juros e correção monetária a posição que tomou contra Bolsonaro, e “saiu atirando” contra ele, ao se afastar do governo. “Cuspiu no prato que comeu”.
É lamentável a humilhação por que está passando! Que ele continue no mandato e elegível! Ele tem mais valor do que certos ministros.
Minha querida Violante, fiquei sem entender o nível de humilhação a que ele se submeteu. Foi um prato cheio para Gilmar e todos aqueles que discordavam do seu trabalho, ou seja, aqueles que consideravam Lula inocente.
Prezado Assuero:
O que eu quis dizer foi que Moro não merece essa humilhação ou punição de ser cassado e ficar inelegível, que querem lhe aplicar. Ele é brilhante, mas errou quando deixou o governo Bolsonaro e foi logo dar entrevista à Globo, detonando o Presidente.
Eu entendi sua opinião. O que eu estava querendo dizer era que não entendia como ele chegou ao ponto de se humilhar desse jeito pedindo arrego a um cara como Gilmar Mendes
Cara Violante, Moro se humilhou de forma incondicional, o que demonstra seu caráter.
Caiu no colo do Gilmar, seu maior detrator no STF e perdeu a dignidade de vez.
Prezado João Francisco:
Aí já é outro caso. Moro jamais deveria ter se rebaixado a tanto!
Você tem razão!
Parabéns pelo excelente texto, prezado colunista Maurício Assuero!
Um ótimo domingo!
Obrigado, querida
Caro Maurício,
Mais um dos seus elucidativos comentários, este, porém, me arvoro a acrescentar ao parágrafo:
“Todos nós devemos nos lembrar que durante o papo inicial de uma entrevista que lhe daria a correligionários, num determinado momento ele disse que “queria fuder o Moro”.”
Mas, na verdade, desejou fuder todo o povo brasileiro.
Um abração do seu escudeiro,
Carlos Eduardo
Carlos, obrigado pelo acréscimo.. o pior é que ele está conseguindo.
Meu Caro Maurício. Pindorama já deu o que tinha que dar. Está na hora dos portugas voltarem para a terrinha, os afrodescendentes voltarem para a África e deixar a terra de volta aos caetés originais. Essa balbúrdia e arremedo de democracia, de república e republicanismo é fruto da nossa incapacidade inata de vivermos em civilização. Não deu certo. Desde quando Cabral botou os pés aqui a confusão e o arbítrio já despontavam. Nosso negócio é a fogueira primitiva, o anti-intelectualismo, a irracionalidade, a malandragem dos bons bugres metidos no meio do mato. Essa estrutura civilizacional não calha em nosso espírito, não cabe em nossa percepção de organização humana. Vamos voltar para o mato, é mais negócio do que tentar ficar arremedando uma estrutura que não cabe em nossa cabeça. Custa muito, é violenta e só poucos privilegiados comem esse banquete.
Roque, concordo com tudo. Devolve essa merda que os portugueses saberão fazer melhor, ou deixa tudo com holandeses que muito contribuíram para construção da Veneza Brasileira. Maurício de Nassau fez até boi voar.
PARE, OLHE, ESCUTE e comente…
Bomrício, ouso cantar…
Cazuziando e cantando:
“Que aquele garoto que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do Grand Monde”.
Avalanche… “É triste constatar que Moro DesMOROnou”, escreveu Assuero neste domingo. Maurício, meu caro, coloque na vitrola o Cazuza cantando IDEOLOGIA, uma música perfeita para os que gostavam do ex-juiz (muito havia nas entrelinhas daquele primeiro encontro dele com o Jair em um aeroporto).
Abraço e um ótimo domingo
Dr. Honoris Coco, você é demais. Robertiano eu diria que você “diz muitas coisas sem falar”. A merda é essa: cazuziando, “quando eu queria mudar o mundo, meu carro via cheio de gente”. Abraços