A PALAVRA DO EDITOR

Todo ano, nas vésperas de eleições surgem candidatos a cargos eletivos, prometendo mundos e fundos para extirpar as desigualdades das fronteiras brasileiras. Nesse tempo todo, caso as promessas fossem cumpridas, o país estaria navegando em águas mansas. Com poderes para garantir ao cidadão os direitos básicos que a Constituição Federal lhe reserva.

Porém, como os políticos são esquecidos, não gostam de cumprir a palavra, o Brasil se entulha de desigualdades. Enfrenta mil disparidades. Tá cheio de carências enraizadas na cultura, na educação, na escolaridade, na saúde, no lazer e na moradia. Os abusos marcam presença em todas as áreas. Do pequeno aos peixes grandes.

Embora não seja uma exclusividade brasileira, as desigualdades massacram. Está na desigualdade de gênero, na parte econômica, no social e principalmente na questão regional. Causa da existência de dois brasis.

Qualquer um percebe a diferença. O Brasil do Sul é rico, estruturado, dispõe de renda maior. Já o Brasil do Nordeste engloba a pobreza. Enforcado em necessidades. Tá na cara. As diferenças evidenciam ser o Brasil um país plenamente injusto e falso. Onde as mulheres ganham menos do que os homens e o cidadão de cor negra dificilmente consegue equiparar a sua faixa salarial à do branco.

Evidente quem existem exceções, mas com raridade. A não ser no futebol e na música onde a raça negra domina, aparece socialmente. Participa da elite. Está na crista da onda. Nas manchetes da mídia, lotando campos de futebol e teatros com seus excelentes shows.

É fácil perceber a presença das desigualdades no país. Basta verificar a imagem e o comportamento das pessoas na rua, durante as caminhadas, no metrô, no trânsito, no trabalho, no meio das torcidas nos estádios, no contracheque onde a concentração de renda dispara, na falta de solidariedade e na presença marcante da vaidade humana.

O problema é grave. Submete milhares de pessoas às privações. Mas, quem criou as desigualdades? Ora, o criador das desigualdades foi a sociedade. As diferenças sociais são responsáveis por colocar o Brasil dentre as nações com maiores índices de desigualdades no hemisfério mundial.

As diferenças começam pela má distribuição de terra. Seguem pela maneira de usar e explorar o próprio chão. A terra do rico é explorada com mecanização. A roça do pobre ainda é preparada na base da enxada, do suor e da força física. Sem técnica, conta apenas com a experiência que o roceiro herdou do pai.

Essa maneira improvisada de limpar o terreno para o plantio, acaba provocando às vezes agressão ao meio ambiente. Incentiva o desmatamento e as queimadas. Como a maioria dos agricultores possuem apenas um minúsculo pedaço de terra para sobreviver, procura fazer milagres. Mesmo agredindo a natureza. Sem desconfiar de estar cometendo crime ambiental.

Outro fator fruto das desigualdades recai sobre a renda e a riqueza. Apenas 1% da população detém mais de 30% da riqueza do país. Então, quanto maior a renda, menos imposto os ricos pagam. É por isso que a arrecadação de impostos acaba caindo nas costas do assalariado que injustamente sustenta a barra do país. Apesar de não usufruir das mordomias, o pobre é o verdadeiro pagador de impostos no Brasil.

As consequências das desigualdades são mortais. O racismo, o desequilíbrio do sistema tributário, o desemprego e a péssima distribuição de renda revelam a ausência de políticas públicas para combater os eternos problemas brasileiros.

Num país onde a metade da população é da ração negra, é público e notório, A discriminação e a segregação dificultam a aproximação social. Então o salário das pessoas de cor mais saliente é geralmente menor. Daí a rejeição, o distanciamento social. É nítida a presença da segregação racial entre as três raças. A europeia, africana e a indígena.

A pesada carga tributária, resultante dos extorsivos gastos públicos, é outro problema grave. O excesso de impostos indiretos e os poucos impostos diretos são desleais. Desta forma, sobra para o pobre pagar nas compras de bens de consumo o mesmo valor pago pelo rico. O que é uma injustiça. Esta desvantagem está explícita na falta de retorno dos impostos cobrados no país.

Quem depende do serviço público recebe as pauladas da precariedade na educação, na saúde, no transporte e até no Judiciário. O processo do rico no instante se resolve. No entanto, a ação de um pobre se arrasta na Justiça. A perder de vista.

A educação para aos filhos das famílias pobres não tem a mesma qualidade do ensino oferecido pelas escolas particulares, onde estudam os descendentes das madames. Na saúde pública, então nem se fala. A discrepância é maior. A saúde pública disponibilizada aos pobres é ruim à beça. Os profissionais da saúde nem sempre atendem com a mesma atenção dispensada aos figurões. Também pudera. As condições estruturais são péssimas.

Onde o normal na faixa pobre é a demora nas consultas, exames e cirurgias eletivas. As filas intermináveis, os longos prazos para o atendimento, a falta de leitos nos hospitais, a precariedade no atendimento e o elevado número de mortes, estressam, humilham.

O pior é o IBGE constatar que as desigualdades aumentam no país. Em 2018, do total da renda do país, 40% estavam concentradas nas mãos de apenas 10% da população.

Apesar de não enfrentar guerras internas, o Brasil apresenta a maior média de homicídios do mundo. A causa está na desigualdade social, no baixo nível de escolaridade, na vaidade, no preconceito que alimenta o alcoolismo e nas drogas que estimulam a violência, contribuindo para a explosão da criminalidade.

O impressionante é Gana, um país da África Ocidental. Embora seja um dos países mais ricos do continente africano, grande exportador de ouro e cacau, Gana, em relação à economia brasileira, é considerado uma nação pobre.

Em 2012, Gana viu parte de a população deixar o país para fugir da violência. No entanto, a situação mudou. Gana dribla a criminalidade. Atualmente, a população pode caminhar tranquilamente na rua, a qualquer hora do dia, sem o medo de sofrer ataques de bandidos na próxima esquina. Fato comum no Brasil. Berço de bandidagem e de precária assistência policial.

6 pensou em “DESIGUALDADES

  1. Prezado Carlos Ivan,

    Eu já estou completamente de saco cheio dessa conversa de desigualdade.

    Para quem não sabe, Deus não é socialista ou Marxista. Nenhum fio de cabelo é igual ao outro. Nenhuma folha de grama é igual a outra. EU NÃO QUERO SER IGUAL A NINGUÉM!!! EU SOU EU. PRIMEIRO E ÚNICO!

    Essa conversa de igualdade é uma grande embromação para enganar otários. Leia a crônica de hoje do nosso colega Marcos Mairton. Veja que belíssimo exemplo de superação de adversidades dado pela sua mãe, por ele e por seus irmãos.

    Tudo o que se precisa neste país é que prostitutazinhas adolescentes parem de proliferar bastardinhos ao léu, sem direito nem de saber quem é o suposto pai, sendo criadas por avós que já não tinham condições de prover nem o próprio sustento e sendo forçados a dividir com mais as ninhadas geradas em bailes funk e ao sabor de muita maconha.

    Os jovens que produzissem um bastardinho desses não deveriam só serem excomungados até a quinta geração não, como fazem os judeus. Deveriam simplesmente serem castrados!

    • Vicejam na mídia brasileira pessoas tão bem intencionados como o señor Carlos Ivan. Poderíamos complementar o texto elencando milhares de outras vicissitudes que assolam nosso povo, mas (maldito mas) isso nada resolve, é texto estéril, pois FALTA o trabalho meticuloso e necessário de ELENCAR as soluções. Nós precisamos é que apontem o caminho a seguir, pois todos nós, filhos de pobreza (e quem não é !?), precisamos de AÇÃO, não de blá, blá, blá…

      Impossível esquecer que todos nós (duzentos milhões de brasileiros) gostaríamos de morar na grandiosa PROPAGANDA do pt (Alô, alô João Santana, aquele abraço!!!).

      • Caro Sancho Pança, obrigado pela força. Com muita propriedade, vc complementou o que faltou ser focalizado no texto sobre Desigualdades. Felicidades procê. .

    • Caro Adônis Oliveira, desculpe pelo tema abordado. Cada um na sua. Vc tem toda razão de não tolerar mais a repetição do assunto, porém, desigualdade está enraizado no país e em muitas partes do mundo. Como é um eterno baú de votos, tão cedo, a política vai se esmerar em resolver esta pandemia de diferenças econômico/sociais. Então, por isso, é bom sempre alertar .para que toque na sensibilidade de alguém que apareça com força para exterminá-lo do Brasil, onde é combatido apenas nas palavras políticas. Nunca, na essência. Vc é um moço preparado, sabe as coisas. Maneja bem essa área, mas deixe a gente tocar nas feridas para ver se um dia aparece um infectologista para curar esse mal do velho e sofrido Brasil. Pode ser?

  2. Meu caro Carlos Ivan,
    Sem a menor sombra de dúvida que tens todo o direito de externar teu descontentamento com a situação de tremendas disparidades sociais existentes em nosso país.
    A minha revolta é exatamente a mesma tua! Só a nossa abordagem do problema é que é um pouco diferente.
    O que eu discordo (violentamente, às vezes, reconheço!) é que seja cobrado do governo que proporcione atendimento médico de primeiro mundo, escolas de altíssimo nível, belas casas financiadas a perder de vista e sem juros, bolsa isso, bolsa aquilo, etc. etc. etc….
    Minha visão é que:
    1- O GOVERNO NÃO PARIU NINGUÉM!
    2- QUEM PARIU É QUE TEM A OBRIGAÇÃO DE TRABALHAR ARDUAMENTE para manter e educar suas crias.
    Não aceito, nem nunca aceitarei, que todos os ônus decorrentes de procriações irresponsáveis sejam jogados nas costas da população que trabalhou e trabalha para criar seus próprios filhos.
    SE, E QUANDO eu quiser fazer isso, adotarei uma criança. Coisa que, aliás, pretendo fazer muito em breve.
    O que eu não aceito é conversa mole de político ladrão dizendo “Eu vou cuidar das pessoas!”
    Vá cuidar da mão dele e pare de me extorquir para bancar a safadeza dos pais e mães irresponsáveis.

    • Caro Adônis vc tirou da minha boca esta frase, corretíssima, endereçada aos políticos safados. Vixe como tem de montão no Brasil . É o que mais tem. ” Eu vou cuidar das pessoas”. Pela sinceridade e coragem de dizer as coisas, sou seu fã, Adônis. .

Deixe um comentário para Adônis Oliveira Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *