Um nome vale mais que uma carteirinha. Ou não?
O mais antigo nome conhecido de Coronel ficou famoso na Espanha (Andaluzia) por causa de Doña Maria Coronel, que viveu entre 1334 e 1411. Seu pai perdeu a cabeça literalmente, acusado de sublevação, sendo decapitado por ordem do Rei Peter I, “O Cruel”, que reinou entre 1350 a 1369. Quatro anos depois seu marido teve a mesma sorte. Bonita, rica e altiva que era, resistiu bravamente aos avanços do Rei, refugiando-se no Convento de Santa Clara, onde as madres clarissas a esconderam. Para se ter uma idéia da brabeza de Doña Maria Coronel, ela, de saco cheio das insistentes cantadas reais, um dia desfigurou a cara do rei quando jogou nela azeite fervente, quando ele descobriu onde estava escondida e avançou doidão sobre ela. Em 1373, após a morte de Peter I, e retomar suas posses, ela fundou o Convento de Santa Inés em Sevilha, na Espanha, na mesma rua do Convento Santa Clara, que abriga freiras da ordem de Santa Clara até os dias de hoje.
A rua dos dois conventos, em Sevilha, se chama Calle Doña Maria Coronel.
Houve também, antigamente, Don Hernando de los Rios Coronel, figura importante na Época de Ouro da conquista espanhola das Filipinas, entre 1588 e 1590.
No mundo atual, há o Dr. Emmanuel Coronel, renomado gastroenterologista, com pós-doutorado na Beth Israel Deaconess Medical Center, atualmente exercendo suas atividades no Texas, Estados Unidos.
Há também o jogador de futebol brasileiro Carlos Coronel, nascido em Corumbá, MS, goleiro do New York Red Bulls.
Ou o Dr. Emerson Coronel, grande especialista em diabetes em Mariland. E que tal Pedro Coronel, reputado consultor de empresas na Suiça, Master em Engenharia Elétrica pela École Polytechnique Fédérale de Lausanne e PhD também em Engenharia Elétrica pela EHT em Zurich?
Ou, em um caso mais eclético e sacudido, el señor Ignácio Coronel Villareal, mexicano nascido em Veracruz em 1954, também conhecido como “Nacho Coronel”, tendo sido responsável por contrabandear toneladas de um inocente e sacudido pozinho branco em navios pesqueiros da Colombia para o México e daí para o Texas e Arizona. Era também conhecido como “O Rei dos Cristais”, por seu poderoso domínio no contrabando de metanfetamina. Atualmente, associado ao cramunhão Asmodeu, está traficando pozinhos e cristais lá nas profundas do inferno.
No Brasil há a história do arretado engenheiro e senador baiano Angelo Coronel (Angelo Mario Coronel de Azevedo Martins), solidamente estável e firme em suas convicções políticas, sendo filiado aos partidos MDB, 1989 – 1992; PSDB, 1992 – 1996; PL, 1997 – 2006; PR, 2007 – 2009; PP, 2009 – 2011 e PSD desde 2011. Bastante consistente com seu idealismo político, como se pode depreender dessas informações sobre sua carreira política.
Tudo isso é contado para falar sobre o assucedido com um jardineiro, que cortava rotineiramente a grama de minha casa em São José dos Campos. Chamava-se Antonio Coronel, e era tão simplório quanto seu pai.
Antonio Coronel sabidamente não era oriundo de nenhuma das famílias Coronel citadas acima, ou mesmo de alguma outra de menor extração. Seu pai, uma pessoa simples, cansado de não ser importante, resolveu que pelo menos o seu filho seria. Segundo a história contada a este fuxicador fuxiquento que aporrinha vosmecê com essas patranhas sem valor algum, tentou por em seu filho o nome de “General”, mas o oficial do cartório se recusou, alegando que “General” era uma patente militar e não um nome. Então nosso personagem descobriu que “Coronel” era um termo já consagrado como sobrenome e meteu bala:
– Já que não pode ser General que seja pelo menos Coronel.
E assim foi feito. Havia um outro sobrenome, da família, é claro, mas isso não importava. O que pegou mesmo foi que só chamavam seu filho de Coronel.
Entre 1964 e 1985 o fato de ser militar inspirava um arretado respeito na galera brasileira. No início de 1974, em pleno regime, ainda sob a presidência de Garrastazu Medici, um general da linha dura, o Antonio Coronel completou seus quarenta anos de idade e resolveu comemorá-los com toda a pompa junto a seus amigos cachaceiros. Encheu tanto a cara que não conseguia mais dirigir o carro. Dois dos amigos, pouco menos encachaçados, tiveram que levá-lo de volta para sua casa.
No caminho, o veículo foi parado por uma patrulha da Polícia Militar. O cheiro da mardita impregnava todo o interior do carro. Os soldados, de pronto, apreenderam a carteira do motorista, junto com os documentos do carro. E queriam também os documentos de identidade de todos.
Só que havia um problema: o Coronel, encolhido no banco traseiro, roncava mais que um porco, curtindo a bebedeira. Os amigos disseram que seria difícil acordá-lo e fazê-lo mostrar seus documentos, que deveriam estar em algum dos bolsos da roupa. O cabo que comandava a tropa não quis saber de nenhuma desculpa:
– Acorde-o de qualquer maneira.
Então o que estava dirigindo candidamente alegou:
– Xi, rapaz, quando o Coronel acorda ele tem um mau humor do cão. Acho melhor não tentar.
E falou de maneira tão espontânea que o cabo recuou:
– Coronel? Bem, deixe o coronel em paz. Toma aqui seus documentos e se manda daqui bem ligeirinho. Não digam a ninguém que vimos vocês. Só tratem de não arrumar confusão no caminho!
Mais vale um Coronel bêbado, das antigas, que um caminhão de melancias de hoje.
Pura verdade. No mínimo, eram machos. Quando eu era estudante ginasial na região de Cuiabá, um dia um delegado de polícia cornudo resolveu prender o sargento Ricardão, que colocou os chifres no delegado. Não durou 12 horas a prisão. Uma turma de soldados do batalhão baixou na Delegacia, soltou o sargento e deu um cacete em todos que lá estavam, incluindo o chifrudo. Na minha época, mexer com milicos dava nisso!
Um grande abraço,
Magnovaldo
E que tal “Marechala”? É mais apropriado.
Beijos coronelantes
Putz, sinto muito. Pelo menos ela tentou. No meu caso, nem os Santos ajudaram!
Grande abraço,
Magnovaldo.
Bora conversar, né? Sexta-feira, às 19h30, naquele link que você já participou. Não vamos falar de acidentes, talvez alguns incidentes… cômicos, leves, relaxantes…. ontem, Maurino foi pra um evento na UFBA sobre “como ensinar com o cu…” Acho importante ele participar pra contar essa experiência….
Cumpade Magnovaldo, boa noite!
Na terça feira, o coronel Bitônio Coelho aporta aqui para proteger sua maria bagomoleana – como a chama Sancho – das ameças do comissário Juvêncio Oião, que foi preterido pela cafetina em pró do coronel do alazão branco, de trote sincopado.
Mais uma das histórias que o mestre nos narra à moda seu estilo engraçado, inconfundível.
Parabéns mais uma vez.
Ciço, meu bom compadre: que nada, apenas trato de trazer para os filhos, netos e amigos um pouco da parte divertida que eu vivi. As coisas não tão divertidas guardo comigo mesmo, como diria a Vilma Rucéfi. Imagino que meus amigos já têm aporrinhações suficientes para os atropelos da vida.
Tenha uma semana cheia de saúde, paz, alegria e prosperidade junto aos seus queridos.
Abraços,