COMENTÁRIO DO LEITOR

Comentário sobre a postagem SAUDADES DA ILHA DA FELICIDADE

Goiano:

Quando da implantação dos regimes comunistas em vários países, inclusive em Cuba, as pessoas que tinham riquezas ou dons especiais, como os médicos, artistas e esportistas, além de políticos, vislumbrando as limitações que sofreriam no usufruto de suas propriedades, dinheiro, jóias e tudo o mais, ou no desenvolvimento lucrativo de suas carreiras, que iriam secar, começaram a cair fora. Os regimes, atentos a essas perdas, fecharam suas fronteiras. Cuba, que era chamado de puteiro dos Estados Unidos, teve a facilidade da pouca distância de Miami, para onde grande parte desse contingente partiu para refugiar-se.

Ao contrário dos refugiados mexicanos, por exemplo, seu ingresso nos Estados Unidos oferecia vantagens para os Grandes Irmãos do Norte, tanto politicamente quanto economicamente, pois grandes fortunas se mudavam para lá, como artistas, esportistas e profissionais liberais.

Ainda hoje, as vantagens do capitalismo atraem: Um médico cubano que ganhava 1.200,00 reais pode passar a viver aqui com um salário de 10.000,00 e, com o tempo, aumentar muito mais essa renda, na medicina privada.

Pode ser verdade que muitos retornam por razões familiares, pode não ser por sua família se tornar refém do governo cubano (o que significaria isso na prática, nos tempos atuais?), mas por não poder trazer a família, isso sim, pois as fronteiras, mesmo com uma certa distenção, continuam segurando os cubanos no país, para que não perca seus valores.

Mas há uma outra verdade, que é o amor à pátria.

Muitos médicos cubanos voltaram para Cuba e tantos declararam que vão trabalhar no exterior por solidariedade e razões humanitárias; e muitos deles são adeptos do regime cubano, apesar das dificuldades porque Cuba passa.

Como diz João Francisco, de oito mil, dois mil ficaram no Brasil, para gozar o deslumbramento do capitalismo. E ele declara que 75% voltaram, por suas razões particulares que cada um sabe quais são e afirmar que é porque Cuba castigará seus familiares pode ser um exagero ideológico.

Muitos médicos cubanos declararam seu amor ao seu país acima de tudo e acredito que os que o fizeram estão entre os que retornaram a Cuba.

Ainda em 2014 lemos uma entrevista de um médico do programa que reprovava os que abandonavam o programa para ficar no Brasil, evadindo-se de Cuba. Era o Aramys Cruz, que dizia que seu objetivo não era dinheiro: ele mesmo já trabalhara no Haiti, no Paquistão e na Venezuela, antes de vir para cá, e não pretendia abandonar o seu país.

“JVA – Muitos médicos cubanos veem sua participação no ‘Mais Médicos’ como uma “ajuda humanitária” ao país. O senhor também entende dessa forma?

ARAMYS – Sim. Nossa tarefa cabe precisamente suprir uma necessidade de atenção médica das pessoas de mais baixo recurso. Já estamos acostumados a isso porque ficamos em vários países. Estivemos atendendo países que passaram por grandes catástrofes, como o Haiti. Estivemos no Paquistão, cinco anos na Venezuela, sempre guiados por este sentimento de ajuda à humanidade, de fazer pelos que menos têm e sentirmos úteis para a humanidade necessitada.

JVA – É verdade que, pelo contrato, o salário dos cubanos que atuam no ‘Mais Médicos’ é de US$ 1 mil, sendo que vocês recebem US$ 400 (R$ 964) para custear a vida no Brasil, e que os outros US$ 600 (R$ 1.446) são depositados em uma conta em Cuba?

ARAMYS – Realmente, sim. Se vamos ficar no Brasil por uma questão humanitária, não é o dinheiro que deve nos mover a ficar aqui. Nós estamos acostumados (a isso) de forma geral. Nossos médicos cubanos são formados em um ambiente de ajuda humanitária, de internacionalismo proletário. Somos desinteressados de uma realidade de dinheiro. Dinheiro não é o que nos move a ficar fora do nosso país. O que nos move é ajudar a outros países que estão necessitados realmente de uma atenção médica.

JVA – O senhor vê necessidade de no Brasil, assim como em outros países, a medicina estar mais voltada para a ajuda humanitária?

ARAMYS – Realmente essa deve ser a base do proceder médico. A medicina é a profissão mais humanitária que o homem pode escolher. A medicina surge para tratar o ser humano necessitado e doente, e não precisamente como uma mercadoria.

JVA – Como o senhor avalia a conduta da cubana Ramona Rodrigues, que desertou do ‘Mais Médicos’ e pediu asilo no Brasil?

ARAMYS – Essa não é a nossa razão de ser. Ela não representa a nossa conduta. Somos milhares aqui no Brasil e uma só pessoa não representa o sentido de ser dos demais médicos cubanos.”.

Nós, com nosso patriotismo de gaveta, não estamos muito acostumados a esse tipo de filosofia e comportamento humanitário. E se alguém se mostra com essa atitude fazemos muxoxo e não acreditamos – afinal, como pode alguém abdicar do luxo ou da possibilidade de riqueza para servir aos outros?

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Não é a realidade de Cuba, são várias realidades, mas tu só enxergas uma.

Uma realidade é dos que gostariam de sair e não podem.

Outra realidade é dos que gostariam de sair e conseguem.

Outra realidade é dos que não querem sair.

Leonardo Padura, autor consagrado, do romance O Homem que Amava os Cachorros, que li, declarou que podia ter saído de Cuba mil vezes, mas que Cuba é o País dele (esse poderia, também, viver à forra em qualquer lugar do mundo, seus livros rendem uma boa grana…).

Cuba é um país pobre, mas não chega a ser pior do que a pobreza de muitos países livres, democráticos e capitalistas, que vivem em favelas sem esgotos, sujeitos a doenças e vivendo a fome e a miséria, sendo que lá é pobre mas limpinho.

Veja só o que quero dizer com limpinho.

Os cubanos alcançaram a mais baixa taxa de mortalidade infantil da história em 2017. Segundo dados divulgados da Direção de Registros Médicos e Estatísticos de Saúde do país, o índice do último ano foi de 4 por cada 1 mil nascidos vivos. Nos últimos dez anos, o número tinha se mantido em 5. 

Melhor do que nos Estados Unidos (e no Brasil):

Nos Estados Unidos, o índice geral de 2017 ficou em 5.9 mortes por 1 mil nascidos, segundo ranking da United Health Foundation. Vale destacar que entre os negros, o índice sobe para 10.8 por 1 mil nascimentos, enquanto brancos têm a taxa de 5.

No Brasil, segundo o IBGE, em 2015, a taxa de mortalidade infantil brasileira (até 1 ano de idade) era de 13,8 para cada 1 mil nascidos vivos.

Cuba zerou o analfabetismo.

E tu só te ligas em crise de sabonete e papel higiênico.

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Sim, Cuba é uma ditadura… e daí?

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O analfabetismo dos miseráveis lá é zero, ou seja, eles não comem mas sabem ler e escrever.

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