CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Lourenço da Fonseca Barbosa, o inimitável Capiba

“Espinha de Peixe”, meu saudoso colega Humberto Leitão da Silva, magricela por excelência, ficou espantado com certa cena que presenciou na década de 1940. Dois funcionários saindo da cúpula, lá do 3º pavimento do prédio, de cuecas.

Um deles foi identificado como o novato Lourenço da Fonseca Barbosa, recém-empossado e o outro, Pero Rodrigues de Sena, ambos admitidos “a título Precário”; ou seja, durante dois anos, ficariam em período de experiência.

Uma notícia correu à boca pequena.

– De cuecas, em pleno expediente, viram dois colegas trabalhando no setor de Arquivo Geral!

O “Prédio Velho”, situado na beira do cais do Porto do Recife, era um “forno” e os novos funcionários foram incumbidos de arrumar o Arquivo, tendo que deslocar pesados fardos com documentos, para várias estantes em dois andares, onde se exigia o uso das escadas e um sobe-desce infame para relocar farto material.

Para não amarrotar seus ternos brancos, de linho “York Street”, (o chic da época) o Chefe de Serviço sugeriu aos rapazes que poderiam tirar as camisas e gravatas, face ao calor do ambiente.

Logo que deu as costas, os funcionários fecharam a porta e tiraram também as calças, ficando apenas com as célebres “cuecas samba-canção”. Como por aquele pavimento poucos passavam, não haveria problema.

O fato não deu em nada porque “Espinha de Peixe” ficou de bico calado por muitos anos. Até que numa discussão, defendendo que o nome de Capiba deveria ser colocado na fachada do Prédio Novo, por seu mérito; enquanto o outro implicava que deveria merecer uma estátua na Pracinha do Diário.

E “Espinha de peixe” esbravejou:

– Aqui não tem um cabra mais meritório do que Capiba! (o então Precário: Lourenço da Fonseca Barbosa) que trabalhava até de cueca, naquele “forno”, que era a cúpula do “Prédio Velho”.

E no suave bate-boca Capiba se levanta e engatilha:

– Estátua? Deus me livre. Não quero que depois de morto venham os pombos fazer cocô na minha cabeça!

Mas o destino daria boa resposta: hoje o nome do compositor está na fachada da principal Agência do Banco do Brasil em Pernambuco e a estátua está à beira do Capibaribe, onde o Clube de Máscaras Galo da Madrugada faz a volta; ou seja, no coração do Recife.

Um comentário em “COCÔ NA CABEÇA

  1. E o que nos mostra o gigante Dudu em conluio com o destino? Hoje o nome do compositor brilha fachada da principal Agência do Banco do Brasil em Pernambuco e a estátua está à beira do Capibaribe, onde o Clube de Máscaras Galo da Madrugada faz a volta; ou seja, no coração do Recife.

    Acrescentaria apenas: no coração do Recife de de todo o Brasil…

    Falando em coração, beijo no vosso, grande DuduSantos, amigão de Sancho!!!!!!

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