Que pena, o carnaval acabou. Virou saudade. A alegria da folia, que arrastou multidões pelo Brasil, para “cair no passo e a vida gozar” em festejos, bailes, desfiles, privar da convivência com outras pessoas, foi-se. Despediu-se até o próximo ano.
A boa confraternização pessoal na divisão da alegria virou memória. Lembranças. Deixou saudades, nostalgia. Como tudo que é bom tem um fim, não é duradouro, nasce, cresce, amadurece, vive e morre, então, a festa de Momo também se manda, se despede entre abraços, sorrisos, tristezas e melancolia.
Agora, o folião tem de se contentar. Esperar um ano inteiro, fazer planos para voltar a brincar no futuro. Fazer o passo do samba, do axé, do pop, do reggae ou do frevo no próximo carnaval, em qualquer canto do país.
De fato, para quem brincou durante os dias de Momo, e adorou, a quarta-feira ingrata chegou determinada. Acabar com o que era doce. Cortar o barato de muita gente. Terminar os dias do vale tudo. Forçar o brincante a acordar. Cair na real. Voltar para os seus afazeres normais.
Mas, para outros, o carnaval não foi aquela joia. Pelo contrário, trouxe problemas, tristezas, arrependimentos. Pra esses, os cinco dias de alegria rasgada realmente não foram bons, agradáveis. Deixaram sequelas. E até apagar as más lembranças, as decepções, haja paciência, desgosto e boa vontade.
Todavia, independente do gostar ou não do clima de euforia, a atenção agora se volta para novo dia. A Quarta-feira de cinzas.
A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma, tempo de reflexão e do amadurecimento espiritual. Marca os 40 dias que os fiéis passarão entre a terça-feira de carnaval e a sexta-feira Santa, dedicados à penitência e ao jejum.
No calendário gregoriano, os cristãos católicos recebem cinzas para entender que a igreja revive o tempo da penitência e os dias de dedicação às orações.
O sentido das cinzas, bentas e colocadas na testa das pessoas, lembra que o homem é mortal. Tem uma vida transitória. Por isso, vira pó, também, um dia. Dando chances ao homem de se arrepender dos pecados.
Consta que as cinzas são o resultado da queima dos ramos que foram abençoados no ano anterior. No passado, no domingo antes da Páscoa, aconteceu outra festa religiosa. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, montado num jumento.
A entrada lembra que Jesus entrou no templo uma semana antes da Ressurreição. Na igreja, onde será celebrada a missa solene, os fiéis recebem folhas de palmeiras.
Dois fatos marcam o Domingo de Ramos. Enquanto festeja a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pela multidão, evoca também o pedido dessa mesma aglomeração de pessoas, feita na sexta-feira, quando exigiu a crucificação de Jesus.
A escolha do jumento para transportar Jesus tem um fundamento. O animal simboliza humildade, e paz. Ao contrário do cavalo, muito manipulado nas guerras. Daí a preferência de Jesus pelo jumentinho.
Mas, de tudo, fica uma verdade. O Brasil passa o ano inteiro pensando na fantasia do próximo carnaval. Então, não adianta discutir, porque, de fato, só depois das alegrias do melhor feriadão do ano, o país começa a trabalhar.
A regra é estabelecida previamente pelo povo. Se o país para antes do Natal, é natural que se pense em trabalho somente quando o carnaval passar. Após a multidão desacelerar, esvaziar a avenida. Pensar em descanso, justamente na quarta-feira de Cinzas.
Afinal, a carne e o coração do brasileiro foram feitos de carnaval, que, felizmente, gera mobilização, dinheiro e prazer. Ajuda a efervescer o turismo, que faz o país crescer
Prezado Ivan, embora se tenha esse apelo de festa popular, o carnaval está sendo palco de ameaças e agressões gratuitas. Aqui, 43 pessoas foram furadas com agulhas a exemplo do que se faz no São João de Campina Grande. Em Salvador, um cantor, que é deputado federal, dirigiu uma série de impropérios à.policia militar, gratuitamente. No Rio e em São Paulo a nudez parece ser obrigatória. Enfim: é provável a adaptação do carnaval ao tempo, mas até que ponto?
Caro Maurício Assuero, taí, você direto ao ponto. Realmente, os exemplos citados enchem o papo da mídia, após o carnaval. Lamentável.