A GENTE VAI EMBORA
Por considerar interessante para esses dias turvos que estamos atravessando no Brasil, hoje, onde, do Oiapoque ao Chuí, só se veem candidatos espertalhões e políticos ladrões se arvorando às eleições.
Uns no poder e outros dispostos a rifar até o rabo para chegar lá e roubarem também, nada melhor do que ouvir o som dessa belíssima poesia filosófica do poeta Sergio Cursino.
* * *
Imagem postada pelo autor
A GENTE VAI EMBORA
E fica tudo aí: os planos, a longo prazo, e as tarefas de casa, as dívidas com o banco, as parcelas do carro novo que a gente comprou para ter status.
A GENTE VAI EMBORA.
Sem sequer guardar as comidas na geladeira, tudo apodrece, a roupa fica no varal.
A GENTE VAI EMBORA.
Se dissolve e some toda a importância que pensávamos que tínhamos. A vida continua, as pessoas superam a perda e seguem suas rotinas normalmente.
A GENTE VAI EMBORA.
As brigas, as grosserias, a impaciência, a infidelidade, serviram para nos afastar de quem nos trazia felicidade e amor.
A GENTE VAI EMBORA.
E o mundo continua caótico, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença.
Na verdade, não faz.
Somos pequenos, porém, prepotentes. Vivemos nos esquecendo de que a morte anda sempre à espreita.
A GENTE VAI EMBORA, pois é.
É bem assim: Piscou, a vida se vai.
O cachorro é doado e se apega aos novos donos.
Os viúvos se casam novamente, fazem sexo, andam de mãos dadas e vão ao cinema.
Quando menos se espera,
A GENTE VAI EMBORA.
Aliás, quem espera morrer?
Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse melhor.
Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, talvez a gente comesse a sobremesa antes do almoço.
Talvez a gente esperasse menos dos outros.
O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM O POUCO TEMPO QUE LHE RESTA?!
Que possamos ser cada dia melhor e que saibamos reconhecer o que realmente importa nessa passagem pela Terra!!!
Até porque,
A GENTE VAI EMBORA.
Muito interessante.
Fez- me lembrar de Fernando Pessoa.
É bem assim: Piscou, a vida se vai…
Ontem éramos jovens, gostosões, cobiçados, de ereção fácil e quase de aço… Hoje somos os “tiozinhos”, os “vovozinhos”… Hoje Sancho só bota na “banguela”…
Hoje, como cantam os Paralamas:… As meninas do Leblon já não olha mais pra mim
Muito obrigado amigo Cícero.
Belíssimo texto do poeta Sergio Cursino, pleno de filosofia e muita
sabedoria, mostrando que nós quando partimos, nos desligamos de toda ilusória
materialidade e que na verdade não somos donos de nada, apenas terminamos
a nossa tarefa cármica pré determinada e voltamos para a vida verdadeira,
real . E graças a bondade divina, um dia voltarmos à outra escola de aprendizagem, aqui na terra, ou nas infinitas paragens criadas por Deus neste
universo sem fim e pleno de ilusão material.
Destaco duas linhas : SAIBAMOS RECONHECER O QUE REALMENTE IMPORTA
NESSA PASSAGEM PELA TERRA
.
: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM O TEMPO QUE LHE
RESTA. ?
Abraço cordial.