Dedicado ao amigo Adônis
Contrariando o pensamento da direita conservadora e, por vezes, fascista (fascista quando se imbui de valores preconceituosos, como os homofóbicos, racistas, misóginos e xenofóbicos, autoritários e armamentistas, apego a políticas excludentes, exarcebamento nacionalista e religioso, dentre outros atrasos mentais), tenho defendido que a aparente piora do ensino no Brasil tem, dentre outras, causa na expansão do acesso à escola.
Quando antes os que podiam frequentar os níveis médios e superiores eram quase exclusivamente os jovens vindos das classes mais altas da sociedade, trazendo do lar a educação, os conhecimentos e a sofisticação social, e que tinham a seu dispor os recursos para frequentarem as melhores escolas, adquirirem livros e demais materiais de alto custo, fazerem complementação no exterior, e outras vantagens, os professores se deparavam com alunos de boas bases, atuais e anteriores.
Com a abertura dessas escolas e universidades aos mais pobres, alguns fenômenos ocorreram: ampliação do número de escolas e de vagas, aumento da demanda de professores, diminuição dos recursos didáticos e relativa pulverização dos recursos financeiros, com queda na qualidade dos docentes e também dos alunos, o que redundou, por comparação, em acreditar-se que os jovens das universidades se tornaram menos inteligentes.
Tendo feito essas observações, fui entendido como defensor de que “que todo o tipo de retardado mental tem “Direito” de estudar em faculdade, e que nós temos a “Obrigação” de sustentar esta malta de jumentos a pão de ló” (Adônis Oliveira).
Oquei, isso também! Mas, como expliquei, não é esse o conteúdo do que defendo, embora seja fato que sou favorável ao acesso à escola, inclusive universidades, por quem queira e não apenas, como a.L. (antes de Lula), apenas por quem possa – o que fatalmente incluirá os menos aquinhoados por coeficiente de inteligência.
Cabe às instituições e aos professores enfrentar essa singularidade decorrente de políticas inclusivas e da melhor distribuição da riqueza nacional, no sentido inverso do abandono dos jovens pobres a sua própria sorte.
Isso posto, pretendo comentar o robusto artigo DEMOCRACIA E LIBERALISMO que o antes citado Adônis Oliveira publicou no Jornal da Besta Fubana do dia 10 de janeiro de 2021, na sua coluna Língua Ferina (e como!), e que me deu a honra de dedicar a mim.
Em comentários a esse texto, ele garante que “a gênese deste artigo se deveu ao fato do Goiano” (eu, que assim fui batizado) ter tentado me convencê-lo de que todo o tipo de retardado mental tem direito de estudar em faculdade, e que os professores e a sociedade têm a obrigação de sustentar tal “malta de jumentos a pão de ló”.
Aquele autor assegura que eu distorci “brutalmente as palavras de nosso Mestre Jesus, quando este disse: – Bem aventurados os pobres de espírito!”; e que, segundo eu, os “pobres de espírito” seriam os imbecis, os idiotas, os parvos, mentecaptos, e todos os demais tipos de retardados mentais; e completa: “seara preferencial onde os comunas vão amealhar neófitos para a maldita seita satânica deles, quando o sentido dado pelo Mestre foi de humildes, simples, modestos”.
Quem está acompanhando já percebeu que quem distorceu as coisas foi Adônis Oliveira, porque eu não disse o que ele disse que eu disse, isto é, eu defendo, como esquerdista que sou, o acesso ao ensino superior de todos, inclusive os pobres, de espírito e de dinheiro – sejam humildes, simples, e modestos ou não (passo a bola a Adônis no que ele a meu respeito disse: “Esta é a tática principal dos sofistas: Distorcer o sentido das palavras ou usar-lhes seu duplo sentido”)…
Também almejo, ainda como esquerdista que sou e insisto em classificar-me, que as classes mais pobres possam voltar a tomar iogurte, comer frango e andar de avião, dentre outros direitos que lhes são recusadas ou escamoteadas.
Continuando:
Adônis, como transcrevi acima, diz que a seara preferencial onde “os comunas” vão amealhar neófitos para a maldita seita satânica deles são os imbecis, os idiotas, os parvos, mentecaptos, e todos os demais tipos de retardados mentais.
Primeiro, considerar o comunismo uma seita satânica é para mim algo inédito, haja força de expressão.
E, por último, imagino que, na visão comum, em razão de “onde” se disse que os seguidores do comunismo são amealhados, os comunistas são imbecis, idiotas, parvos, mentecaptos e retardados mentais – os quais, por sua vez, concluo, na visão adonisíaca, são os atuais estudantes das universidades que a esquerda pôs para dentro, ao ampliar o acesso dos pobres ao ensino.
Adônis não pensa só isso dos comunistas: depois de fazer um interessante apanhado da filosofia sofista, bem útil para fins didáticos, ele jura por Deus do céu que o progresso visado pelos comunistasé o retorno a formas de produção artesanais, formas de governo tribais e formas de contratação sexual animalescas, mais assemelhadas a uma verdadeira suruba, onde pais copulam com filhas, irmãos com irmãs, a dois, a três, a quantos quiserem e bem entenderem, crianças com adultos, todas as aberrações sexuais passam a ser meras “opções”, sendo a paternidade desconhecida e desnecessária, já que a “comunidade” (o Estado) deverá cuidar de todas as crianças e os homens passam a ser meros “doadores de esperma”.
Assim, O Capital, do Marx, passou a ser considerado um manual de sacanagem e a vida na antiga URSS e atualmente em Cuba, na China e na Coreia do Norte é uma total putaria.
Ando muito preocupado.