MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

Todo país gosta de turismo. Produz empregos, gera renda, produz riqueza. Cassinos são um elemento importante do segmento turístico no mundo inteiro.

Mas não no Brasil. Aqui, sete décadas atrás, um presidente os baniu, do dia para a noite, com uma canetada (segundo a lenda, atendendo aos pedidos de sua esposa beata). Arruinou a vida de milhares de pessoas que trabalhavam dentro da lei e de repente se viram no olho da rua. E, claro, transferiu o setor para aqueles grupos que têm o privilégio de poder fazer o que os outros não podem, graças às suas conexões, amizades e conchavos. Ou será que alguém é tão ingênuo a ponto de achar que existe cidade grande no Brasil que não tenha suas “casas de jogo” funcionando sob o sigilo e a proteção das autoridades, mediante uma conveniente distribuição dos lucros?

Não é de estranhar que nas esferas do governo qualquer tentativa de discutir o assunto fracasse: boa parte das pessoas que se beneficiam com a atual situação está justamente dentro do governo ou muito próxima dele.

O que me espanta é a quantidade de gente que, sem ganhar nada com isso, faz côro e aplaude a situação. Mais do que impor sua vontade, o que pedem (na verdade exigem, e aos gritos) é simplesmente que se proíba até mesmo falar no assunto.

Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha e Suíça têm cassinos. Portugal e Espanha, mais próximos culturalmente de nós, também. Suécia e Dinamarca, que alguns julgam ser os países mais desenvolvidos do planeta, também. Austrália e Nova Zelândia, exemplos de países “jovens” como nós, também. Nossos vizinhos – Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Perú, Colômbia – todos têm cassinos.

Todos eles estão errados e só nós estamos certos?

Duas explicações me vêm à cabeça, e ambas me deixam triste.

A primeira é que existe gente tão preocupada com as aparências que acha que políticos assinarem um papel dizendo que algo é proibido é mais importante do que este algo existir ou não na realidade.

A segunda é que existe gente que acredita que nós, brasileiros, somos vítimas de alguma maldição ou defeito genético que nos faz inferiores ao restante da humanidade, e portanto somos incapazes de lidar com coisas que são triviais para o restante do mundo. É como se fôssemos as únicas crianças no meio dos adultos, e certos assuntos fossem proibidos para nós.

2 pensou em “CASSINOS

  1. EstadosMarcelo,
    Sou fã da jogatina e dos cassinos, indo uma vez ao ano até os hermanos para perder umas fichas e pequenas quantias…
    Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha e Suíça têm cassinos. Portugal e Espanha, mais próximos culturalmente de nós, também. Suécia e Dinamarca, que alguns julgam ser os países mais desenvolvidos do planeta, também. Austrália e Nova Zelândia, exemplos de países “jovens” como nós, também. Nossos vizinhos – Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Perú, Colômbia – todos têm cassinos.

    Todos eles estão errados e só nós estamos certos?
    Não há tramitando projeto para liberar aqui na selva, conforme palavras do peronista hermano?
    Que fim levou tal projeto?

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