Meu caro Berto,
Gosto muito de cantar.
Atualmente, ainda aprecio a boa música e canto nas horas vagas, justamente porque na minha linda juventude, em minha bela cidade natal, Crateús, aqui no Ceará, participei de uma dupla musical “The friends boys”, e de três conjuntos (hoje, bandas) musicais “The Hippies”, “Os Diamantes” e “EP 7”.
Fiz esse pequeno introito para dizer-lhe que hoje, com quase setenta anos de idade, chorei de emoção ao ver este “velho”, do vídeo abaixo, com quase oitenta anos (completou 78 no dia 18 de junho) ousando cantar na festa de uma envergonhada neta, só porque ele havia participado de uma “bandinha” no passado.
Vejamos o “vexame” que o “velho” provocou na festa:
Canto nas horas vagas, justamente porque na minha linda juventude participei de uma dupla musical “The friends boys”, e de três conjuntos (hoje, bandas) musicais “The Hippies”, “Os Diamantes” e “EP 7”.
Palpita Sancho:
Com tão rico histórico musical, eis que poderia Boaventura Bonfim soltar a voz em um vídeo e mandar para Berto publicar aqui no JBF. Boa música sempre é uma “boa ventura” e terá “bom fim” aqui nas páginas fubânicas.
Poderia ganhar de nós o aplausos, que aquele jovem que foi um dia, ganhava do povo de Crateús…
Recorro a Fernando Pessoa:Tudo vale a pena quando a alma não é pequena…
Insisto e recorro a Milton Nascimento (disseram que se Deus possui uma voz, certamente será idêntica à de Milton Nacimento):
Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar…
Caro Sancho Pança, fiquei deveras emocionado com seu gentil e brilhante comentário. Obrigado! Já conheço seus inteligentes escritos nesta Gazeta insolente, mas hoje você se esmerou, principalmente ao jogar com as palavras, como sói ocorrer, de forma lúdica, em trocadilhos à altura do grande e saudoso Pinto do Monteiro. Fico-lhe grato também pela sugestão do envio, ao nosso estimado Berto, de um vídeo meu “soltando a voz nas estradas”. Atendê-lo-ei de bom grado. Un fuerte abrazo.
Essa é a frase: Atendê-lo-ei de bom grado…
Sancho à altura do grande e saudoso Pinto do Monteiro (Severino Lourenço da Silva Pinto)? Um exagero, quase uma heresia… Sancho sempre recorre a Belchior quando engasga com os confetes que os fubânicos lançam sobre sua poessoa: eu sou apenas um rapaz, latino-americano sem dinheiro no banco, sem amigo importantes e vindo do interior…
Recorro a Pinto Monteiro:
“Eu comparo esta vida
à curva da letra S:
tem uma ponta que sobe
tem outra ponta que desce
e a volta que dá no meio
nem todo mundo conhece.”
Que “boaventuras” sejam nossos presentes a cada amanhecer…
Fico no aguardo, pois boa música faz um bem danado ao coração…
Abração sanchiano
Não resisto e continuo com o fabuloso Pinto Monteiro:
Eu comparo esta vida
à curva da letra S:
tem uma ponta que sobe
tem outra ponta que desce
e a volta que dá no meio
nem todo mundo conhece
Esta palavra saudade
conheço desde criança
saudade de amor ausente
não é saudade (é lembrança)
saudade só é saudade
quando morre a esperança
Aonde eu chego, não vi
Mal que não desapareça
Raposa que não se esconda
Bravo que não me obedeça
Letrado que não me escute
Cantor que não endoideça
Cantar com quem canta pouco
é viajar numa pista
com um carro faltando freios
o chofer faltando a vista
e um doido gritando dentro
atola o pé motorista
Minha corda não se estica
não se tora nem se enverga
da terra pro firmamento
meu pensamento se alberga
em um lugar tão distante
que lente nenhuma enxerga
Eu vou fazer uma casa
na Serra da Carnaíba
a frente pra Pernambuco
as costas pra Paraíba
só pra não ver duas coisas:
Nem Sumé, nem João Furiba
Há vários dias que ando,
Com o satanás na corcunda:
Pois, hoje, almocei na casa
Duma negra tão imunda,
Que a prensa de espremer queijo
Era as bochechas da bunda!
Excelente, Sancho! Fui insultar o homem, taí o resultado: o homem desembestou. Parabéns, grande vate fubânico.