ALEXANDRE GARCIA

A juíza gaúcha que ameaçou proibir a Bandeira Nacional e a cantora brasileira, que num palco californiano pisoteou a bandeira de seu próprio país, levaram para o topo dos assuntos nas redes sociais o nosso símbolo nacional.

Ainda menino, via meu avô hastear a bandeira na fachada de nossa casa em todos os feriados nacionais e durante a Semana da Pátria; no grupo escolar, ainda nos anos 40, hasteávamos e arriávamos a bandeira todos os sábados, cantando o Hino Nacional e o Hino à Bandeira – que tem a letra de Olavo Bilac. Eu ainda não tinha dois anos de idade e Sílvio Caldas gravava Fibra de Herói, com simples e bela letra do poeta Theófilo Barros Filho e música do consagrado maestro Guerra Peixe.

Hoje os quartéis adotaram a vibrante Fibra de Herói, que tem por estribilho “Bandeira do Brasil/Ninguém te manchará/Teu povo varonil/Isso não permitirá”.

Na época, o mundo estava em guerra, mas o Brasil ainda não. Hoje há uma quase guerra por causa da eleição de outubro e ações contra a bandeira têm causado pesada reação. Eu mesmo me senti pisoteado. Cheguei a tuitar que a cantora pisoteava meus avós, meus pais, meus filhos – todos simbolizados pelo auriverde pendão da esperança, do poema de Castro Alves. Porque ela simboliza todos nós, brasileiros – os vivos, os mortos e os que vão nascer.

A juíza, coitada, recebeu um chega-pra-lá do TRE; a cantora alega que se arrependeu no momento seguinte, passando atestado de ciclotimia grave. Fico pensando que elas não tiveram a menor formação sobre os valores da nacionalidade, as raízes que nos unem num país. Os símbolos são importantes. As pessoas os têm, as famílias, as empresas, as religiões, os clubes esportivos. E o nosso símbolo maior é a bandeira, como é a Constituição a lei maior. Tudo isso nos une, num momento em que parece haver no ocidente um grande movimento de separação, de apartheid, certamente para nos enfraquecer. Divide et impera. Ou seja, fraciona uma nação, separando seus nacionais, para tomar o poder e impor a vontade do conquistador.

A bandeira tem quatro cores. As cores dos brasileiros têm todos os tons de pele, numa mistura genética que formou uma gente bonita, graciosa, bondosa, muito especial, a ocupar esse país-continente tropical. Quando estudávamos nossos heróis, no grupo escolar, Marcílio Dias me impressionava, porque defendeu a bandeira que os inimigos queriam arrancar do mastro de seu navio. E morreu misturando seu sangue com as cores do pavilhão sagrado, verde e amarelo. A juíza e a cantora que ameaçaram a bandeira servem para gritar em nossas consciências que também somos guarda-bandeiras e que o nosso símbolo maior está esquecido nas escolas e talvez em nossas casas.

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