Ano acabando, outro ano começando. Hora de fazer um balanço geral da situação.
Nos Estados Unidos, maior economia do mundo, a coisa está assim: 33 TRILHÕES de dívida (120% do PIB), que causa uma despesa anual de mais de um trilhão só de juros. A renda média está caindo e o mercado de trabalho está bem ruim, mas os noticiários continuam divulgando estatísticas que são produzidas pelo próprio governo com a finalidade específica de mostrar que tudo vai bem.
O governo precisa de dinheiro para pagar suas contas, só que: Não tem coragem de aumentar impostos. Não pode imprimir dinheiro mais rápido do que já está fazendo para a inflação não sair de controle de vez. Sobra pedir emprestado, só que isso faz aumentar os juros e virar uma bola de neve. Para complicar, é ano de eleição e nenhum político fala a verdade em ano de eleição.
Previsão: sombria, possivelmente com uma severa depressão em 2024 (ou 2025 se eles conseguirem empurrar até depois da eleição).
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Na Europa, todos se esforçam ao máximo para não ver que o modelo de “estado de bem-estar social” está falido e sem chance de recuperação. Enquanto as dívidas e a inflação aumentam, os políticos brincam de mudar o nome dos impostos na esperança de conseguir arrecadar um pouquinho mais e empurrar o problema até depois da próxima eleição. Enquanto isso, os imigrantes continuam chegando e formando famílias cada vez maiores e cada vez mais isoladas do restante da população.
Há dois tipos de países na Europa: os que já admitiram que estão quebrados, como Grécia, Espanha, Itália e Portugal, e os que ainda têm esperanças de achar uma saída, como França, Alemanha, Suécia, Finlândia e vários outros. Salvam-se alguns poucos que devem conseguir escapar da quebradeira, pelo menos por um tempo, como Noruega, pela sua produção de petróleo, e Suíça, com sua moeda forte e governo pequeno.
Previsão: um lento declínio, esperando para saber se a falência completa chegará ou se antes disso os imigrantes terão votos suficientes para eleger os seus políticos e transformar a Europa em um califado islâmico.
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Na Ucrânia, a guerra vai continuar até que os políticos e os fabricantes de armas do ocidente estejam satisfeitos. A posição de Joe Biden repete uma fala do filme “Shrek”: “Nós queremos fortalecer a OTAN e enfraquecer a Rússia. Muitos ucranianos irão morrer, mas esse é um sacrifício que eu estou disposto a fazer”.
A Rússia se enfiou em um atoleiro. Se desistir, perde tudo. As chances de ganhar são mínimas, mas vai permanecer lutando para tentar salvar alguma coisa. Enquanto isso, perdeu o acesso ao comércio internacional e passou a depender da China para vender seu petróleo, que é sua maior fonte de renda.
Previsão: a guerra irá sumir aos poucos dos noticiários e vai acabar também aos poucos, por exaustão de ambos os lados. Ninguém sairá ganhando, exceto, talvez, o Zelenski.
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A China está tranquila, aguardando com paciência chinesa os resultados do seu planejamento de longo prazo. Graças à OTAN e sua guerra, ganhou a Rússia como aliada e está comprando petróleo barato. Tornou-se parceira estratégica de quase todo o mundo – ninguém hoje pode se dar ao luxo de cortar relações com a China. Tem os problemas que toda ditadura tem, mas tem conseguido manter as coisas sob controle. Sua economia tem alguns números preocupantes, mas até agora o governo tem mostrado competência para administrá-los.
Previsão: será a próxima superpotência mundial. Não será nos próximos anos, mas eles não têm pressa.
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E o Brasil? Ora, o Brasil vai continuar sendo o que sempre foi: pobre, improdutivo, inculto, colecionando maus resultados em todos os rankings (o último PISA saiu esse mês: pioramos em relação ao anterior, claro). Continuaremos a ser um conjunto de panelinhas onde cada panelinha só pensa em obter vantagens à custa das outras panelinhas. Continuaremos a acreditar com todas as forças que a culpa é sempre dos outros. Continuaremos a praticar o paradoxo de Garschagen: não confiamos nos políticos mas achamos que o governo é a solução para tudo. E nossa política e nossa economia continuarão em avançado processo de futebolização.
É a dura realidade.
Li com muita atenção estes pitacos do Colunista e me espantei com as perspectivas sombrias para o Ocidente como um todo e tranquilas para o Dragão do Oriente.
Esperava ouvir sobre as mudanças na Argentina, que agora está sob um governo anarco capitalista libertário, porém acho que deve ser uma mudança irrelevante para o Autor desta balizada análise.
Já fui procurar saber onde posso aprender mandarim para poder sobreviver ao que virá, porém as notícias que vi me deixaram desconfiado.
Os chineses cresceram muito menos que o esperado este ano, mas deve ser porque eles estão se adaptando a uma nova realidade de crescer abaixo de 5% agora.
A economia deles cresceu com base na construção civil, estimulada pelo Estado e agora estão com cerca de 1,5 bi (de bilhão) de imóveis residenciais parados. Dizem que tem uma cidade feita para 10 mi (de milhão) de pessoas construída, completamente vazia, mas como chinês sabe esperar, vai saber o que virá.
Outra notícia é que a China não é mais o maior país em população do mundo, perdeu esta posição para a Índia, o que deveria ser bom, só que não. A população está envelhecendo, não nascem mais crianças para repor, depois de 50 anos podendo ter um filho apenas.
A China também tem um problema grave com Taiwan, que considera seu território, um paizinho de 20 milhões de habitantes a 200 km do continente. Dava para isolá-lo e sua economia acabaria em menos de 1 ano, com pessoas passando fome. Só que tem um problema, Taiwan é responsável pelo desenvolvimento e produção de 70% dos microchips do mundo. Somente duas empresas (controladas pelos EA) fazem máquinas que produzem estes componentes essenciais para qualquer coisa hoje.
Eu vi tudo isso e desisti de aprender mandarim, pois vi que a coisa para o dragão do oriente também está complicada para 2024. Voltei para minha vidinha medíocre de brasileiro conservador que quer transformar as coisas aqui dentro deste país pobre, improdutivo, inculto, colecionando maus resultados em todos os rankings.
Eu acho que dá para mudar a situação aqui.
– Escrevi recentemente dois pitacos inteiros relacionados com a Argentina, que não está sob um “governo anarco capitalista” (até porque isso não existe). Ela acabou de empossar um presidente que se diz libertário e anarco capitalista, o que é bem diferente. Pessoalmente torço muito pelo Milei mas tenho pouca esperança de que ele consiga muita coisa. De qualquer forma, em uma análise global, a Argentina é irrelevante, como aliás toda a América do Sul.
– A China cresceu “muito menos que o esperado”: “esperado” por quem?
– Quando a China tinha crescimento anual de dois dígitos, os críticos se descabelavam dizendo que aquilo era insustentável. Se agora a China crescer 5% será que os mesmos críticos vão dizer que isso é uma catástrofe? Quais países do mundo estão crescendo mais de 5%?
– Se fosse verdade que “a China cresceu com base na construção civil estimulada pelo estado”, ela teria feito exatamente o que todos os economistas e jornalistas de economia pregam como a “receita do sucesso”: o velho keynesianismo. Mas além de fazer muitas obras de construção civil, a China criou uma imensa base industrial que fabrica praticamente tudo, e é por isso que afirmei que “nenhum país pode se dar ao luxo de cortar relações com a China”: a indústria chinesa faz parte de TODAS as cadeias produtivas do mundo ocidental.
– UM BILHÃO E MEIO DE IMÓVEIS? Mais de um imóvel por habitante, incluindo crianças e bebês? É um pouco inverossímil para mim, mas se vc acredita…
– De qualquer forma, se estes imóveis vazios se tornarem um problema, o governo chinês não pode simplesmente distribuí-los para a população? Acho que um país ter moradia a mais é um problema bem menor do que ter moradia a menos, como é nosso caso.
– Sim, como qualquer país que enriquece, a população está envelhecendo. Mas comparando com a maioria dos chamados “países desenvolvidos”, a situação deles é boa. Além disso, há muito espaço para políticas sociais que corrijam isso.
– Quem diz que há um “problema” com Taiwan são os políticos ocidentais e as pessoas que acreditam neles. Sim, os políticos chineses expressam uma “dor de corno” com relação a Taiwan, mas é preciso saber separar discurso de realidade. A China está investindo pesadamente no ciclo de produção de microchips. É perfeitamente possível que dentro de alguns anos a indústria de Taiwan se torne muito menos importante do que é hoje. Quando e quanto, vai depender de quanto o governo chinês esteja disposto a gastar em uma questão de “orgulho nacional”.
– Enquanto isso, a China não entrou em guerra com ninguém nos últimos 50 anos, ao contrário dos “países desenvolvidos” que volta e meia invadem alguém.
– “Mudar a situação aqui” ? Gostaria de saber como. Acreditando que nossa política é um grande monte de merda mas que esse monte tem uma parte que é limpinha e cheirosa?
Segue o link sobre a questão dos imóveis vazios da China.
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/populacao-de-14-bilhao-da-china-nao-preencheria-todas-as-casas-vazias-diz-ex-funcionario-do-governo/
“Mesmo a população de 1,4 bilhão de habitantes da China não seria suficiente para preencher todos os apartamentos vazios espalhados pelo país, disse um ex-funcionário de um departamento do Estado no sábado (23), em uma rara crítica pública ao mercado imobiliário atingido pela crise do país.
O setor imobiliário da China, que já foi o pilar da economia, despencou desde 2021, quando o gigante do setor imobiliário China Evergrande Group deixou de pagar suas obrigações de dívida após uma restrição a novos empréstimos.”