PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Que eu faça o bem, e de tal modo o faça,
Que ninguém saiba o quanto me custou.
– Mãe, espero de Ti mais esta graça:
– Que eu seja bom sem parecer que o sou.

Que o pouco que me dês me satisfaça,
E se, do pouco mesmo, algum sobrou,
Que eu leve esta migalha aonde a desgraça
Inesperadamente penetrou.

Que a minha mesa, a mais, tenha um talher,
Que será, Minha Mãe, Senhora Nossa,
Para o pobre faminto que vier.

Que eu transponha tropeços e embaraços:
– Que eu não coma, sozinho, o pão que possa
Ser partido, por mim, em dois pedaços.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *