JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

Hipólita Jacinta Teixeira de Mello nasceu em 1748, em Prados (MG). Proprietária rural e uma das poucas mulheres, junto com Bárbara Heliodora, a ter participação ativa na Inconfidência Mineira. Financiou parte do movimento separatista, atuou como “pombo correio” de seus integrantes e cedeu sua casa para as reuniões preparatórias da insurreição.

Filha de portugueses e esposa do inconfidente e coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes, foi descrita como uma mulher culta e de fino trato. O casal não teve filhos, mas ela adotou duas crianças: um menino abandonado na porteira de sua fazenda e outro, que veio a ser padre e deputado provincial no período 1866-67. Foi madrinha de diversas crianças pobres na região e deixou, em testamento, certa quantidade de ouro para os pobres que viviam na “Freguesia dos Prados”.

Alertou os inconfidentes com informações sobre o traidor Joaquim Silvério dos Reis, além de enviar diversos bilhetes sigilosos sobre Tiradentes e sua prisão no Rio de Janeiro. Enviou ao padre Carlos Correia de Toledo e Mello o bilhete: “Dou-vos parte, com certeza, de que se acham presos, no Rio de Janeiro, Joaquim Silvério dos Reis e o alferes Tiradentes, para que vos sirva ou se ponham em cautela; e quem não é capaz para as coisas, não se meta nelas; e mais vale morrer com honra que viver com desonra.”, demonstrando coragem e seu envolvimento no levante. Além de se arriscar na distribuição de bilhetes entre os insurgentes, destruiu documentos comprometedores após a derrocada do movimento.

Ao perceber o fracasso do movimento, tentou alertar o coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, aconselhando-o a se precaver e preparar uma reação. Com a derrocada do movimento, seguido pela Devassa, a Coroa Portuguesa sequestrou todos seus bens e o marido foi sentenciado ao degredo perpétuo em Moçambique. Na esperança de obter o perdão da Coroa, mandou fazer um cacho de banana em ouro maciço e mandou de presente à Maria I de Portugal. Mas o presente foi interceptado pelo então governador da Capitania de Minas Gerais. Após um longo processo judicial, que durou até 1808, ela conseguiu reaver boa parte de seu patrimônio e veio a falecer em 27/4/1828 e foi sepultada na Igreja Matriz de Prados. Em 1999 foi condecorada postumamente pelo Governo de Minas Gerais com a Medalha da Inconfidência.

No ano 2000 a cidade de Prados prestou-lhe homenagem com um monumento na forma de uma pirâmide na Praça Dr. Viviano Caldas, trazendo a reprodução de trechos de um bilhete aos inconfidentes. Em julho de 2022 o Caminhão-Museu do Projeto República da UFMG esteve em Prados, onde foi realizado o evento “Hipólita Jacinta, a mulher que estava lá”, com a presença da ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia, da cantora Zélia Duncan, da roteirista Antonia Pellegrino e da historiadora Heloisa Starling, coordenadora do Projeto República.

O esquecimento a que foi relegado as mulheres de dois inconfidentes -Bárbara Heliodora era esposa de Alvarenga Peixoto- fez com que elas ficassem apenas nas notas de rodapé dos livros de história. No caso de Hipólita, tal realidade foi amenizada em abril de 1999, quando o então governador de Minas Gerais Itamar Franco concedeu-lhe postumamente a medalha da Inconfidência, maior honraria do Estado. Na ocasião, a procuradora do Estado Carmen Lúcia discursou: “Dona Hipólita segue como exemplo na ‘doidice’ de um mundo no qual a igualdade humanizadora ainda é luta contra tantas cruéis formas de desigualdade”.

Sua memória ainda se encontra viva na cidade de Prados não apenas no monumento localizado na praça central. Em 2000, o então prefeito Paulo de Carvalho Vale deixou registrado parte da história da cidade e de Dona Hipólita no livro De Prados, da Ponta do Morro para a Liberdade, publicado pela Editora Armazém de Ideias. Em abril de 2023 ela foi a primeira mulher a entrar no “Panteão dos Inconfidentes” (Museu da Inconfidência, ência”, em Ouro Preto).

Jornal da Band antecipa a notícia que saiu ontem na Folha de São Paulo (29/4/2023. Pg. B6)

O jornalista diz que ela foi mais importante no movimento que seu marido, o inconfidente Francisco Antonio de Oliveira.

5 pensou em “AS BRASILEIRAS: Hipólita Jacinta

  1. Pingback: JOSÉ DOMINGOS BRITO – SÃO PAULO-SP | JORNAL DA BESTA FUBANA

  2. Agora ela é conhecida, pois os jornais de ontem noticiaram seu ingresso no Panteão dos Inconfidentes. Poderia dizer que eu e o Berto demos o furo, mas não vou fazer isso, pois não é o costume dos pernambucanos rsrsrsrsr

  3. Não ignore nem subestime o boato de que o mestre Domingos Brito está a procura de mulheres. Isso ele declarou em pleno Cabaré! O do Berto.

    Foram sugeridas algumas figuras femininas de vulto da nossa história.
    Com isso, o mestre Brito faz jus homenageando, merecidamente, a todas as mulheres que fizeram (e fazem) parte da nossa nossa rica história.

    Parabéns!!!

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