A PALAVRA DO EDITOR

Edwiges de Sá Pereira nasceu em 25/10/1884, em Barreiros, PE. Poeta, jornalista, professora e precursora do movimento feminista no Brasil. Filha do advogado José Bonifácio de Sá Pereira e Maria Amélia Gonçalves da Rocha de Sá Pereira, tradicional família pernambucana. Irmã do renomado jurista Virgílio de Sá Pereira e do conhecido médico Cosme de Sá Pereira, que distribuía remédios em sua residência, dando o nome à avenida “Estrada dos Remédios”, no Recife.

Foi a primeira mulher a entrar para uma Academia de Letras no mundo. Foi também uma das primeiras jornalistas do Brasil e ativista social na luta pelos direitos humanos. Estudou no Colégio Eucarístico e foi professora de Educação Fundamental de História e Português, além de superintendente de ensino em várias escolas do Recife, até o cargo de professora catedrática da Escola Normal. Aos poucos foi estendendo sua atuação para a conquista da emancipação feminina e participou do I Congresso Internacional Feminista, em 1922 e colaborou na fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

No II Congresso Internacional Feminista, realizado em 1931 no Rio de Janeiro, proferiu discurso “Pela mulher, para a mulher”, onde classifica a condição da mulher brasileira em 3 categorias: 1) a que não precisa trabalhar; 2) a que precisa e sabe trabalhar e 3) a que precisa e não sabe trabalhar. Evidentemente estava se referindo ao trabalho externo, fora do lar. Sua atuação dirigia-se a mudar a situação destas últimas. Em 1920 ingressou na Academia Pernambucana de Letras, tornando-se a primeira mulher brasileira a participar de uma agremiação acadêmica, onde chegou a ocupar o cargo de vice-presidente. Pouco depois ingressou na Associação de Imprensa de Pernambuco, repetindo seu pioneirismo como mulher participante de uma entidade jornalística.

Publicou diversas obras nas áreas de poesia, ficção e jornalísticas: Campesinas, Horas inúteis, Joia turca, Um passado que não morre, Eva Militante e A influência da mulher na educação pacifista do após-guerra. Como jornalista, atuou em diversos órgãos da imprensa pernambucana e de outros estados: “Jornal Pequeno”, “A Província”, “Jornal do Commercio”, “O Lyrio” e “Escrínio”, no Rio Grande do Sul. E também revistas como “Vida Feminina”, “Revista do Instituto da Sociedade de Letras de Pernambuco” e “A Nota”.

Sua atuação, tanto nas instituições como na imprensa, ficou marcada pela luta em defesa da cidadania e dos direitos humanos; pela conquista da emancipação feminina e conquista do voto da mulher, participando de campanhas sufragistas. Um direito que foi ratificado na Revolução de 1930. Com a conquista do direito de votar e ser votada, candidatou-se a Deputada da Assembleia Nacional Constituinte, em 1934. Foi também precursora pelo direito ao divórcio e propagava nos jornais que “nenhuma mulher era obrigada a viver ao lado de um homem com que não se entendesse muito bem”.

Como professora, sua atuação na imprensa insistia na necessidade da educação da mulher como único caminho para a libertação. Faleceu em 14/8/1958 e seu acervo documental encontra-se à disposição para consultas no Centro de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife.

7 pensou em “AS BRASILEIRAS: Edwiges de Sá Pereira

  1. Eu terminei o primeiro grau numa escola que tinha seu nome. Antes da primeira aula a gente se perfilava pra cantar o hino nacional e o da escola. “nossa escola que faz como avalanca teu nome é Edwiges Sá Pereira . ” Perdi-se 20 minutos da aula. Daí, um dia eu disse isso a coordenadora, D. Marta, acrescentando que o hino era preconceituoso. Tinha um verso que dizia “embora solteira fostes mãe”. Deixamos de cantar os hinos.

    • O hino foi cantado até 1986. E não foi porque você fez o comentário. Houve mudança na gestão da escola. Dona Márcia Breckenfeld foi aposentada pela secretaria de educação e a outra gestora tinha outro modo de trabalhar. Ah! Tampouco o hino era preconceituoso; o : muito embora solteira fostes mãe, referia-se ao milhares de alunos aos quais ela ,enquanto professora, ensinou. Preconceituoso é o seu pensamento.

  2. Um gigante que se agiganta “britunicamente” em suas jornadas dominicais nesta gazeta de todos nós, tornando-se este historiador que não deixa cair no esquecimento a nossa gente.

    Uma pena, que no Brasil de tantos crimes, se o dono da livraria esquecer as portas abertas, verificará no dia seguinte que nenhum livro foi furtado.

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