Catarina Álvares Paraguaçu nasceu na Bahia, supõe-se, em 1503. Indígena Tupinambá, esposa do português Diogo Álvares Correia, o ´´Caramuru´´ e primeira mulher a constituir família, em termos de civilização cristã ocidental, no Brasil. Confome certidão de batismo, realizado em 30/7/1528, na França, seu nome verdadeiro era “Guaibimpará“, segundo registro de Frei Santa Rita Durão em seu poema Caramuru. Neste sentido, exerceu papel fundamental na integração dos povos que formaram o povo brasileiro, constituindo-se no esteio e origem da família no País.
Ao naufragar na Bahia, Caramuru adquiriu proeminência entre os Tupinambás e recebeu-a como esposa oferecida pelo seu pai, o cacique Taparica. A história de sua vida é repleta de lendas, mas conta com documentos e um testamento existente até hoje no Mosteiro de São Bento da Bahia, no qual seus bens foram doados aos monges beneditinos e seus restos mortais encontram-se na Abadia de Nossa Senhora da Graça, em Salvador. Seu marido prosperou no negócio da troca de pau-brasil por utensilios de ferro com os navegantes, expandindo a aldeia com índios de outras tribos vizinhas.
Os negócios de Caramuru progridem ao ponto de permitir uma viagem do casal para conhecer a França, no navio comandado por Jacques Cartier (futuro descobridor do Canadá). Na cidade de Rouen, a esposa do comandante, Catherine des Granches, foi sua madrinha de batismo, cujo registro na certidão recebeu o nome de Cararina do Brasil. Pouco depois adotou o nome Catarina Paraguaçu, pelo qual ficou conhecida e famosa em sua terra. A viagen permitiu-lhe não apenas o conhecinebto de outra cultura tão diferenciada da sua. Aprendeu também a lidar com os conceitos de família e negocios dos ocidentais. De volta ao Brasil, bem estabelecidos, criam filhos e ela passa a ajudar o marido nos negócios da colônia.
Em 1536 surge o português Francisco Pereira Coutinho com uma carta do rei de Portugal designando-o senhor das terras ali existentes. Conta a história (ou lenda) que o cacique Taparica comandou sua expulsão de volta a Portugal. Mais tarde, em 1548, o rei Dom João III reconhece Caramuru como autoridade naquelas plagas e pede-lhe apoio na instalação do governo-geral. Assim, Tomé de Souza vem para cá já instruido de manter boas relações com a familia Caramuru. Os filhos homens são alçados a postos de comando na organização do governo e as filhas são encaminhadas por Catarina a se casarem com os portugues recém chegados, indicados pelo governador.
A familia Caramuru passa a ter certa importância no, digamos, métier social da colônia. Uma das filhas, casada com o português Afonso Rodrigues, ficou conhecida por deununciar práticas de violência contra os índios e propor a criação de uma escola para as crianças. Chegou a escrever uma carta dirigida ao Padre Manoel da Nóbrega, pedindo que as crianças indígenas escravizadas, “sem conhecerem Deus, sem falarem a nossa língua e reduzidas a esqueletos“, fossem tratadas com dignidade.
O padre ficou comovido com o pedido e intercedeu junto a Coroa pedindo permissão para a criação de escolas para crianças indígenas. Mas a rainha Catarina de Bragança indeferiu o pedido. Desse modo, entrou para a história, junto com a mãe, como precursora na defesa dos direitos humanos. Seu nome -Madalena Caramuru- foi lembrado séculos depois (em 2001), em homenagem prestada pelos Correios num selo de R$ 0,55.
Em 1557, com o falecimento de Caramuru, Catarina herdou não apenas a fortuna, mas o poder adquirido pela família desde os primórdios da organização do governo colonial. Com sua habilidade aprendida de seu povo Tupinambá e diplomacia aprendida com os europeus, passou a gerir os negócios da família, tiornando-se figura central na já afluente sociedade baiana. Sua atuação foi relevante no finanancimento de obras sociais e na fundação da Igreja da Graça. O casamento do neto de Catarina com o filho da família Garcia D’Avila resultou na construção da Casa do Castelo Garcia D’Avila, na Praia do Forte, considerado a primeira edificação portuguesa de arquitetura residencial militar no Brasil. Lá se encontra a Capela de São Pedro dos Rates, chamada hoje de Capela de Todos os Santos.
Catarina faleceu em 1583 e deixou um legado pouco reconhecido entre os brasileiros. Segundo Jorge Caldeira, em seu livro 101 brasileiros que fizeram história (2016), o reconhecimmento do “grande empreedimentio dessa mulher Tupinambá“ pelos historiadores, deve-se a méritos apenas ocidentais, desonhecendo sua origem indígena. E conclui seu verbete com uma denúncia: “Até que os modos de ser Tupinambá fossem estudados, apagou-se da história o papel essencial das mulheres nativas na construção de uma sociedade nova.
Rapaz!
O texto é bom, nas o vídeo é uma aula de cultura.
Quem é o cara do vídeo ?
Tem algum site ?
Ele é genial.
E o livro Castanhas do Brasil, como faço para ter um exemplar dele, de preferência na forma digital, um pdf, por exemplo .
Meu quase xará Domingos
O cara do vídeo é Eduardo Bueno. Veja no youtube diversos vídeos dele sobre História do Brasil. Quanto ao livro., veja com ele que certamente terá alguma indicação
Esta coluna cada vez mais vai ficando feminista. As mulheres apresentadas até agora têm feitos mais que os homens
Que interessante a história dessa india. Só podia virar filme mesmo!