PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Não há no mundo quem amantes visse
que se quisessem, como nos queremos.
Um dia, uma questiúncula tivemos,
por um simples capricho, uma tolice.

– “Acabemos com isto!” – ela me disse,
e eu respondi-lhe assim: – “Pois acabemos!”
E fiz o que se faz em tais extremos:
tomei do meu chapéu com fanfarrice;

e, tendo um gesto de desdém profundo,
saí, cantarolando… (Está bem visto
que a forma, aí, contrafazia o fundo).

Escreveu-me… Voltei. Nem Deus, nem Cristo,
nem minha mãe, volvendo agora ao mundo,
eram capazes de “acabar com isto”!

Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo, São Luís-MA (1855-1908)

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