RODRIGO CONSTANTINO

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou o congelamento de preços de uma cesta de 1,2 mil produtos básicos por 90 dias. É o que informou o jornal La Nación, na quarta-feira 13, depois de reunião entre o chefe do Executivo e empresários. Conforme o governo, o objetivo é segurar a inflação, que supera 50% ao ano.

Em 2020, Fernández adotou essa estratégia, mas ela se mostrou ineficaz. A Argentina já se valeu do congelamento de preços em pelo menos sete momentos de alta inflação desde 1952. Nenhum resolveu o problema. A tentativa mais recente ocorreu no ano passado, quando os peronistas congelaram os preços de 23 mil produtos, como meio de amortecer os impactos da pandemia de coronavírus.

Meu pai sempre me ensinou que existe a forma inteligente e a burra de aprender. Na inteligente, observamos os erros alheios. Na burra, aprendemos na marra com nossos próprios erros. Mas o que dizer de quem sequer consegue aprender com os próprios erros? Escrevi um texto em 2014 quando Cristina Kirchner, sem poste intermediário, anunciou medida similar. Alertei que daria errado, como deu, pois temos nada menos do que 40 séculos de aprendizado sobre o assunto! Vejam:

Nada disso é novo. Trocam-se os personagens, mas a trama continua a mesma. Robert Schuettinger e Eamonn Butler escreveram um livro em 1979, chamado Quarenta séculos de controles de preços e salários. Pelo título, já fica claro como esta política é antiga. Tão velha quanto a Babilônia, para ser mais preciso. O Código de Hamurabi já impunha um rígido sistema de controles de salários e preços. Naturalmente, não funcionou. Os autores resumem:

O registro histórico mostra uma sequência sombriamente uniforme de repetidos fracassos. De fato, não existe um único episódio em que os controles dos preços tenham conseguido deter a inflação ou acabar com a escassez. Em vez de conter a inflação, os controles de preços acrescentam outras complicações à doença da inflação, como o mercado negro e a escassez, que refletem o desperdício e a má alocação de recursos provocada pelos mesmos controles.

A razão para o fracasso é clara: os controles de preços não atacam a verdadeira causa da inflação, que é “o aumento dos meios de pagamento superior ao aumento da produtividade”. O governo argentino insiste no erro. Pretende evitar o aumento da inflação decretando controle de preços e punindo “especuladores”. Não se brinca impunemente com os preços de mercado.

Outro grave problema do controle de preços é que sabemos onde ele começa, mas nunca onde termina. O economista austríaco Ludwig von Mises descreveu a desagradável experiência alemã:

Nos seus esforços para fazer funcionar o sistema de controle de preços, as autoridades ampliaram passo a passo a gama de mercadorias sujeitas ao controle de preços. Um após o outro, os setores de economia passaram a ser centralizados, sendo colocados sob a administração de um comissário do governo.

O controle de determinado preço gera consequências indesejadas, e novos controles são demandados para atacar os novos problemas. Algo como aqueles desenhos animados antigos, em que o personagem tentava conter o vazamento de água tampando um buraco, mas logo apareciam inúmeros outros buracos, levando-o ao desespero.

Minha conclusão em 2014 continua perfeitamente válida para 2021, na verdade reforçando a mensagem:

Seria bem mais inteligente atacar a raiz do problema, a saber, as finanças públicas fora de controle, a taxa de juros abaixo da inflação, o excesso de intervencionismo no mercado, etc. Infelizmente, a Argentina escolhe o caminho da desgraça anunciada. Quem não aprendeu uma lição de 4 mil anos, não aprendeu nada mesmo!

Fica fácil entender porque a Argentina desapareceu da nossa imprensa. Lembrar que nosso vizinho existe é derrubar cada narrativa fajuta da mídia contra Bolsonaro. O presidente seguiu a “ciência” e adotou o mais rigoroso lockdown da região, e foi muito elogiado por isso. É um governo apoiado pela esquerda nacional, em especial pelo PT de Lula. E os resultados são catastróficos! Como, então, acusar Bolsonaro por cada problema brasileiro tendo de lidar com a situação infinitamente pior ao lado? Seria admitir que os problemas advêm da pandemia, e não do nosso governo, certo? E que se a esquerda lulista estivesse no poder, tudo seria muito, muito pior…

10 pensou em “ARGENTINA LULISTA IGNORA 40 SÉCULOS DE LIÇÃO ECONÔMICA

  1. Repito o que já disse aqui em outras ocasiões. A Argentina tem de bom o Tango, os alfajores Havanna e o Messi. O resto, esquece.

    Se o PT voltar ao poder não teremos nada para se aproveitar.

  2. “Como, então, acusar Bolsonaro por cada problema brasileiro tendo de lidar com a situação infinitamente pior ao lado? Seria admitir que os problemas advêm da pandemia, e não do nosso governo, certo? E que se a esquerda lulista estivesse no poder, tudo seria muito, muito pior…”
    Triste essa mania de comparar o Brasil com o que existe de pior no mundo. Minha pergunta: Por que não usamos como referência o que dá certo?
    Ontem, comentando um outro texto desse vendido, que trocou seu discurso liberal pelo populismo nacionalista de Bolsonaro, mostrei o que está acontecendo nas nações que deveriam servir de referência. Por uma “incrível coincidência do destino”, também sofreram com a pandemia, também sofrem com a interrupção na produção de componentes e tem até inflação um pouco acima do esperado. Por que eles têm resultados melhores apesar de terem as mesmas condições?
    Se continuarem comparando com Argentina, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Afeganistão, vão achar tudo uma maravilha.
    Enquanto a bolsolândia se encanta com o Tarcisão do Asfalto, o Centrão faz a festa e vai passando a boiada. Capitulo atual PEC da Vingança, morte a Lava-Jato!

    • João está vendo chifre em cabeça de cavalo. O Lulla só tem “possibilidade de chance” por causa da incompetência exuberante do Capitão. O imorrível, imbroxável e incomível, ajudou a matar a Lava-Jato que havia enfiado a estaca no coração do Demo do ABC. Mas, com a destruição da imagem de Sérgio Moro, a combinação de desemprego, inflação, 600 mil mortos e a avalanche de tolices diárias… Lulla voltou para o jogo. Como dificilmente o Miliciano vai se candidatar a reeleição, sabe que vai perder, teremos um bom candidato para depositar os votos anti-Lulla.

      Em 22 nenhum dos 2

      • C. Eduardo, agora que o Datena falou que vai ser presidente, v. já tem um candidato, né? É a sua esperada 3ª via. Sujeito decente tai. SQN.

        Quanto ao Moro, quem destruiu a imagem, foi ele mesmo. Quando estava com Bolsonaro era reverenciado em todos os lugares, depois resolveu sair ganhando dinheiro, dando o serviço para a Empíricus 48 horas antes. Tem uma marqueteira (sua mulher) muito ruim. Moro já era.

        Bolsonaro não vai disputar as eleições? Esta é a nova narrativa ditada pelo Noblat? Tá certo que querem deixá-lo sem partido, este é o novo golpe, já que o do impeachment miou. Ah, também tem a tentativa de cassação da chapa de 2018 com a colocação do Lira na PR. Esta então é de quem tem a mesma doença que v.

  3. Myacudda é o novo candidato da terceira via? Não, o japa não aceitou e alguns ficam aqui nesta escrota gazeta com suas falácias anti-bolsonaristas. Eita lenga-lenga chato…

    E temos aí o Datena dizendo-se presidenciável…

    Olho para todas as possíveis candidaturas e afirmo: em 22 é Jair… Falta o vice. Alguma sugestão, João?

    • Sancho, o que não falta é vice para compor chapa com Bolsonaro para 2022. Que ele escolha um melhor que o atual Mourão, que é um globalista disfarçado escolhido de ultima hora..

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