CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

PREMONIÇÃO

Vendo a nossa Nação Brasileira cada vez mais engolfada nessa procela que imagino provocada por figuras que a história resguardará como ”publicistas de vista curta”, como os chamaria o Jornalista e Crítico Literário Guilherme Joaquim Moniz Barreto *, procuro entender o que esses personagens pretendem alcançar com seu comportamento, que beira as raias da insensatez.

Motivos os mais torpes, decerto, norteiam esse comportamento execrável, que se torna cada vez mais perigoso para a nossa paz social, fazendo com que se torne necessária a intervenção daqueles patriotas retratados em carta que o Jornalista Moniz Barreto envia ao Rei D. Carlos I, em 1893, mostrando figura e papel dos militares no contexto das sociedades, carta esta, que entendi como valioso prefácio ao trabalho impecável do Coronel R1 EB e historiador Wellington Corlet, intitulado Campina Grande – PB, 31 de Palmeira até 2006 – Episódios Militares na História da Paraíba, dando-nos uma visão insofismável do papel que os militares de hoje terão, por certo, de exercitar, para nos livrar do caos que se avizinha, persistindo a procela que tanto nos preocupa.

Diz Moniz Barreto:

CARTA A EL – REI DE PORTUGAL

Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais.. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida .

Seu nome é sacrificio. Por oficio desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A_ beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A_ gente conhece-os por militares…

Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a liberdade e a vída. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão.

Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma.

Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem.

Porque, por definição, o hiomem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai a coragem, e à sua direita a disciplina ”.

(Trecho da carta escrita por Guilherme Joaquim Moniz Barreto, em 1893, ao Rei D. Carlos I, publicada no Jornal do Exército de Portugal, nº 306)

* Guilherme Joaquim de Moniz Barreto (Goa, Índia Portuguesa, 1863 – Paris, 1896), mais conhecido por Moniz Barreto, foi um jornalista e crítico literário que se destacou por ser dos poucos ensaístas portugueses que tentou uma via científica na crítica literária e uma abordagem positivista ao estudo da literatura portuguesa. Apesar de ter falecido precocemente, com apenas 33 anos de idade, foi um dos críticos literários mais argutos e interessantes de finais do século XIX, observador atento do panorama cultural e da literatura portuguesa do seu tempo e dos decénios precedentes, introduzindo na lusofonia a crítica literária objetiva (científica), na linha de Emile Hennequin (La Critique Scientifique, 1888; tr.Port. 1910) e do determinismo positivista de Hippolyte Taine.

Isto me pareceu uma antevisão de um futuro bem próximo.

Senti-me no Templo de Delfos, tentando compreender a mensagem que uma das suas pitonisas manifestava…

Abraços e reverências,

Um comentário em “ARAEL COSTA – JOÃO PESSOA-PB

  1. Perfeito, mestre Arael.

    As nossas forças armadas sempre foram as guardiãs da democracia e, consequentemente, da liberdade.

    Por mais que procuraram aparelhar a caserna, não contavam que eles, os militares, desenvolvem um forte sentimento de patriotismo. Coisa intangível para os pseudos progressistas.

    Parabéns!!!

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