CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

O louco Coronel Kurtz, interpretado por Marlon Brando

APOCALYPSE NOW é uma obra-prima, um clássico da cinematografia beligerante. É um filme épico de guerra que questiona até onde vão a loucura, a paranóia, a estupidez, o egoísmo humanos. Suas conseqüências psicológicas. Os motivos sórdidos e desumanos que levam os homens a provocarem os conflitos, ceifarem vidas, destruírem a natureza e se tornarem algozes de si mesmos.

Em 1939, Orson Welles planejava filmar “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, roteirizado por John Milius, livro do qual Francis Ford Coppola extraiu o roteiro de Apocalypse Now. Mas o projeto de Orson Welles foi abortado em pré-produção porque os produtores de Hollywood consideraram o custo da produção muito alto.

Em 1969, Francis Ford Coppola fundou a produtora American Zoetrope para filmar fora do sistema de Hollywood, e seu primeiro filme pela produtora foi exatamente Apocalypse Naw, com a direção ficando a cargo do talentoso cineasta George Lucas, que acabou desistindo da empreitada depois de mostrar o roteiro a vários estúdios e estes se recusarem. Mas Francis Ford Coppola nunca desistiu do projeto de filmagem, assumindo-o como produtor e diretor dez anos depois de ter rodado “O Poderoso Chefão” 1 e 2, ter ganhado oito Oscar e ficado milionário.

A esposa do cineasta Francis Ford Coppolla, Eleonor Coppola, conta toda essa loucura do esposo no set de gravação no documentário Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse, lançado em 1991, mostrando as tumutuadas filmagens do que foram os duzentos e trinta e oito dias de loucura nas selvas das Filipinas e Camboja, movidos por muita droga, medo, suicídios dos nativos, desejo de suicídio do próprio cineasta, que se via na iminência de ver seu grandioso projeto ruir, não seguir adiante por falta de verbas e a quase desistência do insano Coronel Walter E. Kurtz, interpretado pelo irascível Marlon Brando, que já havia recebido um milhão de dólares adiantado dos três milhões acertados com o diretor por três semanas de filmagens.

O resultado desta loucura insana está no documentário Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse, (Corações das Trevas: Apocalypse de um cineasta), onde os bastidores das filmagens assustam mais do que a Guerra do Vietnã.

Com as filmagens iniciadas em 1976, mas só terminadas em 1979, APOCALYPSE NOW honrou o produtor e diretor Francis Ford Coppola, porque além de ter recebido os Oscar mais importantes do cinema à época, até hoje é considerado um épico imbatível sobre a barbárie e loucura da guerra. Ademais: Ter empurrado uma pajacara de grosso calibre no rabo de todos os “críticos” de nota de rodapé de jornais da época, que projetaram o fracasso do filme antes mesmo do lançamento.

É “O horror!” É “O horror!”.

TRAILER OFICIAL DE APOCALYPSE NOW

CENAS DE LOUCURA DA GUERRA

4 pensou em “APOCALYPSE NOW – AS LOUCURAS DE UM CINEASTA GENIAL

  1. Texto muito bem elaborado e bem definido pelo cinéfilo de Carpina(PE), TAVARES. Pois bem!!! Nos finais dos anos 70 e começo dos 80, Francis Ford Coppola estava no auge de sua criatividade e genialidade. Além da versatilidade do magistral ator Marlon Brando apesar do Oscar fora ganho pelo bom ator coadjuvante Robert Duvall, a trilha sonora é muito mais interessante do que o próprio filme. A longo projeção de mais de 3 horas de APOCALYPSE NOW mostra já no começo da década de 80 a parafernália que vinha por aí no tocante a PIROTECNIA denominada dos tais efeitos especiais, pois tornou-se uma erva daninha no mundo cinematográfico nos dias de hoje. Não sei porque não tolero e tenho verdadeiro pavor a filmes de guerra (Aassisto-os por entender que arte é arte!!!), pois, há, no filme, muitas CENAS DESNECESSÁRIAS com excesso de pirotecnia produzida numa sala de 10 metros quadrados…..

    • Caríssimo cinéfilo Altamir Pinheiro:

      Também concordo com o mestre de filmes de faroeste, cowboy ou bang bang (NO ESCURINHO DO CINEMA) vem por aí!!

      Poucos são os filmes de guerra que nos deixaram uma boa impressão (“Nascido Para Mantar”; Glória Feita de Sangue”; “Platoon”; “O Resgate do Soldado Ryan”, apenas para ficar nesses que merecem créditos, que retratam a guerra cruenta, insana, desnecessária!

      Mas os filmes de faroeste, não! Esses, com exceção de nenhum outro na história da cinematografia universal, retrataram a Sétima Arte na tela do cinema.

  2. Cicero my Dear, wellcome to the club.

    Com este artigo meu caro Cicero, voce se integrou definitivamente no club
    dos cinéfilos , uma irmandade seleta mas muito prestigiada.

    Concordo plenamente com o cinéfilo Altamir Pinheiro, sobre gostar ou não de filmes
    de guerra. Eu também não sou fanático por tais filmes, mas existe, exceções,
    e Apocalypse Now é uma delas , não só pela sua qualidade artística e produção
    mas também pelo excepcional trabalho do elenco, ressalvando o ótimo trabalho
    dos atores e Martin Shenn que quase morreu durante as filmagens por motivos
    pouco esclarecidos, mas muito suspeitos etc…………. o que poderia levar a falência
    o término fo iilme, pois seria quase impossível recomeçar tudo novamente.
    A trilha sonora é uma preciosidade sem preço e só ela vale o filme inteiro.
    O trabalho de Marlon Brando, deixa muito a desejar, serve mais como chamariz
    para propaganda do filme, pois sua atuação é quase que descartável e
    poderia ser substituida por outro ator com menos starlight sem grande
    diferença no resultado final. A verdade é que o excelente ator já estava em decadência acentuada, inclusive com grande deformação corporal etc…

    O resultado final foi um grande filme, um épico de guerra que dificilmente será esquecido pelos cinemaníacos da época futura que saberão dar
    o devido valor a uma obra de arte em que o diretor joga à plateia
    os seus anseios e sua alma fustigada pela guerra idiota quer foi o
    palco da maior derrota de uma grande nação.

  3. Caríssimo mestre D.matt:

    Muitíssimo obrigado, Irmão, pela leitura do texto despretensioso e comentário esclarecedor.

    Na verdade, também nunca fui um apreciador de filme de guerra. Talvez só em quatro ou cinco deles os grandes diretores conseguiram imprimir os ritos e horrores das guerras insanas e sem sentido instigadas pelas mentes doentias dos homens.

    Minha curiosidade por “Apocalypse Now” estava adormecida e só veio a despertar agora (O LIVRO “NO ESCURINHO DO CINEMA” do Mestre dos filmes de faroeste Altamir Pinheiro nem foi lançado ainda, mas já faz parte desse interesse meu), tenha-me de despertado essa vontade e, sem querer querendo, assisti ao documentário “Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse”, feito pela esposa do genial cineasta Francis Ford Coppola narrando os bastidores desse grande filme que quase o levou ao suicídio. Talvez isso – o suicídio do diretor e consequentemente a não filmagem do longa, o que seria uma perca para a história do cinema – não tenha acontecido diante de um caminhão de problemas por que ele, o diretor, passou, porque levou toda família para o set. de filmagem!

    Isso com certeza lhe aliviou todas as tensões psíquicas. O documentário é um show à parte. Vale a pena assisti-lo! Com certeza o Mestre já assistiu e sabe por que estou escrevendo isso!

    Como está a saúde meu grande irmão do coração?

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