ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

A minha mãe pra mim é
Igual a Nossa Senhora,
Nas minhas vitórias ri,
Nas minhas derrotas chora,
Eu vou falecer por dentro
Quando ela morrer por fora!

Raimundo Nonato

Não encontro adjetivo
Para minha mãe querida
Ela é o ar que eu respiro
Meu mundo, minha guarida
A minha mãe não é Deus
Mas foi quem de deu a vida.

Francisco Chagas

Estão vendo esta velhiha
Enrolada no seu manto,
Com os olhos rasos d’água
Tomando banho em seu pranto?
Cantava quando eu chorava,
Hoje chora quando eu canto.

Elísio Félix da Costa (1915-1965)

Ao seu filho inocente
Eu sei que a mãe cuida e zela
Se estiver frio cobre
Com cobertor de flanela
Por mais que o filho faça
Não paga o que deve a ela.

Valdenor de Almeida

A Mãe do Céu tá brilhando
Igual à estrela d’alva,
A mãe da Terra amamenta
A criança preta ou alva;
A mãe da Terra almenta,
A Mãe do Céu é quem salva.

Antônio Nunes Fernandes

9 pensou em “AMOR MATERNO NOS VERSOS DOS REPENTISTAS

  1. Parabéns, Aristeu, pela belíssima postagem “AMOR MATERNO NOS VERSOS DOS REPENTISTAS”!

    Todas as sextilhas são lindas e muito verdadeiras.
    Destaco:

    “Não encontro adjetivo
    Para minha mãe querida
    Ela é o ar que eu respiro
    Meu mundo, minha guarida
    A minha mãe não é Deus
    Mas foi quem me deu a vida.

    Francisco Chagas”

    Feliz Dia das Mães, para as Mães que lhe rodeiam!

    Uma ótima semana! Muita saúde e Paz!

  2. Violante,

    Grato por seu comentário incentivador por selecionar estas sextilhas que homenageiam às mães por dedicarem um amor verdadeiro, leal e próximo do que todas as religiões professam.
    “Amor de mãe é a mais elevada forma de altruísmo”, esta frase de Machado de Assis inspira uma breve reflexão. Mãe é uma palavra tão pequena, singela e simples, entretanto sintetiza uma das maiores verdades do mundo. O simples resolve tudo, logo, ser mãe, é sinônimo de “Calma, tá tudo bem”. Eu vejo uma mulher forte mentalmente, viva, decidida, com brilho no olhar, logo penso: é mãe, mãe de verdade, mãe daqueles que ela ama, cuida, admira e protege. Mãe sabe o que diz, Mãe sabe o que pensa, Mãe pensa e faz.

    Aproveito esse espaço democrático para contar um episódio poético do poeta e repentista Manuel Xudu (1932-1985) sobre o amor do fillho quando a mãe já não está mais nessa existência:

    Uma tristeza e uma saudade infinita ficam depois que dizemos o último adeus a uma mãe querida. O repentista Manuel Xudu (1932-1985) descreveu essa dor com a suavidade dos seus versos quando, certa vez, foi desafiado a glosar o seguinte mote:

    Quem não tem mãe, tem razão
    De chorar o que perdeu.

    Xudu, então, improvisou de forma brilhante com versos que se eternizaram na memória dos que admiram a poesia pura do repente:

    Mamãe que me dava papa,
    Me dava pão e consolo,
    Dava café, dava bolo,
    Leite fervido e garapa.
    Uma vez, deu-me uma tapa,
    Mas depois se arrependeu,
    Beijou-me onde bateu,
    Desmanchou a inchação,
    Quem não tem mãe, tem razão
    De chorar o que perdeu.

    Desejo uma semana plena de paz, saúde e felicidade

    Aristeu

  3. Lindíssimo, o improviso do repentista Manuel Xudu (1932-1985), sobre o amor do filho quando a mãe já não está mais nessa existência::

    “Mamãe que me dava papa,
    Me dava pão e consolo,
    Dava café, dava bolo,
    Leite fervido e garapa.
    Uma vez, deu-me uma tapa,
    Mas depois se arrependeu,
    Beijou-me onde bateu,
    Desmanchou a inchação,
    Quem não tem mãe, tem razão
    De chorar o que perdeu ”

    Obrigada pelo compartilhamento, prezado Aristeu!

    Uma semana plena de paz, saúde e felicidade para você também!

  4. Muito justa este tributo poético às mães. O amor da mãe pode ser traduzido em uma palavra: doação! Falar desse sentimento é entender que ele é a mais completa forma de amor. As estrofes foram bem selecionadas e, considero a mais criativa, aquela dos versos do poeta e repentista Antônio Nunes Fernandes: A Mãe do Céu tá brilhando/Igual à estrela d’alva,/A mãe da Terra amamenta/A criança preta ou alva;/A mãe da Terra almenta,/A Mãe do Céu é quem salva.

    • Fernando,

      É gratificante receber um comentário com observações importantes sobre o valor das mães. Concordo que a mais completa forma de amor é o materno.Para homenagear as mães, muitos filhos compram flores e chocolate. Porém, a demonstração de amor pela mãe também pode ser feita através de mensagens em prosa ou versos. Envio um poema do poeta gaúcho Mário Quintana para o prezado amigo:

      Mãe

      Mãe… São três letras apenas
      As desse nome bendito;
      Também o céu tem três letras
      E nelas cabe o infinito.

      Para louvar nossa mãe,
      Todo o bem que se disser
      Nunca há de ser tão grande
      Como o bem que ela nos quer.

      Palavra tão pequenina,
      Bem sabem os lábios meus
      Que és do tamanho do céu
      E apenas menor que Deus!

      Saudações fraternas,

      Aristeu

  5. As mães são pessoas iluminadas e abençoadas que todo mundo deve prestar respeito e homenageá-las. Elas são exemplos de dedicação e força de vontade para enfrentar qualquer desafio para proteger sua família. Além disso, ser mãe não é uma tarefa tão fácil assim e com certeza exige muito delas essa responsabilidade. É por esse e outros motivos que as mães de todo o mundo merecem todo o carinho e respeito, gratidão e agradecimentos pelos esforços todos os dias. As sextilhas dos repentistas foram bem escolhidas para prestar homenagem às mães. Escolhi como minha estrofe preferida aquela dos belos versos pertencente ao poeta e repentista Francisco Chagas: Não encontro adjetivo/Para minha mãe querida/Ela é o ar que eu respiro/Meu mundo, minha guarida/A minha mãe não é Deus/Mas foi quem de deu a vida.

    • Messias,

      Grato por seu excelente comentário sobre o amor materno. Bom seria se todos os dias fossem o “Dia das Mães”, e os filhos não as abandonassem depois que crescessem ou constituíssem suas próprias famílias, nem as rejeitassem pelas consequências da idade que o tempo traz. Sou fã de um poema homenageando o amor das mães pelos filhos de Carlos Drummond de Andrade e compartilho com o prezado amigo:

      Para Sempre

      Por que Deus permite
      que as mães vão-se embora?
      Mãe não tem limite,
      é tempo sem hora,
      luz que não apaga
      quando sopra o vento
      e chuva desaba,
      veludo escondido
      na pele enrugada,
      água pura, ar puro,
      puro pensamento.
      Morrer acontece
      com o que é breve e passa
      sem deixar vestígio.
      Mãe, na sua graça,
      é eternidade.
      Por que Deus se lembra
      – mistério profundo –
      de tirá-la um dia?
      Fosse eu Rei do Mundo,
      baixava uma lei:
      Mãe não morre nunca,
      mãe ficará sempre
      junto de seu filho
      e ele, velho embora,
      será pequenino
      feito grão de milho.

      Saudações fraternas,

      Aristeu

  6. Mães são pessoas que não têm guerra que as façam desistir. Pessoas que não fogem de nenhum compromisso. Querem guerrear, levem uma mãe. Querem vencer, levem uma mãe. Coloquem sempre uma mãe à frente, que não haverá nenhuma bala que o atingirá. Não tem nada que uma mãe não possa enfrentar. A mãe não desiste nunca, a mãe tem todas as forças do mundo a seu favor. A mãe usa o maior escudo já existente: o amor!
    O artigo está ótimo porque todas as estrofes dizem algo belo sobre o valor de uma mãe. Tive dificuldade para eleger a sextilha que mais me sensibilizou, entretante cheguei a conclusão com estes versos do poeta e repentista Elísio Félix da Costa (1915-1965): Estão vendo esta velhiha/
    Enrolada no seu manto,/Com os olhos rasos d’água/Tomando banho em seu pranto?/Cantava quando eu chorava,/Hoje chora quando eu canto.

  7. Vitorino,

    É gratificante ler um comentário romântico sobre o valor de uma mãe. Sei muito bem que essa data de homenagear às mães tem sido utilizada pelo comércio para aumentar suas vendas, porém não desmerece as homenagens que devemos prestar a figura materna. Concordo com todos os seus argumentos, principalmente, quando diz que a mãe nunca desiste de ajudar e ficar ao lado do filho qualquer que seja a batalha enfrentada nesses tempos imprevisíveis. Compartilho um poema sobre mãe de Cecília Meireles com o prezado amigo:

    Vigília das Mães

    Nossos filhos viajam pelos caminhos da vida,
    pelas águas salgadas de muito longe,
    pelas florestas que escondem os dias,
    pelo céu, pelas cidades, por dentro do mundo escuro
    de seus próprios silêncios.

    Nossos filhos não mandam mensagens de onde se encontram.
    Este vento que passa pode dar-lhes a morte.
    A vaga pode levá-los para o reino do oceano.
    Podem estar caindo em pedaços, como estrelas.
    Podem estar sendo despedaçados em amor e lágrima.

    Nossos filhos têm outro idioma, outros olhos, outra alma.
    Não sabem ainda os caminhos de voltar, somente os de ir.
    Eles vão para seus horizontes, sem memória ou saudade,
    não querem prisão, atraso, adeuses:
    deixam-se apenas gostar, apressados e inquietos.

    Nossos filhos passaram por nós, mas não são nossos,
    querem ir sozinhos, e não sabemos por onde andam.
    Não sabemos quando morrem, quando riem,
    são pássaros sem residência nem família
    à superfície da vida.

    Nós estamos aqui, nesta vigília inexplicável,
    esperando o que não vem, o rosto que já não conhecemos.
    Nossos filhos estão onde não vemos nem sabemos.
    Nós somos as doloridas do mal que talvez não sofram,
    mas suas alegrias não chegam nunca à solidão de que vivemos,
    seu único presente, abundante e sem fim.

    Saudações fraternas,

    Aristeu

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