XICO COM X, BIZERRA COM I

Meu amigo relaciona as tarefas do dia. São coisas que já faço há muito tempo. Mato o mato e rego a flor desde que o cão era menino. E olha que o cão já está na boa idade. Mas cumpro minha rotina diária falando sozinho e repetindo as sílabas difíceis da palavra felicidade. Seco as garrafas de dor e as encho de um verde-água que lembra a ausência. Mas a saudade é da boa e deixo que ela prevaleça sobre qualquer pensamento ruim. Vadio por estradas coloridas e converso com todos os besouros que encontro e, às vezes, brinco de roda com as borboletas preguiçosas que só pensam em voar. Elas querem me ensinar a arte do voo, mas tenho medo de altura e prefiro não arriscar. Um dia, talvez, aprenda e saia plainando por aí pelo alto do mundo. Terminadas as tarefas do dia, imitando o meu amigo, aprumo o corpo na rede vermelha e me embrulho com um lençol de cambraia branquinho e cheiroso para não permitir, de jeito nenhum, a fuga dos sonhos bons. Por via das dúvidas, aviso aos Deuses que moro aqui, logo depois da ladeira onde o sol inventa a luz. É longe, mas é bem ‘pertim’. A Paz nunca erra o endereço.

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