JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

Foto: página da CNM – Confederação Nacional de Municípios

Mote de Geraldo Amâncio:

Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

Na porteira o chiado está mais triste
O chocalho não tem voz, está calado
O gibão, coitadinho, abandonado
Só se apega a saudade que existe.
O acauã, bem magrinho, ainda insiste
Agourando a má sorte, vida ingrata
Toda cinza a caatinga, assim retrata
Falta chuva, e nesse pobre desenredo
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

Moribundo, olho, pelo, carne e osso
O jumento foi jogado à própria sorte
Sem rinchar esperando só a morte
Já não tem mais nem força no pescoço.
Morreu tudo no caminho até o poço
E na sombra do mourão um vira-lata
Sob o choro, feito aboio, da beata
Vai morrendo num buraco desde cedo
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

4 pensou em “ABOIO DE BEATA

  1. Jesus de Ritinha,

    A seca é triste! Desolação total!

    A glosas retratas retratam com precisão o castigo da seca!

    Valeu, grande Poeta!

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