A PALAVRA DO EDITOR

A vida para milhares de brasileiros é dureza. Essa gente, completamente desassistida, forma um contingente de 54 milhões de pessoas que diariamente é obrigado a comer o pão que o diabo amassou. Por incrível que pareça, o salário médio dessa gente não passa de R$ 406 por mês, em média. Esdrúxula quantia.

Jogado às traças, o cidadão integrante da faixa de pobreza sofre pra burro. É vítima da recaída dos indicadores sociais. É escravo da linha de carência, onde falta tudo. Tem péssima renda, improvisa a moradia, muitas vezes construída à base de papelão. É um ser desprezado pela política que só aparece na hora de pedir voto. Mas, depois das eleições foge da raia, como bandido, na fuga para escapar da polícia.

Afinal, são 27 milhões de pessoas se escondendo em casebres, sem banheiro e saneamento público no local. Com a ausência de recursos, a pobreza é obrigada a aceitar um ensino completamente desqualificado para os filhos. Enquanto isso, nos municípios é comum o descobrimento de desvios de recursos púbicos.

A descoberta de fraudes no Bolsa Família inquietou porque políticos e famílias ricas, com carrões na garagem, se beneficiavam do programa destinado aos pobres. Peixes grandes, comendo por debaixo do pano o dinheirinho do pobre, sem ter direito ao programa, lógico.

Juntando todas as maracutaias, descobre-se o verdadeiro motivo do país encontrar-se lascado. Com o pé atolado na lama. A causa é desonestidade. Como tem despudor neste Brasil imenso.

Desde 2014, a economia brasileira sofre desarranjos. Os dados de crescimento são vergonhosos. Houve desaceleração econômica no período, a recessão prejudicou os setores produtivos, fortalecendo as crises. Os reflexos são desemprego, redução do número de vagas no mercado de trabalho, o consequente aumento da informalidade, a subtilização da força de trabalho e a natural queda na renda. Tanto de assalariados, quanto de autônomos.

Por isso, a quantidade de pobres aumentou bastante no país, desde 2015. Em 2016, haviam 52,8 milhões de pessoas pobres. No entanto, em 2017, o quadro passou para 54,8 milhões. A taxa pulou de 25,7% para 26,5%. É tanta gente pobre e desassistida que dá pena.

Enquanto isso desembargadores de Pernambuco recebem mais de um milhão de salário acumulado. Como presentaço de Natal. São esses fatos estranhos e negativos que enchem de tristeza a população sensata. A estupidez arranha a imagem do país.

Realmente, a situação reinante é de estarrecer. Enquanto isso, as caras mordomias enchem o papo de ministros da Corte Superior, de instâncias inferiores e de parlamentares que não movem uma palha sequer, nem em pensamento, para minorar o sofrimento da pobreza crescente.

No Brasil, muitos estados registram altos índices de pobreza extrema. Dos 13 milhões de pessoas, vivendo em situação de miséria, muitos vivem no Piauí, Maranhão, Paraíba e até no Rio de Janeiro. Enquanto não houver sinais de crescimento, o cenário brasileiro permanecerá desanimador e tristonho.

Um grave problema que atrapalha a solução de muitos problemas nacionais é a forte vinculação entre a economia e a política de quinta categoria que, em vez de ajudar a levantar o país da desgraceira, implanta é mais incerteza para desvirtuar o prumo do ambiente. País algum consegue trabalhar direito se a insegurança jurídica é um calo seco a atormentar os programas traçados.

As consequências dos desentendimentos políticos recaem sobre a fuga de investidores, acentua as desigualdades socioeconômicas, afeta o ingresso no ensino superior, atormenta o graduado, recém-saído da faculdade, a encontrar vaga no mercado de trabalho, atualmente super fraco. Então, desestimulada, muita gente improvisa moradias debaixo de marquises para fugir do calor do sol e da umidade da noite.

Esses três anos que passaram, de 1915 a 1917, foram terrivelmente cruéis para boa parte da população brasileira. Açoitado, o cidadão perambulou sem destino, procurando abrigo e apoio, inutilmente. Muitos dos desempregados, perdidos e desorientados, não encontram escora em canto algum para se apoiar. Engolidos pelo desconforto.

O esquema do radicalismo e arrogância não é a recomendação ideal para consertar o país. Muito pelo contrário, o efeito é totalmente prejudicial. Traz sérias consequências negativas. Agita geral, inflama a massa, acentua as provocações, perturba a ordem, leva a confrontos, incita o vandalismo e o quebra quebra nas ruas, induz os manifestantes a incendiar ônibus. Enfim, transforma vias públicas em verdadeiras praças de guerra.

Um detalhe que desperta atenção no quadro das desigualdades, refere-se ao acesso no ensino superior. Dos alunos oriundos do ensino médio na rede pública, apenas 35,9% chegam à universidade.

Enquanto do contingente de estudantes preparados pela rede privada, a dos bacanas, 79,2% conseguem se matricular no ensino superior. A desigualdade prova que a qualidade do ensino na rede pública anda precaríssima. Bem abaixo das necessidades do conhecimento. Os sinais de decadência, revelam que o ensino brasileiro precisa melhorar bastante.

Como o Brasil é um país pobre, dificulta erradicar a pobreza e a fome em poucos anos. O primeiro passo para dar a volta por cima é manter a renda dos mais pobres numa média superior ao crescimento da média nacional.

No entanto, a Índia deu um belo exemplo. Numa década apenas, de 2006 e 2016, o grande país da Ásia Meridional tirou 271 milhões de pessoas da linha de pobreza.

Todavia, o desconforto é saber que o Brasil tem o desprazer de acomodar enorme população em situação de pobreza extrema superior à soma dos pobres que vivem na Bolívia, Bélgica, Grécia e Portugal.

A iniciativa do garoto Alan Moreira, 9 anos, de São Carlos-SP, devia servir de exemplo. A carta que endereçou a Papai Noel, pedindo ajuda para a família foi massa. Bastou viralizar numa rede social para obter tremendo sucesso.

A sociedade também devia ser determinada. Confiante na lenda do bom velhinho, a população deveria se unir para cobrar do excessivo quadro de parlamentares insensíveis, aquela forcinha para tirar o Brasil da lama. Todavia, sensatez é justamente o que mais falta na cabeça desmiolada do político brasileiro.

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