PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Triste e espantado, sem sorriso algum,
Diz, frente ao espelho (velho amigo seu):
– Não, não me diga, de jeito nenhum,
Que tudo passa e que esse aí sou eu…

Quem foi que disse que esse vulto é meu?
Que eu virei “isso”… e que nós somos um?
Por que meu riso, que era tão comum,
Do seu semblante desapareceu?

Será um sonho, um pesadelo, enfim…
Ou foi a idade que passou por mim?…
Responde o espelho: – Disse muito bem!

Por que o tempo, esse carrasco mudo,
Que a todos muda e que transforma tudo,
Não passaria por você também?

José Rufino da Costa Neto, o Dedé Monteiro, pernamucano de Tabira

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