A gente só tem saudade
De quem vai e não vem
Eu vivo com a saudade
Graças a Deus, vivo bem
Quando a saudade morrer
Eu quero morrer também.
Rogério Menezes
Não é como explosão
Que destrói qualquer um prédio
É parecida com banzo
E é quase irmão do tédio
É um mal desconhecido
Que ninguém achou remédio.
Ivanildo Vila Nova
Em todo canto que for
Tem uma saudade atrás
O neto sente do avô
O filho sente dos pais
A gente só sente saudade
Daquilo que não tem mais. .
Raulino Silva
Nosso amor é um segredo
Só quem sabe é eu e ela
Mas como eu fui proibido
De viver ao lado dela
Fiz da saudade um correio
Pra trazer notícias dela.
Manuel Pedro Clemente (1921-2014)
Saudade quando se cria
No peito da criatura
A gente morre sofrendo
E do remédio a procura
Rezadeira não descobre
A medicina não cura.
João Lourenço
Houve uma coincidência de ler sobre saudade e uma melancolia dos tempos que não voltam mais.Dentre todos os meus sentimentos diários, a saudade é a maior das companheiras. Sinto saudade o tempo todo. Dos cheiros, dos gostos, dos lugares e dos sorrisos. Uma nostalgia quase sufocante. Sei que no fundo, tenho saudade de mim mesmo, do que fui, e que hoje não me permito mais ser. Mas reflito e concluo, a verdade me conforta. Infeliz aquele que não sente saudade. Desculpe o desabafo. A sua seleção de estrofes é da melhor qualidade, entretanto uma me impressionou pela beleza: Saudade quando se cria/No peito da criatura/A gente morre sofrendo/E do remédio a procura/Rezadeira não descobre/A medicina não cura.
Vitorino,
É gratificante receber um comentário em prosa poética. Gostei demais da conta. O seu texto diz em poucas palavras o sentido da saudade. Gentileza gera gentileza, então, compartilho um poema sobre saudade de Clarice Lispector com o prezado amigo:
SENTIMENTO URGENTE
Saudade é um pouco como fome
Só passa quando se come a presença
Mas, às vezes, a saudade é tão profunda que a presença é pouco
Quer-se absorver a outra pessoa toda
Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira
É um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Saudações fraternas,
Aristeu
Pois é Aristeu como diria Neymar eu estou sentida saudade até do que, ainda, não fiz.
Maurício Assuero,
Grato por seu comentário sobre a frase atribuída a Neymar. Saudades do futuro é uma imagem literária que pode ser encontrada na obra de alguns poetas e escritores, modernos e contemporâneos, artesãos da língua portuguesa. Em alguma medida cada qual é aprendiz do mestre Fernando Pessoa, esse poeta português que se desdobrou em tantas almas, a produzir metáforas que revelam as múltiplas faces das angústias e dos sonhos do homem moderno. Talvez tenha sido ele dos primeiros a expressar esse sentimento de saudade do que ainda não nos foi dado a conhecer. E por falar em saudade, aproveito para compartilhar uma sextilha Antônio Pereira(1891 – 1982), o poeta da saudade, com o prezado amigo:
Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem distorcendo num sai.
Saudações fraternas,
Aristeu
Aristeu;
Acredito que a saudade é um sentimento que nos faz lembrar que vivemos bons momentos em cada etapa de nossa caminhada.
Acontecimentos que vivemos e que guardamos em algum lugar secreto, que por vezes nos vem a mente.
Escolhi:
Nosso amor é um segredo
Só quem sabe é eu e ela
Mas como eu fui proibido
De viver ao lado dela
Fiz da saudade um correio
Pra trazer notícias dela.
Feliz semana aos leitores JBF.
Abraços,
Carmen.
Carmen,
Muito obrigado por seu valioso comentário.Segundo o dicionário, a saudade é um sentimento nostálgico provocado pela distância de (algo ou alguém), pela ausência de uma pessoa, coisa e local, ou ocasionado pela vontade de reviver experiências, situações ou momentos já passados. Ela é um sentimento momentâneo, porém pode tornar a sentir novamente em algum outro determinado momento. A saudade pode gerar sentimento de angústia, insatisfação, nostalgia e tristeza, porém quando “matamos a saudade” geralmente sentimos alegria.
Aproveito a ocasião para compartilhar uma sextilha de Antônio Pereira(1891 – 1982), o poeta da saudade, com a prezada amiga:
“Saudade depois de morta
Inda nasce eu dou a prova,
Quem duvidar plante e faça
Um fogo em cima da cova
E com três dias vá vê
Se a saudade não renova.”
Saudações fraternas,
Aristeu
Porra, Aristeu, aí foi phodda… Sancho sofre destes versos: Saudade quando se cria/No peito da criatura/A gente morre sofrendo/E do remédio a procura/Rezadeira não descobre/A medicina não cura.
Sim, o meino que fui um dia sofre estes versos ao perder o grande amigo e pai quando tinha apenas treze anos. Êia sofrência que nunca teve cura.
Abraço gigante e beijo em bosso coração.
Sancho Pança,
Muito obrigado pelo seu excepcional comentário. A saudade é a presença da ausência. O desejo de alguma coisa ou de alguém de quem nos lembramos com carinho, mas que sabemos que será difícil voltar a sentir. Um profundo estado emocional que mistura as tristezas com os afetos para nos deixar o sabor agridoce daquilo que nunca vai chegar, mesmo quando mantemos a esperança viva.
Compartilho um poema de Carlos Drummond de Andrade – elaborado após a morte de sua filha – com o prezado amigo:
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Saudações fraternas,
Aristeu
Parabéns pela rica postagem, prezado poeta e pesquisador Aristeu!
A saudade é um sentimento de melancolia, causado pela ausência temporária ou definitiva de pessoas, coisas ou lugares, aos quais estamos ligados afetivamente É um sentimento típico das pessoas sensíveis, que sabem o que é o amor.
Gostei muito do tema escolhido por você, “SAUDADE NOS VERSOS DOS REPENTISTAS”. , Todas as sextilhas são lindas, principalmente:
Não é como explosão
Que destrói qualquer um prédio
É parecida com banzo
E é quase irmão do tédio
É um mal desconhecido
Que ninguém achou remédio.
Ivanildo Vila Nova
Um grande abraço e uma ótima semana!
Violante,
Grato por seu excelente comentário com observações importantes de quem possui sensibilidade poética. Nenhuma palavra em outra língua é capaz de unir ao mesmo tempo o sentimento de uma lembrança alegre que também é dolorida. Um sentimento que a cultura portuguesa identificou, expressando-a através da bela palavra saudade.
Sentir saudades não é apenas sentir falta, mas também transcender esse sentimento para tomar consciência da importância que determinadas pessoas e definidos momentos tiveram nas nossas vidas. É saber que nada será igual ao momento anterior e às experiência compartilhadas.
Aproveito a oportunidade para compartilhar uma sextilha sobre saudade de Antônio Pereira(1891 – 1982), o poeta da saudade, com a prezada amiga:
Saudade é a borboleta,
Que não conhece a idade.
Voando, vai lá, vem cá,
Misteriosa, à vontade.
Soltando pelo das asas,
Cegando a humanidade.
Saudações fraternas,
Aristeu
Obrigada, Aristeu! Gostei muito da sextilha de Antônio Pereira, o poeta da saudade.
Um abraço pelo dia do amigo!
Muita Saúde!